25/10/2004

Produtos: Assessoria financeira tenta "fisgar" clientes

PEDRO CORRÊA
Free lance para a Folha

Com flexibilidade de aplicações e novas regras tributárias, instituições apostam na orientação ao investidor como diferencial

FRASE

A flexibilidade permitida pela conta-investimento e a complexidade da nova lei do IR sobre as aplicações valorizarão a assessoria financeira prestada pelo gerente de conta

JÚLIO ZIEGELMANN superintendente de gestão de fortunas do Bank Boston

A conta-investimento traz uma ajuda enorme para o investidor, mas não traz grande vantagem em termos de ganho

Marcos Buckton diretor de Captação do Unibanco

A conta-investimento está longe de acirrar a competitividade entre os gestores de fundos de investimento e, como conseqüência, causar uma redução nas taxas de administração, que podem pesar bastante na escolha de uma aplicação financeira.

A criação de novos produtos ainda é tímida e pouco difere do que já existe, como poupança integrada à conta-investimento e fundos com devolução da CPMF após um período de carência.

Júlio Ziegelmann, superintendente-executivo de Gestão de Fortunas do Bank Boston, afirma acreditar que o grande diferencial que os bancos oferecerão aos clientes, daqui para a frente, é a assessoria financeira.

"A flexibilidade permitida pela conta-investimento e a complexidade que se desenha com a nova lei do Imposto de Renda sobre as aplicações valorizarão ainda mais a assessoria financeira prestada pelo gerente de conta, além, claro, da qualidade dos produtos e serviços", diz ele.

Produtos

Como as demais instituições, o Banco do Brasil lançou produtos como a poupança ligada à conta-investimento e fundos com devolução da CPMF após certo prazo. O banco também aposta em programas de treinamento para os gerentes de relacionamento, além da Central do Investidor, que esclarece dúvidas por telefone.

No ABN Anro Real, além da poupança integrada à conta-investimento, foram criadas duas modalidades de fundo, ambos de curto prazo, destinados a aplicar automaticamente os recursos enquanto o cliente aguarda um débito na conta corrente ou avalia a melhor estratégia para suas aplicações na conta-investimento.

"Esses produtos evitam que os recursos fiquem parados tanto na conta-investimento como na conta corrente", diz Elisabeth Lerner, superintendente de Produtos do ABN Amro Asset Management.

Marcos Villanova, diretor da área de investimentos do Bradesco, afirma que a família de fundos foi reformulada para atender aos diversos perfis de investidor, possibilitando escalonamento dos valores de ingresso.

Na grade de produtos também há aqueles específicos para ressarcimento da CPMF após dez dias de aplicação destinada ao pequeno poupador, cujo valor mínimo de ingresso é de R$ 100. Para quem investir no mínimo R$ 5.000 o reembolso da CPMF ocorre após 90 dias de aplicação. Villanova também diz acreditar que não é hora de baixar custos de administração. "Nossas taxas são competitivas e atendem à demanda de todos os segmentos", diz.

No Itaú, o foco hoje é municiar os gerentes com manuais e treinamento sobre investimentos. Segundo Moacyr Castanho, superintendente de fundos de investimento, outra preocupação é providenciar a certificação da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) para gerentes focados em investimento.

Marcos Buckton, diretor de Captação do Unibanco, diz que "a conta-investimento traz uma ajuda enorme para o investidor, ao permitir maior mobilidade dos recursos, mas não traz grande vantagem em termos de ganho".

O Unibanco, porém, aproveita o momento para alavancar a tradicional poupança, lançando uma modalidade dessa aplicação ligada à conta-investimento, o Superpoup, com movimentação livre após 30 dias, sem data de aniversário. Para comodidade do investidor, o sistema eletrônico do Unibanco indica a conta da qual o cliente pode resgatar ou aplicar sem pagar CPMF.