30/07/2004
Marcha atlética: Vaga no rebolado
por
LÚCIO RIBEIRO
Alexandre Schneider/ Folha Imagem |
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Alessandra Picagevicz
idade 20
altura 1,68 m
peso 52 kg
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Para um atleta chegar ao sonho de disputar os Jogos Olímpicos, principalmente num país como o Brasil, é preciso rebolar bastante. A paranaense Alessandra Picagevicz rebola duas vezes.
Prodígio do atletismo nacional, a garota de 20 anos embarca para Atenas-2004 como a primeira brasileira na marcha atlética, aquele andar apressado em que é preciso forçar o rebolado. Há 11 anos em Blumenau, Santa Catarina, a "terra da marcha atlética", Alessandra aparece na Olimpíada quatro anos adiantada.
"Eu nem sonhava ir para Atenas, minha meta era 2008. Tinha na minha cabeça que este seria um ano de adaptação", conta. Até o ano passado, Alessandra era juvenil e marchava entre meninas, num percurso de 10 km. Agora está no adulto, entre as "feras", e passou a marchar 20 km.
A primeira vez que atingiu a marca olímpica foi no Sul-americano no Chile, em abril. "Era a minha segunda prova entre os adultos. Foi surpresa para todo mundo", lembra. Pouco depois, no Campeonato Estadual de SC, em Itajaí, melhorou o tempo e carimbou o passaporte.
Embora tenha cara de esporte novo, pelo menos para a maioria dos brasileiros, a marcha atlética tem sua origem na Inglaterra do século 17. Na virada para o século 20, o esporte foi modernizado quando o americano Edward Payson Westonjá, então com 71 anos, atravessou os EUA a pé, em 88 dias. Em 1908, virou esporte olímpico.
Na vida de Alessandra, chegou aos 14 anos. "Por algum motivo, a marcha é bastante conhecida em Santa Catarina, faz parte das aulas de educação física das escolas, até. Eu comecei brincando numa dessas aulas, de farra, e o professor disse que eu levava jeito. Não parei mais."
Seis títulos sul-americanos e um ouro no Pan Juvenil depois, Alessandra se sente abençoada por ter cruzado os caminhos da marcha olímpica. "Hoje eu vivo da marcha atlética. Meu patrocínio banca minha faculdade e meu aluguel, já que eu moro sozinha para treinar. Minha vida é treinar e estudar." Tem treinado seis horas por dia, seis dias por semana. Fora a musculação.
Por mais que o rebolado típico do esporte chame a atenção, Alessandra treina suas caminhadas gingadas nas ruas de Blumenau. E não encontra problemas, segundo ela. "Aqui é normal. Todo mundo sabe o que é a marcha atlética e respeita, o povo até incentiva. Claro, tem uns caras que mexem. Mas não são daqui da região."
jogo rápido
dieta
A melhor dieta é comer tudo o que é saudável, sem exageros e abusos.
amuleto
Minha Bíblia.
um medo
Da solidão. Gosto de ter muita gente ao meu lado.
futuro
Ganhar mais títulos. Já me considero uma vencedora, mas sonho com mais.
sonho
Meu sonho sempre foi ir para a Olimpíada. Agora, sonho com a chance de ganhar uma medalha.
ídolos
Joaquim Cruz (corredor) e Robert Scheidt (velejador).
pior momento
Toda vez que perco uma prova. E também no ano passado, quando machuquei o joelho e tive de passar por uma cirurgia.
melhor momento
Quando consegui o índice olímpico ao vencer o Estadual.