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08/03/2004
Entenda o caso
da Folha Online
Ao menos 73 animais morreram envenenados no Zoológico de São Paulo desde o dia 24 de janeiro. Porém, neste período, mais de 130 animais foram encontrados mortos no parque.
Para a polícia, a hipótese de envenenamento acidental é remota. O delegado Clóvis Ferreira de Araújo, chefe da unidade de inteligência do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), fechou o cerco em um grupo de suspeitos e disse que se trataria de um "atentado ao zoológico".
Resultados de exames realizados nos animais mortos apontaram o fluoracetato de sódio --substância proibida no país-- como a causa da morte.
"Há possibilidade de tráfico de animais. O objetivo [dos criminosos] seria enfraquecer o controle interno do parque e, com isso, conseguir realizar atividades ilícitas para obter lucros indevidos", afirmou o delegado.
No início de março, a Polícia Federal entrou no caso para tentar solucionar o mistério dos envenenamentos dos animais.
Segundo o porta-voz da PF, delegado Wagner Castilho, será realizada uma investigação paralela à que é realizada pela Polícia Civil. Os trabalhos estarão a cargo da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico.
Mortes
Dos 73 animais mortos, cerca de 50 não estavam em recintos de exposição, ou seja, estavam afastados do público que visita o parque.
Morreram três chimpanzés, três antas, cinco dromedários, uma elefanta, um bisão, um orangotango, dois macacos caiarara, dez micos-leões-dourados, um macaco-de-cheiro, dois tamanduás, um sagüi-preto-de-mão-amarela e 43 porcos-espinhos.
Todos os porcos-espinhos envenenados estavam no setor onde não são vistos pelo público.
Fluoracetato
O fluoracetato de sódio é um veneno altamente letal, usado em raticidas, e tem a comercialização proibida no país.
Segundo José Luiz Catão Dias, diretor técnico-científico do zoológico, o veneno age dentro das células, principalmente do coração, impedindo que elas respirem. "O animal acaba morrendo por falência múltipla dos órgãos", disse.
Não há antídoto para neutralizar o veneno e, por isso, a morte dos animais ocorre entre 30 minutos e 6 horas após a ingestão. "Porém, há casos sabidos de animais que sobrevivem até 12 dias", afirmou o diretor.
Dias disse ainda que alguns animais são mais sensíveis ao veneno do que outros. Peixes, por exemplo, não são mortos pelo fluoracetato.
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