Três meses e sete gigas

Uma temporada de moda é um inacreditável bombardeio de idéias. Imagine que cada desfile pode ter até 60 looks. E que, por dia, um jornalista pode assistir até uns sete ou mesmo dez desfiles. Cada cidade tem em média sete dias de desfiles. Antes de tentar a matemática, descobri que, desde a volta dos feriados de Ano Novo até o fim da temporada internacional, foram três meses. Se não com desfiles diários, três meses pensando intensamente em moda: Fashion Rio, São Paulo Fashion Week, Nova York, Milão e Paris.

De volta à vida real, o desafio era simples de falar, difícil de fazer: juntar tudo. Comecei aproveitando os ventos de novidade para mexer no projeto gráfico da revista, agora mais fresco e solto, que orgulhosamente estreamos neste número 13.

Depois, um punhado de bloquinhos com meus garranchos para consultar, centenas de fotos para ver. Tanta coisa, mas tanta coisa, que decidimos separar a temporada internacional das passarelas de Rio e São Paulo -apesar de alguns temas serem, obviamente, comuns aos dois universos invernais.

O novo "Caderno de Tendências" ajuda, assim, a entender as propostas dos brasileiros, contando com o talento do jovem fotógrafo paulistano Rafael Assef. Com o pé nas artes, ele ficou solto pela São Paulo Fashion Week, trazendo um material que editamos como cartela de cores e texturas. Já no corpo central da edição, as análises dos desfiles internacionais levam em conta sua relevância para o mercado daqui, tentando ajudar a nortear a indústria.

A escolha de temas e imagens segue um critério fundamental para a moda de hoje: a emoção. A mesma que senti na primeira fila de Marcelo Sommer ou na platéia do histórico desfile da Raia de Goeye no Teatro Municipal. Finalmente, estampamos nesta edição a adorável Carol Trentini, brasileira recordista de desfiles no exterior, a cara deste momento: romântica, ingênua, esperta, cool, doce e instigante. E sem tempo -mesmo- de parar para contar o número de looks que temos para exibir na capa, como fazem todas as revistas, tomo como base o número visto no computador (também novo): sete gigabytes. É moda até dizer chega. E a gente nunca diz.

Erika Palomino
fotos Rafael Assef

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