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Picasso 04/10/1996

Picasso rompe com cinco séculos de representação naturalista

MARIO CESAR CARVALHO
da Reportagem Local

Pablo Picasso (1881-1973), a quem a 23ª Bienal dedica uma sala especial com 47 trabalhos, dividiu a história da arte em duas: antes e depois dele.

Antes de Picasso, vigorava a arte como representação naturalista do mundo. O quadro tentava imitar uma paisagem, uma batalha. Paisagem e batalha, como se sabe, têm três dimensões; o quadro, duas.

Para tentar conciliar esse desencontro, inventou-se a perspectiva, a ilusão de ótica de que um plano (o quadro) pode se parecer com o mundo tridimensional.

Essa ilusão durou cinco séculos e foi rompida por Picasso. Com o cubismo, que cria a partir de 1907 com "As Senhoritas de Avigon", a tela já não tenta iludir. É um plano, que não representa nada. Vence a idéia de que um quadro é só um quadro, não retrata nada.

Arte como problema

O fim da representação é uma das maiores revoluções plásticas ocorridas neste século.

"Diante do quadro, não é necessário perguntar o que ele representa, mas como funciona", diz o crítico italiano Giulio Carlo Argan, no livro "Arte Moderna", referindo-se ao cubismo de Picasso.

Com essa pergunta --como funciona?-- está fundada a arte como problema. Já não valem os conceitos de bom e de mau gosto, de bom ou mau pintor.

Picasso chegou ao cubismo promovendo o encontro de dois mundos --o da tradição européia com o das máscaras tribais africanas.

Picasso dizia que, depois de ver as máscaras africanas em um museu parisiense, teve a idéia de acabar com a distinção que havia na pintura ocidental entre motivo (a figura principal) e fundo.

Era essa distinção que dava a ilusão de profundidade na tela.

O escritor francês Pierre Daix, um dos biógrafos de Picasso, diz que um dos maiores equívocos é tratar o pintor espanhol como um extraterrestre, como se tivesse descido de Marte para pintar mulheres que aparecem de perfil e de frente no mesmo quadro.

Daix defende a idéia de que Picasso absorveu tudo que podia da tradição ocidental para chegar à revolução cubista.

Picasso parecia saber disso. Dizia que aos 13 anos podia desenhar como Rafael (1483-1520), o mestre renascentista.

Absorveu as pesquisas de Cézanne (1839-1906), o pintor francês que começou a decompor a imagens da natureza em figuras geométricas --cilindro, esfera e cone, segundo o crítico Émile Bernard.

Para Jean-Hubert Martin, curador da sala Picasso na Bienal, o pintor trataria de forma literal a decomposição geométrica que começou a ser enunciada por Cézanne. Era o cubismo.

Resumo do século

Não bastasse ter criado o cubismo, Picasso passou por quase todos os movimentos até os anos 50 e em nenhum deles foi coadjuvante.

Nos anos 20, passou pelo surrealismo, o movimento que tentava levar para a arte as imagens do inconsciente. Em 1937, fez "Guernica", a mais incisiva intervenção política de um pintor neste século.

Suas invenções dos anos 10, quando colava um pedaço de jornal num quadro ou fazia uma cabeça de touro com selim de bicicleta, abriram espaço para a arte absorver tudo quanto é material que não era considerado artístico.

Para muitos críticos, a história da arte no século 20 é a história da incorporação de tudo que não era visto como arte até então. O ápice desse movimento seriam as instalações, que podem ser construídas com qualquer tipo de material.

Marcel Duchamp (1887-1968) foi o lado racional dessa incorporação. Buscava destruir a escala de valores da arte, propondo uma equação segundo a qual um urinol podia comover como a imagem de Cristo na cruz --dependia do contexto e da atitude do artista.

Picasso foi a vertente selvagem. Atirou para tudo quanto é lado e acertou muito.

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