Folha de S.Paulo Moda
* número 16 * ano 4 * sexta-feira, 16 de dezembro de 2005
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moda / fashionista

O rei do verão

Amir Slama, dono da Rosa Chá, produz 550 mil peças por ano, a maior parte delas de roupas de praia

Slama em sua loja da Oscar Freire, decorada com "nadadoras" suspensas

Caso Amir Slama tivesse seguido sua primeira escolha profissional, a carreira de historiador, o verão brasileiro provavelmente não seria o mesmo. Dono da Rosa Chá, o estilista foi um dos pioneiros na divulgação da moda praia nacional no exterior e, em 16 anos de atividade, sua marca se transformou em sinônimo dos biquínis e maiôs mais desejados das temporadas quentes (ou nem tanto).

As criações de Slama são vendidas em 25 lojas próprias no Brasil, em duas franquias em Miami e Lisboa e em mais de 200 lojas multimarcas espalhadas pelo mundo. Nos últimos meses, empresários da França e da Espanha procuraram o estilista para negociar a abertura de novas franquias.

Além de roupas de banho, Slama inclui em suas coleções de verão peças como saias, batas, tops e shortinhos. No inverno, também entram em cena jeans, jaquetas e blusões de moletom. "Crio um biquíni como se estivesse fazendo uma roupa convencional. Inclusive, uso tecidos inteligentes, como uma cambraia que seca rápido, para poder ter mais liberdade e ser mais sofisticado. Por isso, muitos dos meus biquínis e maiôs podem ser usados à noite, com uma calça e uma camisa, por exemplo. Além disso, apresentamos outras peças, que ficam como opção para montar um look completo", diz.

Slama produz 550 mil peças por ano e exporta, atualmente, 19% desse total. Sua meta é vender 23% de sua produção para outros países. Segundo o estilista, as peças exportadas estão cada vez mais parecidas com as usadas pelas brasileiras, em termos de modelagem. Antes, as calcinhas com cavas ousadas precisavam ganhar vários centímetros a mais para atender ao gosto mais conservador das estrangeiras. Atualmente, a mudança é bem mais sutil.

O fenômeno, segundo Slama, pode ser explicado de diversas formas. "O estouro das nossas modelos, a consolidação da São Paulo Fashion Week, o trabalho mais autêntico e original de diversos criadores, e um certo interesse pelo Brasil, tudo isso ajudou o país a se firmar como referência. Na moda praia, já lançamos tendências. Acompanho esse movimento desde o início e tenho muito orgulho disso."

Slama é, de fato, um veterano da moda brasileira. Começou a investir nesse mercado no final dos anos 80, após largar o emprego de professor de história, por discordar dos métodos de ensino pouco criativos. Primeiro, tentou vender roupas de ginástica, que oferecia de porta em porta nas academias. Durante essa experiência, descobriu seu gosto pela moda praia e, em 1989, criou a Rosa Chá, com a ajuda do pai, que comandava uma pequena confecção e estava se aposentando.

Em 1993, abriu sua primeira loja da marca. O mesmo espaço, que foi ampliado, reformado e reaberto em novembro deste ano, ainda abriga a flagship da Rosa Chá, na rua Oscar Freire, em São Paulo. Em 1999, Slama resolveu ampliar os negócios e criou a Sais, sua segunda marca, que trabalha com peças mais jovens e tem preços mais baixos.

Em 2000, fez seu primeiro desfile na semana de moda de Nova York e, em 2003, criou, ao lado de Alexandre Herchcovitch, Lino Villaventura e Serpui Marie, a Associação Brasileira dos Estilistas, da qual é presidente. Mesmo com tantos compromissos, Slama não deixou a criação de lado, e, em 2004, causou furor ao colocar em sua passarela meninas com os "cofrinhos" para fora.

Apesar do sucesso, Slama diz que não é dono de uma grande empresa. "Somos uma marca média. Produzimos bastante, mas num volume que permite certos cuidados com pesquisa, conceito e acabamento. Gosto de ser detalhista, é um dos meus diferenciais", confessa.

por Vivian Whiteman
fotos Karime Xavier

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