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Você conhece o Baixo Jardins?
Charmoso circuito de ruas atrai novos estilistas e marcas
Vizinho do circuito de ruas que abriga as lojas mais sofisticadas de São Paulo, o Baixo Jardins virou o território dos novos estilistas, no perímetro delimitado pela rua Augusta e a avenida Nove de Julho, pela alameda Jaú e a rua Estados Unidos. Como ocorre nos Jardins, a rua Oscar Freire é a referência e o epicentro do Baixo Jardins, mas no lado oposto da Augusta -uma área onde até bem pouco tempo nenhuma grife que buscasse criar uma imagem de prestígio e charme ousava se aventurar.
A corrida ao Baixo Jardins tem sido tão grande que já existe um guia do local. Lançado neste mês, o "Guia de Charme do Baixo Jardins" foi criado pelas proprietárias da loja Pelu e é distribuído gratuitamente. "A gente queria fazer um guia com outro perfil, não tão careta", afirma Claudia Tannous, sócia da Pelu, com Helena Linhares. A idéia das autoras é incentivar as pessoas a circularem pelas ruas a pé. "Aqui é para quem gosta mais de rua do que de shopping", diz Amália Spinardi, proprietária da Jo de Mer, de moda praia.
A nova região se opõe bastante ao tradicional Jardins, a começar pela arquitetura das lojas. No Baixo Jardins, elas são em geral pequenas, às vezes em casas de vilas e até mesmo em apartamentos. Nos Jardins tradicionais, são enormes, vistosas e com pés-direitos altos e múltiplos.
A comparação com bairros no exterior é inevitável. O Baixo Jardins quer parecer com o Chelsea de Nova York e, mais perto, com Palermo, em Buenos Aires. "A gente quando viaja, anda e adora estes locais", conta Spinardi.
No início, a procura dos novos estilistas pelo Baixo Jardins tinha a ver com os preços amigáveis do aluguel e a simpatia do local e das casas. As donas da Pelu, por exemplo, se encantaram com um sobradinho de vila projetado pelo arquiteto e artista Flávio de Carvalho, onde resolveram se instalar. Adriana Barra também decidiu por uma casa de vila.
O preço do aluguel, que um dia foi menor que o dos Jardins, hoje já não é mais. Alugar um espaço na parte "baixa" da Oscar Freire, onde ficam as lojas de Gisele Nasser, também numa vila, Jo de Mer e Cris Barros, custa pouco menos do que montar uma loja no lado mais nobre -em média, R$ 50 por m2. A principal diferença é, porém, a luva. A taxa cobrada pelo ponto pode chegar à casa do milhão nos Jardins. No Baixo Jardins, a luva ainda não foi instituída, salvo algumas exceções.
Atualmente, a procura pela região ganhou outro motivo: as lojas começaram a se instalar ali para aproveitar o público antenado que começou a circular com frequência pelo local.
A mudança de público acabou causando alterações nas lojas. A acervoBenjamim, antes Zigo, por exemplo, passou por uma reforma geral, e as araras foram tomadas por criações de novos estilistas e pela coleção da loja, assinada por Fábia Bercsek. Livros e CDs também são vendidos no local.
Um passeio por lojas multimarcas, como a Pelu e o acervoBenjamim, mostra o que há de mais fresco na moda, pois nos cabides estão criações de muitos estilistas que não têm, ainda, um ponto de venda fixo. É uma boa forma de conhecer novos nomes.
A Pelu, além de roupas, conta também com um cabeleireiro e um bar. Na loja, os jovens estilistas recebem toques das proprietárias quando a roupa está muito conceitual. "Damos dicas para que eles transformem em peças mais viáveis comercialmente. As peças conceituais são lindas, mas não vendem", diz Tannous.
Nas araras do Baixo Jardins costumam ser vendidas coleções que têm um número pequeno de peças por modelo -o que é um dos principais apelos das lojas, na opinião dos estilistas e proprietários. A exclusividade das roupas é apenas o reflexo de um outro modelo de negócios. "Tenho a pretensão de ficar pequena, de fazer uma marca menor e charmosa", diz Spinardi.
ADRIANA BARRA. R. Peixoto Gomide, 1801, casa 05, tel. 3064-3691. IS\BELLA. Al. Lorena, 1426, tel. 3061-2001. PELU. Al. Lorena, 1.257, casa 2, tel. 3891-1229. Jo de Mer. R. Oscar Freire, 329, tel. 3081-4232.
por Heloísa Lupinacci
fotos Cristiano Mascaro
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