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18/09/1999
Artista revolucionou a pintura nos anos 10
da Reportagem Local
A importância do pintor espanhol Pablo Ruiz Picasso (1881-1973) para a arte do século 20 é inquestionável. Ainda criança, o pintor espanhol já dava sinais do virtuosismo que marcaria sua trajetória durante toda a primeira metade do século.
Em 1901, inaugura sua "fase azul", com telas em tons frios, reflexo das privações econômicas que passou em seus primeiros anos em Paris. É desse período "Retrato de Suzanne Bloch", do acervo do Masp.
A fase seguinte, a "rosa", também conhecida como seu período circense, traz tons mais quentes e sensuais, reflexo de uma vida amorosa estável (mantinha na época um romance com Fernande Olivier, a primeira das sete mulheres com quem manteve relações duradouras).
A grande revolução pictórica de Picasso, porém, viria a partir de 1907, quando o pintor realiza "As Senhoritas de Avignon", considerado o principal marco do cubismo (o "científico assassinato da anatomia", segundo Apollinaire), movimento que abriu as portas para a arte abstrata.
Na verdade, a criação de imagens a partir de figuras geométricas (triângulos, cubos e cones), que resultou na abolição da perspectiva (recurso utilizado desde os renascentistas para dar a ilusão de profundidade na tela) na arte moderna, não é mérito exclusivo de Pablo Picasso, mas também do artista francês Georges Braque (1882-1963), grande amigo do espanhol.
Os dois realizaram pesquisas simultâneas nesse sentido, influenciados pela produção de Cézanne (1839-1906), descrita em 1904 pelo pintor e escritor francês Émile Bernard (1868-1941) como uma maneira de "tratar a natureza por meio do cilindro, da esfera, do cone".
Braque seria ainda uma "eminência parda" na assimilação de procedimentos fundamentais para a arte moderna, como o "papier collé" (colagem) e o "assemblage" (inclusão de objetos na obra de arte), também assimilados com euforia por Picasso.
O pintor espanhol voltaria a surpreender em 1937, com a criação do painel "Guernica", sobre o massacre da cidade basca homônima pelos bombardeios alemães (a pedido do general Franco).
Exibida no Brasil em 1953, na 2ª Bienal de São Paulo, a obra é o exemplo mais clássico de uma arte engajada politicamente, que se sobressai na época às pesquisas desenvolvidas pelas vanguardas artísticas (coibidas pelo avanço das ditaduras no continente europeu naquele momento).
A partir de 1945, a influência do espanhol decai. Picasso volta-se para a sua própria produção e de outros artistas, como Manet, Dalí e Velázquez.
(CELSO FIORAVANTE)
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