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moda / masculino
mais liberdade para os homens
formas soltas e relaxadas marcam coleções
Colorido, descombinado, futurista, lisérgico, cool e relaxado, o homem do verão se enquadra na tendência escapista do momento. "Inconscientemente, existe um desejo de fugir desta realidade, que não está fácil", diz o estilista carioca Maxime Perelmuter, da British Colony, que fez o desfile masculino mais criativo da temporada brasileira, juntando futurismo, surfe e rock'n'roll.
A nova brincadeira é de contrastes, privilegiando mesmo o crash: listras com flores, xadrez com bordados, florais com estampas animais. "É o 'mix and match' (misturar e combinar); brincadeira com 'mismatch', que quer dizer descombinar", traduz Mario Queiroz. Sua coleção mistura pássaros, flores e cores.
Em Alexandre Herchcovitch, que homenageou o Dia dos Mortos do folclore mexicano, o mix traz ainda xadrez (caubói, escocês ou grunge), listras, bordados e splash de cores com suas tradicionais estampas de caveiras: "Desenvolvemos essa liberdade", diz.
Se as combinações são arriscadas, a silhueta é relaxada, mesmo nos ternos, que se apresentam sem gravatas. Aqui faz total sentido a idéia de viagem e de férias e, assim, vários estilistas fizeram as malas com peças confortáveis e intercambiáveis. Ricardo Almeida, por exemplo, usa a imagem dos jet-setters dos balneários da Riviera Francesa. Sua alfaiataria inspirada nos anos 70 é leve e traz cores mais claras, camisaria de listras em tons pastel e calças retas com a boca levemente mais larga. "Não como a boca-de-sino, apenas mais solta", enfatiza Ricardo Almeida. Tanto ele quanto a VR apostam nos paletós de dois botões. "Fica menos armado do que o de três botões", explica Alexandre Brett, diretor-criativo da VR Menswear.
Brett compara o homem do verão 2005 a um viajante que abandonou a metrópole. Na coleção, isso ganha tom natural e rústico, com tecidos amassados tipo papel crepom, em calças soltas e camisas sem manga -que voltam dos anos 80 em espírito de camiseta.
Já Fause Haten mistura Beirute e Bahia, sugerindo um étnico mais glamouroso, que serve de opção a peças já assimiladas pelo homem contemporâneo. "Precisamos ter mais elementos para criar uma imagem mais atraente", diz Fause. Bolsos sanfonados, jaquetas mais curtas e túnicas são exemplos.
As proporções apontam para uma silhueta que foca na cintura e no tórax. Os cáftans (hit de British Colony, Mario Queiroz, Cavalera e Fause Haten) ampliam a proporção convencional, soltando a cintura. No caminho inverso, V.Rom e Zoomp lançam jaquetas de zíper e blazers de mangas arregaçadas, shorts esportivos curtos e calças mais justas.
Em ritmo casual, as calças brincam com a altura do cós. Ele pode ser alto (como na forma anos 80 da Sandpiper e na anos 70 de Ricardo Almeida) ou bem baixo (como no black jeans da Ellus e no jeans branco da Iódice). Valdemar Iódice relaxou até a estrutura da camisaria: "Usei menos camadas de tecido para deixar o colarinho mais molengo". Na praia também rola um clima à vontade: desde as bermudas do surfe, do sungão às tangas cavadas anos 70, a liberdade é a cara deste verão.
andré do val
fotos silvia boriello
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