30/07/2004
Natação: Sai um
por
DEBORAH GIANNINI
Alexandre Schneider/ Folha Imagem |
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Gustavo Borges
idade 31
altura 2,03 m
peso 97 kg
pés 47
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É raro quem não dê uma paradinha no corredor que dá vista para a piscina no Projeto Acqua, em São Paulo, para ver Gustavo Borges, 31, de perto. Sem touca e cravando braçadas longas e precisas --afinal, são 2 m e 27 cm de uma mão à outra--, o medalhista olímpico se torna facilmente reconhecível.
Doze anos após sua estréia olímpica, quando ultrapassou nos 100 m livre seu então ídolo, o norte-americano Matt Biondi, Borges dá nestes Jogos seu adeus às raias. Único brasileiro a subir ao pódio em três Olimpíadas seguidas --foi prata em Barcelona (1992), prata e bronze em Atlanta (1996) e bronze em Sydney (2000)--, Gustavo não tem mais ídolos; agora, eles são seus rivais. Também não tem mais fome de medalhas, depois das mais de 500 ganhas.
"Há quatro anos venho me preparando para deixar a piscina. Pela parte física daria para continuar, mas quero entrar no ciclo mais empresarial, cuidar do que eu já tenho, crescer", afirma ele.
Casado há cinco anos com a ex-nadadora espanhola Barbara Franco, dois filhos (Luiz Gustavo, 5, e Gabriela, 2), o nadador tem uma academia com unidades em Curitiba e São Paulo (a Gustavo Borges Natação & Fitness), três bares (Favela 1, 2 e Swahili) e uma escola de idiomas na capital. Também promove palestras para executivos, já lançou um livro ("Lições da Água", Editora Gente) e organiza um troféu para atletas amadores.
Depois de Atenas, o nadador deverá ocupar o cargo de diretor de natação da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e já é apontado como o provável sucessor do atual presidente, Coaracy Nunes Filho, cujo mandato se encerra em 2008.
Sua quarta e última Olimpíada lhe reserva experiências inéditas. Uma delas será desfilar na abertura dos Jogos. "Das outras vezes não participei porque nadava no dia seguinte, mas, desta vez, minha prova é dois dias depois."
Sabe que não vai ser fácil conseguir uma medalha. Embora tenha alcançado índice olímpico na prova dos 100 m livre, o paulista de Ribeirão Preto optou apenas por competir no revezamento 4 x 100 m --onde tem chance de vitória, diz ele.
Borges se lembra bem de sua estréia nos Jogos. Principalmente da véspera. "Passei a noite meio em claro, ansioso, e acordei no dia seguinte psicologicamente abalado. Fui para a competição e peguei só o 22º lugar na prova de 200 m nado livre, em que eu tinha chance de chegar à final. Para mim, foi uma estréia dura", conta. O pesadelo acabou em final feliz, com a prata, no terceiro dia. É o mesmo final que ele deseja ao estreante deste ano, Thiago Pereira.
jogo rápido
amuleto
Não tenho.
medo
Não tenho.
nada por dia
No máximo 12 km.
recorde sem nadar
Três meses. Há momentos em que você tem que relaxar, sumir do esporte e voltar com energia.
melhor momento
Quando pude comemorar a medalha dentro d'água, na Olimpíada de 96. Na anterior, em Barcelona, o placar de chegada não funcionou e só festejei meia hora depois.
piores momentos
Dois: no começo da Olimpíada de 92, em que eu estava muito nervoso e nadei mal, e no Pan-Americano de Winnipeg (99), quando a cordinha que sinaliza saída em falso foi solta na hora errada e caiu na minha cabeça, me prendendo.
piscina boa é...
Aquela em que você nada bem. Há algumas de péssima qualidade em que se batem recordes mundiais. Então, para aquele recordista, a piscina era boa.