29/11/2004
Diversificação: Multimercados têm perdas com a oscilação de ativos
Juros e câmbio afetaram os fundos ao inverterem a tendência durante o ano; ganho passado gerou ilusões
JULIANA ALMEIDA
Free lance para a
Folha
O ano de 2004 está sendo muito mais difícil do que o anterior para a categoria de fundos denominada multimercados. Houve maior oscilação de indicadores - como taxa de juros e dólar- que mudaram sua tendência ao longo do período. Por isso, muitos fundos da categoria apresentaram rentabilidade negativa. Em média, no entanto, acumularam um ganho de 14,4% até o dia 19 de novembro, segundo o site Fortuna.
De acordo com Marcelo D'Agosto, diretor do site, em 2003 a tendência era constante e apontava para um cenário de juros altos, o que facilitou a vida dos gestores. Alguns fundos chegaram a render 200% do CDI sem recorrer a mecanismos mais sofisticados. Mas isso não reflete a realidade de um mercado maduro. Os multimercados são fundos em que o investidor pode esperar um ganho maior, ao mesmo tempo em que corre mais risco.
"Os prêmios absurdos pagos no ano passado chegaram a iludir muita gente, que achava possível ter uma rentabilidade alta com oscilações praticamente nulas", afirma Carlos Otero, diretor de renda fixa da Bradesco Asset Management (BRAM). Segundo ele, o próximo ano deverá ser mais parecido com 2004 do que com 2003. Portanto, o investidor deve redobrar a cautela ao escolher o gestor para seu patrimônio.
Diversificação
Os multimercados são vistos pelos especialistas como uma boa alternativa para diversificação de recursos, desde que numa proporção adequada. Moacyr Castanho, superintendente de fundos de investimento do banco Itaú, por exemplo, recomenda que um investidor moderado (que busca segurança nos investimentos, mas aceita correr algum risco) poderia ter 5% de seu dinheiro aplicado em fundos multimercados.
Um cliente arrojado (que aceita correr mais riscos para ter ganhos adicionais no médio e longo prazos) poderia subir esse percentual para 10%, o mesmo que deveria ser mantido para quem se encaixa no perfil agressivo (que conhece bem o funcionamento do mercado e aceita oscilações no curto prazo em busca de ganhos maiores no futuro).
Entre os multimercados também valerá a nova denominação de fundos de curto e de longo prazo. Assim, novos produtos devem surgir nos próximos meses, aumentando o leque de opções para os aplicadores.
FRASE |
"Os prêmios absurdos pagos no ano passado chegaram a iludir muita gente, que achava possível combinar uma rentabilidade alta com oscilações praticamente nulas" |
CARLOS OTERO diretor de renda fixa da Bradesco Asset Management |
Apostando na queda de juros no longo prazo, a Quest Investimentos lançou o Quest30FIF, um fundo de prazo mais longo para quem tem uma quantia razoável para aplicação (R$ 100 mil) e não precisará do recurso em breve. A carência para depósito em conta é de 30 dias a partir da data de pedido do resgate. "O cliente abre mão da liquidez diária em busca de uma rentabilidade maior", explica Luiz Carlos Mendonça de Barros, estrategista da Quest.
Para fazer a melhor escolha dentro da categoria, o investidor deve primeiro buscar informações sobre a experiência do gestor e sobre a solidez do administrador e do custodiante.