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Picasso 06/10/1996

As mil cabeças de Pablo

O mais famoso pintor moderno domina a cultura do fim do século em livros, filme e moda

VINCENT KATZ
especial para a Folha, de Nova York

Pai negligente, amante voraz, artista obsessivo, grande astro da mídia --isso não é trama da última novela de televisão (pelo menos, ainda não), mas a vida do talvez mais famoso, e muitos afirmam ser o melhor, artista do século, Pablo Picasso.

Ele ainda não pretende ir embora. Mesmo quando se pensa que já se sabe tudo a seu respeito, uma exposição como a do MoMA (Museu de Arte Moderna), "Picasso and Portraiture", revela novas imagens, não só do histórico desfile das amantes de Picasso, mas do poeta e crítico Apollinaire, com a cabeça enfaixada por um ferimento de guerra, de Stravinsky, ou do próprio Picasso, pouco antes de sua morte em 1973. A exposição ficou no MoMA até 17 de setembro e será aberta em Paris, no Grand Palais, no próximo dia 16, onde fica até 20 de janeiro.

Há 215 livros sendo publicados sobre Picasso. Abrangem desde a abordagem erudita de John Richardson às memórias de Gertrude Stein, de 1938. Há também obras como a de Michael Fitzgerald, "Making Modernism", que discute o nascimento do mercado de arte, e "Picasso, Bon Vivant", um livro das receitas que inspiraram o artista, como "Rata com bacon à Fernande" e "Caldeirada à Jacqueline". Existem outras abordagens mais fantasiosas, como o recente "Portrait of Picasso as a Young Man" (Retrato de Picasso Quando Jovem), de Norman Mailer, uma "biografia interpretativa", que não visa a uma crítica original, mas sim a tentar revelar o caráter do artista.

Uma visão do caráter de Picasso está nos relatos autobiográficos, que causaram escândalo na época, de Françoise Gilot, com quem ele teve um caso. O livro de Gilot ("Life with Picasso") --considerado hoje uma versão pouco convincente do gênero de livros "que contam tudo", comum nos anos 60-- deixou Picasso enfurecido, bem como sua mulher, Jacqueline, e afastou-o para sempre de seus filhos com Gilot, Paloma e Claude.

O livro de Arianna Stassinopoulos Huffington, "Picasso, Creator and Destroyer" (Picasso, Criador e Destruidor), dá mais realce ao estilo de vida de Picasso que outras biografias do artista, retratando o mestre como infiel, insensível, extremamente egoísta e um homem que usava e abusava das mulheres de sua vida.

Se, depois de ler os livros, alguém achar que a sujeira ainda é pouca, pode assistir ao filme "Surviving Picasso", de James Ivory, em cartaz nos EUA (leia texto à pág. 5-7). Aproximando-se muito do livro de Huffington, o filme é contado principalmente por intermédio da visão de Françoise Gilot, então uma pintora de 21 anos, que conhece Picasso aos 61. Entretanto, como nem os filhos de Françoise nem os de Picasso contribuíram para o filme, a interpretação não é bem resolvida.

É o retrato demoníaco de um ogro voraz e autocentrado, que mastigava mulheres e as cuspia em suas telas torturadas, retorcidas. O filme atinge o clímax quando uma das mulheres consegue trocar Picasso por outro, a primeira de suas amantes a ter essa coragem.

A técnica criteriosa dos anos 90 de interpretar uma personalidade de outra época é geralmente entediante. A compreensão da arte raramente é enriquecida pelos detalhes íntimos da vida do artista. No entanto, esses detalhes são o estofo do mito e, no caso de Picasso, provaram ser extremamente duradouros. Muito mais que Van Gogh, o artista romântico arquetípico, Picasso capturou a imaginação do público em geral --um pequeno tirano devotado exclusivamente ao adultério e à arte. Mas se sua arte não despertasse interesse, seus casos também não o fariam.

Vincent Katz é poeta e crítico de arte.

Tradução de Vera Caputo.

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