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A moda da restauração
Esta edição traz uma pequena surpresa para o leitor: um dossiê que apresenta os 30 mais importantes estilistas em atividade no mundo. Ali estão reunidos os criadores que definem o estilo atual, os nomes que você precisa saber de cor. "Mas onde estão os brasileiros?", perguntará alguém. Eles não foram esquecidos. Serão tema de um futuro encarte, que já começou a ser elaborado.
O dossiê é uma breve introdução ao mundo da moda contemporânea. O campo cultural e a expressão criativa da moda são por demais interessantes para não serem democratizados, o que é função do jornalismo.
O leitor perceberá que, no dossiê, os estilistas que afrontam as convenções da moda e desafiam o gosto dominante são em número menor do que os que buscam inspiração em formas consagradas. Isso ocorre porque a moda, depois das várias rupturas do final do século 20, vive hoje uma verdadeira Restauração da elegância e do luxo.
Passou o tempo em que desconstruir as formas, adular o streetwear e ironizar os clichês relacionados à mulher eram coisas obrigatórias nos desfiles. O que se vê atualmente é, sobretudo, o retorno à construção sofisticada, por meio da qual se celebra uma ultrafeminilidade.
Daí o vigoroso culto que voltou a se estabelecer em torno de Cristobal Balenciaga (1895-1972) e Madeleine Vionnet (1876-1975) -esta é tema, aliás, de um interessante livro recém-lançado de Betty Kirke (Chronicle Books). Os melhores estilistas da atualidade buscam nestes dois ícones da moda do século 20 a inteligência com que eles souberam reunir economia de formas, requinte e modernidade.
Não é o fim da história. A moda é rápida como o tempo. Boa leitura e um 2006 com muitas novidades.
Alcino Leite Neto