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moda / pra começar
Em Salvador, justamente descansando depois da maratona dos desfiles de verão, tomei contato com fotos do casamento de Caetano Veloso, na praia. Achei libertário e inspirador, e tudo a ver com algumas das coleções que eu acabara de ver nas passarelas de São Paulo e Rio. As imagens me motivaram a orientar essa décima-primeira edição da revista Moda para acionar valores do Brasil, mas de um jeito pós-moderno -como fizeram os tropicalistas originais nos anos 60. Reforçar a auto-estima, a partir do próprio modernismo dos anos 20, faz todo o sentido para mim. Assim, neste verão 2005 está instalado o neotropicalismo.
Um "movimento" diagnosticado tão bem pelo querido Xico Sá em sua brilhante crônica, que tenta traçar os paralelos entre ontem e hoje, corajosamente elegendo a funkeira Tati Quebra-Barraco como musa neotropicalista. A tendência, como toda boa moda, justifica o atual momento político e social brasileiro. Sem ufanismo, claro -porque os tempos mudaram e a gente não é trouxa-, a moda aqui espelha a vida real. Nos surpreendentes registros dos jovens fotógrafos e stylists, na capa feita no calor do Recife com a neotop Lucy Horn, chegando até a onda verde-amarela que toma conta do planeta, o Brasil é moda. Psicodelia, escapismo, paixão e loucura. Somos tudo isso. E o que é a foto que ilustra esta página? Nela, o top fotógrafo Miro se deixa viajar na maionese barroca e constrói, de modo assumidamente fake, o sertão e a mata atlântica, como cenário fashion, no seu estúdio em Perdizes.
Neotropicalismo é isso aí. Alegria, alegria.
erika palomino
nesta pág., foto Miro
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