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31/03/2005

Quase 100% das grandes investem no social

Aumentou o volume de "empresas engajadas" no país, mas ações não suprem carência de políticas públicas

RENATO ESSENFELDER
EDITOR-ASSISTENTE DE SUPLEMENTOS

ESTANISLAU DE FREITAS
RAQUEL BOCATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Marlene Bergamo/Folha Imagem
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Mãe segura bebê prematuro no Hospital Municipal Maternidade-Escola Vila Nova Cachoeirinha (SP)
O termo "responsabilidade social" começou a se disseminar no Brasil na década passada. De início, soava como uma prática inusitada: empresas investindo em ações sem fins lucrativos.

Depois virou moda e começaram a surgir departamentos de responsabilidade social den- tro das grandes corporações. Hoje, é lugar-comum: 96% das companhias com mais de 500 empregados adotaram a idéia.

No Brasil inteiro, mais de 70% das firmas dedicam parte de seu tempo -e dinheiro- para atividades sociais. No caso, a tradicional divisão entre regiões ricas e regiões pobres não é refletida por esses investimentos. No Nordeste, o "engajamento" das empresas cresceu 35% em quatro anos, passando de 55%, em 1999, para 74% em 2003. No Sudeste, esse incremento foi mais discreto (6%), passando de 67% para 71% no mesmo período. Em Minas Gerais, o índice chegou a 81%.

Os dados são de pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) ainda em fase de conclusão. Segundo o órgão, as empresas investem R$ 4,7 bilhões por ano em ações comunitárias.

À primeira vista, o montante impressiona, mas, na realidade, equivale a só 0,43% do PIB -Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas no país- nacional, menos do que a verba consumida pelo maior programa social do governo, o Bolsa-Família, em 2004 (R$ 5,9 bilhões).

Marlene Bergamo/Folha Imagem
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Jovem beneficiado pelo programa de capacitação Menor Aprendiz, do Senac, trabalha em supermercado parceiro da entidade
Agenda do milênio

A ação dessas empresas tem sido vista pelo poder público como uma espécie de laboratório para descobrir o que funciona e o que não funciona em termos de combate à pobreza.

A experiência pode ser útil para ajudar o país a cumprir a agenda do milênio proposta pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2000. A entidade traçou oito objetivos -erradicar a fome e a extrema pobreza; universalizar o ensino básico; promover a igualdade de gêneros; conter a mortalidade infantil e materna; tratar doenças; preservar o ambiente e estabelecer um pacto mundial para o desenvolvimento- que devem ser atingidos até 2015.

189 países, entre eles o Brasil, endossaram o documento. "Não há sanção caso um país não atinja a meta estipulada. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio funcionam como um mecanismo de pressão", explica Carlos Lopes, representante da ONU no Brasil.

Na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o país "cumprirá a maioria das metas". No meio do caminho entre os países muito pobres e os muito ricos, o Brasil vai bem em alguns quesitos, como universalizar o ensino, promover a autonomia das mulheres e combater doenças como malária e Aids.

Vai mal, porém, em outros, como erradicar a miséria, diminuir a mortalidade materna e proteger o ambiente.

O papel de cada um

Entre as áreas mais assistidas pelas empresas que auxiliam o Estado a cumprir seu papel, destaca-se a de educação. "Olhando os desafios dos Objetivos do Milênio, observamos que educação é a chave para o sucesso", afirma Fernando Rossetti, 43, diretor-executivo do Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), que reúne 77 afiliados de grande porte.

O censo Gife-2004 mostra que 87% dos associados investem em projetos educacionais; 54%, em cultura e artes; 48%, em desenvolvimento comunitário; e 43%, em assistência social, entre outros.

Mas esse apoio não significa a solução de mazelas. Na ponta do processo, os beneficiados queixam-se do "oportunismo" de ONGs (Organizações Não-Governamentais) que captam dinheiro no mercado e chegam às comunidades com "projetos fechados".

"Não conhecem a cultura do local, não sabem do que mais precisamos. Em pouco tempo, abandonam suas atividades", resume o secretário da Unas (União Núcleo Associação e Sociedade de Heliópolis e São João Clímaco), José Geraldo de Paula Pinto, 40.

Ele cobra a atribuição de "poderes aos pobres" para decidir que ações são necessárias e como devem ser geridas. Sempre, frisa, com apoio do poder público.

Como iniciativas positivas, que respeitam esse princípio, ele cita os projetos de Unilever (focado nas mulheres), Instituto General Motors (para jovens) e Suvinil (pintura de fachadas) na favela.

O presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, que reúne 991 associadas, Oded Grajew, 60, concorda com a preocupação de José Geraldo. "Em nenhum lugar do mundo o investimento de empresas ou ONGs resolve a situação. Políticas públicas são as únicas capazes de universalizar o atendimento, ter escala e promover justiça social."

"É uma bobagem imaginar que o Estado possa repassar suas obrigações para a iniciativa privada. Mas R$ 4,7 bilhões não são irrelevantes", rebate a socióloga Anna Maria Peliano, 57, diretora de estudos sociais do Ipea.

Do lado dos gestores, ela lembra que "só dinheiro não resolve o problema". "Responsabilidade social é mais que ação social. Está ligada à atitude ética e transparente da empresa com seus diversos públicos", conclui.

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