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Picasso 20/05/2001

"Guernica" chega ao Brasil

da Reportagem Local

Após o sucesso da 1ª Bienal, vem aquela que inscreveu de fato São Paulo no circuito internacional das artes, e é considerada a maior exposição de arte moderna da década.

A 2ª Bienal de São Paulo teve início em fins de 53 para entrar também em 54 e coincidir com o ano das comemorações do 4º Centenário da fundação da cidade. Não era por acaso. O industrial de origem italiana Ciccillo Matarazzo foi nomeado presidente da festividade --para escândalo das famílias tradicionais paulistanas-- e queria unir os dois eventos num megaespetáculo.

Foi dele a iniciativa, por exemplo, que marcaria a 2ª edição do evento como "A Bienal do Guernica". Em 26 de dezembro de 1952, Ciccillo envia uma carta a Picasso, por meio da artista brasileira Maria Martins, solicitando a cessão de obras para uma sala especial do artista espanhol.

A 2ª Bienal foi programada para inaugurar dois edifícios do arquiteto Oscar Niemeyer no parque Ibirapuera, todos criados justamente para a festa do 4º Centenário. Ciccillo queria ocupar os 28 mil metros m2 da área expositiva, quase seis vezes o tamanho da 1ª Bienal. Uma das soluções foi a criação das salas especiais, que passaram a ser uma das marcas da Bienal paulistana.

Para tanto, foram organizadas 19 salas especiais. Algumas com perspectiva histórica, como "A Paisagem Brasileira até 1900", mas a grande maioria foi composta por salas de artistas.

O responsável pela vinda de "Guernica" (1937), que estava no MoMA de Nova York, foi o artista pernambucano Cicero Dias, radicado na França e amigo de Picasso. Ele o convenceu a ceder a obra. A informação foi transmitida a Ciccillo num sucinto telegrama de 23 de abril de 53, enviado pelo diplomata Paulo Carneiro, chefe do escritório do 4º Centenário na Europa: "Cicero Dias obteve Picasso empréstimo Guernica além trinta quadros sua coleção pessoal".

Com o slogan "A Cidade que Mais Cresce no Mundo", os planos de Ciccillo para o 4º Centenário eram ambiciosos. "Não está longe o dia em que deixaremos Veneza para trás", declarou ao visitar as obras no Ibirapuera.

4.000 OBRAS

Apesar de tanta ambição, artistas brasileiros boicotaram o evento. Portinari, Segall, Pancetti, Iberê Camargo e Burle Marx não quiseram submeter-se ao júri e, por isso, ficaram de fora. A crítica da época chegou a afirmar que a Bienal refletiu bem o que se passava no mundo, mas pouco o movimento artístico nacional.

Apesar da resistência interna, a mostra foi um marco: reuniu 712 artistas de 33 países. Com quase 4.000 obras, a 2ª Bienal foi inaugurada, em 13 de dezembro de 53.

"Fui um visitante assíduo", conta à Folha o crítico Antonio Candido. "Lembro-me de reconhecer o historiador da arte inglês Herbert Read nos prédios da Bienal".

Sobre a Bienal, Read declarou, na época, ser ela "um conjunto autêntico do que existe de mais representativo na arte mundial".

Só em salas especiais, estiveram representados, entre outros, Paul Klee, Oskar Kokoschka, Alexander Calder, Picasso, Henry Moore, Mondrian, Rufino Tamayo e Edvard Munch. Já nas salas temáticas do cubismo, foram apresentadas obras de Marcel Duchamp e Picabia, enquanto na do futurismo estiveram Boccioni e Bala.

A participação brasileira contou com mais de cem artistas. Nas premiações nacionais, Volpi e Di Cavalcanti venceram juntos na categoria pintura, Bruno Giorgi na de escultura e Lívio Abramo ganhou em gravura.

O pintor francês Henri Laurens recebeu o Grande Prêmio do 4º Centenário, pelo conjunto de nove esculturas. Já nas premiações internacionais, Rufino Tamayo (México) e Alfred Manessier (França) ganharam juntos em pintura, Henry Moore (Inglaterra), em escultura e Giorgio Morandi (Itália), em gravura.

Cerca de 100 mil pessoas comparecem à Bienal, estimuladas por uma linha de transporte criada especialmente para a ocasião. Ao final, Ciccillo conseguiu seu objetivo. Rudolfo Palluchini, o secretário da Bienal de Veneza, chegou a afirmar: "A 2ª Bienal de São Paulo quebrou 50 anos de tradição de Veneza. Os paulistas realizaram em dois anos o que levamos 50 anos para conseguir".

(FCY)

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