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21/12/2005

Cultura pop: San Francisco a 24 quadros por segundo

San Francisco está para os EUA e o mundo como o Rio de Janeiro está para o Brasil -sendo São Paulo a possibilidade tropical de Nova York, e todos guardemos as devidas proporções, porque aqui ninguém é besta. Outro dia, ouvi uma história que ilustra com humor o charme e a importância da cidade que, de quebra, é a sede do politicamente correto do mundo -a contracultura nasceu lá, o movimento gay se fortaleceu lá, os direitos civis são mais direitos e mais civis lá. Foi contada pelo jornalista Lewis Lapham, ex-editor da prestigiosa "Harper's Magazine", um ícone mensal do liberalismo norte-americano (não confunda com a "Harper's Bazaar", ícone também mensal da moda).

por Sérgio Dávila

Lapham deve ser um dos últimos dez homens do mundo de mais de 70 anos que usam meias coloridas berrantes depois da morte de Frank Sinatra e é um dos mais célebres filhos de San Francisco -o avô foi prefeito da cidade, seu primeiro emprego como repórter, nos anos 50, foi no "San Francisco Examiner", escreveu dezenas de livros. Naquela época, e ainda hoje, San Francisco e Los Angeles nutriam uma rivalidade que os periódicos só alimentavam. Pois num sábado de manhã o jovem jornalista chega para trabalhar na redação e encontra seus chefes em estado de crise. "É a Terceira Guerra Mundial", pensou. Não. Sobre a mesa deles, jazia um exemplar daquele dia do "L.A. Times" com a seguinte manchete, seguida de um caderno especial: "Los Angeles - A Atenas da Costa Oeste".

Crise de nervos. Ranger de dentes. Sua missão, ouviu um assustado Lapham, seria provar em 24 horas que San Francisco, e não Los Angeles, é a Atenas da Costa Oeste. "Era impossível", lembra Lapham. "Em Los Angeles na época moravam Igor Stravinski, Aldous Huxley; em San Francisco, a geração beatnik já tinha abandonado a cidade e a ópera local era uma piada. LA tinha Hollywood, San Francisco tinha Alcatraz, uma prisão que daria um filme de Hollywood". No fim do dia, desanimado, ele volta aos chefes e diz: "Sinto muito. Por mais que ache esse conceito todo uma caipirice, se existe uma Atenas por aqui, esta cidade é Los Angeles".

Foi seu último dia no jornal.

Cinqüenta anos depois, nem Los Angeles é a Atenas mítica -Lapham tinha razão, procurar hoje em dia um paralelo para a cidade-berço da cultura ocidental é uma bobagem-, nem San Francisco é um pardieiro perdido no mundo. Pelo contrário: as rivais têm cada uma o seu charme específico. Mas San Francisco sai melhor na foto quando o assunto são filmes que tiveram e têm a cidade como tema.

O centro da indústria do cinema mundial, aliás, era para ter sido ali. Depois do terremoto de 1906 é que os principais estúdios resolveram mudar-se mais para o sul, numas colinas chamadas Hollywood. A eles, pois, e aos lugares de hoje em dia que valem uma visita depois de assisti-los.

Divulgação
Um Corpo que Cai (Vertigo)
O filme de Alfred Hitchcock que inventou (ou consolidou) o conceito de "thriller psicológico" em 1958 e colocou Kim Novak no roteiro mental de muito marmanjo (e nas páginas da "Playboy" americana, nos anos 60) é o filme que tem San Francisco como cenário por excelência. Está tudo lá, das ladeiras à Golden Gate Bridge, enquanto o personagem interpretado por James Stewart tenta provar que não está louco.
Para visitar - a Golden Gate Bridge, obviamente, mas também o parque que antecede a ponte vermelha construída nos anos 30 -e até hoje símbolo da cidade- é um dos maiores parques urbanos do mundo. E dos mais bonitos.
Endereços
Ponte: www.goldengatebridge.org
Parque: www.nps.gov/goga

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Alcatraz - Fuga Impossível (Escape from Alcatraz)
Em 1979, Don Siegel resolveu recontar a história, tantas vezes revisitada pelo cinema, de Frank Morris e os irmãos John e Clarence Anglin, os três únicos homens que teriam conseguido fugir de Alcatraz, prisão de segurança máxima então localizada na ilha a 30 quilômetros da costa de San Francisco. Para interpretar Morris, chamou o durão de plantão na época, Clint Eastwood, que fez um excelente trabalho. Por conta de seguidas denúncias de maus-tratos, a prisão foi desativada nos anos 60 e hoje é um dos principais destinos dos turistas que visitam a cidade. Nunca se soube o que aconteceu ao trio; é mais provável que tenham todos morrido, mas, como nenhum corpo foi achado, os locais gostam de pensar que eles vivem anônimos e tranqüilos em algum lugar do mundo.
Para visitar - quando for a Alcatraz, não deixe de alugar o audiofone que acompanha a visita. Você ouve os ruídos e vozes dos prisioneiros de verdade e pode ser tratado como um deles, sendo trancado na cela e tudo. Se der, veja as celas 138, 140 e 144, no bloco B, que os presos chamavam de "Michigan Avenue". É lá que ficaram Frank, John e Clarence na vida real...
Endereço - www.nps.gov/alcatraz

