moda / coleções verão 2005



o sonho da moda

escapismo, sexo e brasilidade reforçam auto-estima fashion

A temporada de lançamentos de verão 2005 realizada em São Paulo e Rio nos meses de junho e julho confirma, mais do que as tendências para a estação, o crescimento da moda como cultura, como parte da vida da sociedade brasileira. Nesse sentido, permanece sua função escapista, em que os desfiles proporcionam momentos de beleza (as bonecas multicoloridas de Alexandre Herchcovitch); de transcendência (o tropicalismo folk de Ronaldo Fraga); de diversão (a fervida batucada do desfile da Rygy, no Rio, com 300 participantes na passarela) e até mesmo de reflexão filosófica, quando Karlla Girotto usou a moda para discutir a passagem do tempo e a feminilidade, colocando suas personagens para dormir nos jardins do Museu de Arte Moderna (a incrível imagem acima). Tivemos sexo, com a nudez da playmate Pietra na V.Rom, e religião, no desafiador look muçulmano de Lorenzo Merlino, capa desta edição, com os belos olhos da modelo Luciana Curtis.

O melhor de tudo? Perceber que, mesmo em tempos de crise, cresce a auto-estima fashion, com elementos da brasilidade desdobrados de diferentes maneiras -nas inspirações, no modo de mostrar e, principalmente, em como corporificar a sensualidade e o savoir-faire do verão.

O artesanal e o étnico ajudam a contar a história desta temporada, feita de tendências tão díspares como o futurismo e o burlesco, o ultrafeminino e o masculino, os anos 50 e os 70. A liberdade, enfim, consagra-se para o próximo verão.

Taí um sonho de que ninguém quer acordar.

erika palomino

fotos backstage andré passos / passarela silvia boriello / jefferson coppola/folha imagem