19/04/2005
Novo papa terá de tratar de biotecnologia, casamento, casamento gay e vários assuntos polêmicos
da
Folha Online
Para o teólogo e professor de Bioética e Direito da PUC-SP, João Batistiolle, a biotecnologia é um dos grandes desafios para o próximo papa. "A igreja vive um grande desconforto. Muitos católicos que desejam continuar dentro da igreja não aceitam e não seguem muitos aspectos da doutrina sexual e a orientação para as questões ligadas à reprodução e ao fim da vida humana."
Batistiolle afirmou que há também a demanda pelo celibato opcional dos padres, para o ordenação de homens casados, para o ordenação de mulheres e para um novo lugar para as mulheres na estrutura da igreja. "Tudo isso será cobrado de um novo papa, supondo que ele esteja aberto para uma nova reflexão sobre esses temas."
O teólogo disse ainda que "não se deve esquecer, neste contexto, as ameaças que pressentimos para o futuro da Terra e para as novas gerações: aquecimento global, escassez de água doce, desequilíbrio populacional, aumento da desigualdade econômica e da miséria global".
Casamento gay
Segundo o teólogo e ouvidor da PUC-SP, Fernando Altemeyer Júnior, alguns assuntos não vão sofrer nenhuma mudança. "O casamento homossexual não será, de maneira nenhuma, aceito porque, para a igreja, casamento é sacramento e sacramento exige que seja homem mulher."
"O que a igreja poderá e a sociedade civil poderá é tentar na união de homossexuais como contrato civil. Isso poderá ser aceito porque até a Legislação dos países já prescreve. Mas casamento enquanto sacramento a igreja não pode aceitar. Isso não vai mudar", reiterou.
Questões como o uso de camisinha e a Aids, segundo o teólogo, sofrerão mudanças. "São assuntos graves que afetam a saúde pública."
Estado
Para o professor do Instituto de Filosofia e Ciências da Unicamp, Roberto Romano, as teses mais modernas dizem que o Estado é quem decide sobre os assuntos éticos, morais, diplomáticos e tecnológicos. "A Igreja Católica não tem essa função. Ela tem a função de consolar, de ajudar, mas nenhum religioso tem o direito de definir o que é público e o que é privado, de acordo com os teóricos da sociedade moderna."
"A igreja nunca abriu mão de ser uma soberania superior à soberania do Estado e considera um direito dela definir regras éticas morais para os corpos que se reúnem no Estado. Ela se recusa a habitar somente na alma. A igreja entende que o reino dela é das almas e dos corpos e vai lutar com todas as armas que tiver para impor sua visão sobre os corpos."
Especial
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