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O Cantor de Jazz (The Jazz Singer)
Hoje, Al Jolson pintado de maquiagem preta para se passar por um cantor negro pode parecer politicamente incorreto, mas o "O Cantor de Jazz", de 1928, tem seu valor histórico: é o primeiro filme falado jamais feito. Passa-se na Union Square, que virou o centro das compras sofisticadas da cidade. De Prada a Chanel, estão todas as lojas lá. E os melhores hotéis também.
Para visitar - não deixe de conhecer a representante local da Niketown, uma das mais bonitas da rede, e o topo do Grand Hyatt Hotel, que tem um restaurante, Grandviews, com um bar contíguo que oferecem vista panorâmica de 360 graus de tirar o fôlego de Sharon Stone, que aliás é uma das mais ilustres moradoras, junto de George Lucas.
Endereço - Union Square: bem, o da Union Square é... Union Square, San Francisco. É literalmente um quadrado, e as lojas se espalham ao seu redor. Vale estacionar o carro no subsolo e andar a pé para ver as vitrines
Hyatt Hotel: www.grandsanfrancisco.hyatt.com

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Instinto Selvagem (Basic Instinct)
E já que falei de Sharon Stone, não dá para ignorar o filme de 1992 em que ela passou do tipo C de atrizes para o time AAA-e, com isso, conquistou o jornalista e solteirão mais cobiçado do pedaço, Phil Bronstein, então publisher do jornal "San Francisco Examiner". Hoje, eles não estão mais juntos, o "Examiner" foi vendido para o rival "Chronicle" e Bronstein é um dos manda-chuvas do conglomerado... Tudo isso apenas com a cruzada de pernas mais famosa da história do cinema (aquela "ao ar livre") e um roteiro que mostra a cidade via perseguição do detetive Nick Curran (Michael Douglas) pela possível assassina em série Catherine Tramell (ela própria), ambos conduzidos pelo diretor Paul Verhoeven ("RoboCop").
Para visitar - o apartamento em que o personagem de Michael Douglas vive, a sede do "San Francisco Chronicle", a casa real de Sharon Stone, Robin Williams e outras celebridades locais.
Endereços - Apartamento do detetive no filme: 1158-1170 da rua Montgomery, esquina com a Green Street
San Francisco Chronicle: www.sfgate.com
O bairro de Sea Cliff, onde vivem Sharon Stone e Robin Williams (que fez outro filme rodado em San Francisco, "Uma Babá Quase Perfeita", 1993)

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O Falcão Maltês (The Maltese Falcon)
Aobra-prima de Dashiell Hammett virou filme pelas mãos de John Houston em 1941, com Humphrey Bogart no papel do detetive particular Sam Spade, que segue inspirando personagens literários e cinematográficos até o dia de hoje e se passa em San Francisco. O que você talvez não saiba é que um dos pais do romance noir escreveu "O Falcão Maltês" na cidade, mais precisamente rabiscando papéis sentado em sua mesa de sempre no restaurante John's Grill, ainda na ativa -o restaurante aparece no livro, em que Sam Spade pede "costeletas, purê de batata e salada de tomate", mas não no filme. Há até mesmo um "roteiro Dashiell Hammett" muito procurado, que mostra os lugares que o escritor costumava freqüentar enquanto viveu lá, de 1921 a 1929, quando escreveu cinco livros.
Para visitar - o restaurante John's Grill, os lugares a que Dashiell Hammett costumava ir.
Endereços - John's Grill: 63 Ellis Street, tel. (00/xx/1/415) 986-32-74
Roteiro de Dashiell Hammett em San Francisco: comece pelo apartamento em que ele morou, o 401 do prédio que fica no número 891 da Post Street; depois, siga os passos no melhor site, o "Dashiell Hammett Tour" de Don Herron, em www.donherron.com/tour.html

Sérgio Dávila é repórter especial da Folha, colunista da Revista da Folha, autor do Blog do Sérgio Dávila no UOL e comentarista de internacional do telejornal "SBT Brasil"

     

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