13/09/2004
"Quem não tem horário fixo trabalha mais"
da Reportagem Local
Pelas pilhas de documentos que ocupam boa parte da mesa do promotor José Carlos de Freitas, tem-se uma idéia do volume e do tipo de trabalho que ele desempenha.
Apenas um dos 230 casos que ele comanda atualmente ocupa 68 volumes, colocados em cima de um armário em sua sala. Isso sem contar os outros sete volumes levados para sua casa, onde também acaba trabalhando. "Minha casa acabou virando uma extensão do trabalho. Às vezes, preciso de concentração para estudar um caso, sem telefone tocando, sem gente entrando na sala."
Por isso, apesar de não ter horário para entrar e para sair, ele acaba estendendo a jornada de trabalho. "Quem não tem horário fixo acaba trabalhando mais, porque leva serviço para casa." De certa forma, segundo ele, nem durante o sono consegue se desligar dos processos. "Acontece de eu acordar de madrugada e encontrar a solução para um problema que tinha estudado durante horas."
Esses estudos, muitas vezes, levam tardes inteiras apenas para ler as informações que servirão de base para as decisões do promotor, como um arquivamento do processo ou uma ação civil. "Às vezes, passo uma tarde inteira em cima de documentos e não consigo nem terminar de ler. É preciso um bom tempo de ruminação dos dados, para pensar nas estratégias, na jurisprudência."
Além dos laudos técnicos, e das outras informações de cada caso, ele também tem de estudar a legislação que trata do assunto. Como as leis podem ser desde municipais até federais, acompanhar as mudanças já é um trabalho e tanto. "A maior dificuldade é conhecer a legislação e as mudanças. A internet ajuda, mas nem tudo é colocado nos sites oficiais."
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