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João Paulo 2º
02/04/2005

João Paulo 2º conheceu 20 capitais brasileiras

da Folha Online



O papa João Paulo 2º esteve quatro vezes no Brasil, porém em uma delas permaneceu apenas no aeroporto, na viagem para a Argentina em 1982. As visitas oficiais aconteceram em 1980, 91 e 97.

Na maior nação católica do mundo, a autoridade máxima dessa igreja ficou no total 26 dias e visitou 21 cidades --Aparecida foi a única do interior. Foi a todas as capitais do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste (com exceção de Aracaju e João Pessoa), mais Manaus e Belém.

Nas três passagens do chefe de Estado do Vaticano, o cenário político era bastante diferente. Na primeira, o país ainda vivia a ditadura. Na segunda, o Brasil tinha retornado à democracia e estava prestes a ter seu primeiro e único impeachment da história. E, na última, o Plano Real e as privatizações davam estabilidade econômica e viabilizariam a primeira reeleição presidencial pelo voto direto.

30 de junho a 11 de julho de 1980

Em sua nona missão internacional oficial, João Paulo 2º veio pela primeira vez ao Brasil, na até então viagem mais longa de um chefe da Igreja Católica no século. Viajou por 13 cidades, percorrendo cerca de 10 mil km.

Era sua terceira estadia na América Latina, todas por ocasião do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano). Antes, fora ao México e à Colômbia.

De todas as três passagens pelo Brasil, essa foi a que o papa teve maior atuação, devido principalmente ao ineditismo e a sua saúde, que se agravaria consideravelmente nos anos seguintes.

Sua presença tomou conta do país, sendo saudado por milhões de pessoas nas ruas e nas missas, e foi o assunto principal na mídia. João Batista Figueiredo, o último presidente do regime militar, chegou a decretar feriado nacional.

Em meio a um processo de urbanização da população e de intensificação da desigualdade e injustiça social e com a fraqueza dos partidos políticos de oposição, diversos setores da sociedade aproveitaram a ocasião para encaminhar denúncias contra o menor carente, a degradação da ecologia, a construção de usinas nucleares, os desaparecidos políticos, os índios e a miséria no Nordeste.

Porém sua atuação social ficou limitada a pedidos de acesso da população à terra e de distribuição de renda, visitas a favelas, hospital e presídio, missa a operários e encontro com intelectuais.

Seu objetivo principal era reforçar a união da família, conciliar as diversas tendências da Igreja Católica (reprimir a ala liberal) e definir seu papel em relação ao Estado.

Na década anterior, as CEBs (Comunidades Eclesiásticas de Base) tinham se propagado pelo interior do país e passado a ter atuação política, e os adeptos da Teologia da Libertação estavam ganhando espaço na estrutura da igreja.

O resultado dessa ação foi sentido nas visitas seguintes, com as principais dioceses do país sob a orientação de conservadores.

12 a 21 de outubro de 1991

Com a Teologia da Libertação reprimida pela Santa Fé, e as CEBs sem o mesmo vigor, a conservadora Igreja Católica abriu espaço para a multiplicação de seitas evangélicas.

Como exemplo, pouco antes da chegada do papa, a Igreja Universal havia levado cerca de 200 mil ao Maracanã. Já a festa da padroeira do Brasil concentrou 130 mil na Basílica Nacional de Aparecida.

Os arcebispos brasileiros creditavam o fenômeno à crise socio-econômica e cultural do país, mas João Paulo 2º admitiu que sua instituição falhava na evangelização e sofria com a falta de agentes pastorais --sua principal missão nessa viagem foi incentivar os bispos à atuação social.

Também condenou os mecanismos que impedem o desenvolvimento econômico no terceiro mundo, a falta de moralidade administrativa e a invasão de terras, assim como a concentração delas (pregou a reforma agrária com moderação).

Essas críticas refletiam o momento que o Brasil vivia: a economia estava em crise (o país estava 4% mais pobre do que em sua última visita, e inflação chegava a 20% ao mês), Fernando Collor de Mello começava a sofrer acusações de corrupção, e o MST já ganhava força.

Outro assunto da ocasião era o automobilismo. Durante a visita, Senna havia se tornado tricampeão mundial, Christian Fittipaldi vencera a F-3000, e Rubens Barrichello se consagrara na F-3 inglesa --os dois últimos eram apontados como grandes promessas mundiais.

O papa chegou até a desistir do discurso sobre a indissolubilidade do casamento, um de seus temas mais abordados, para evitar uma situação constrangedora com Collor, que vivia crise conjugal com Rosane.

O casal, inclusive, não pôde comungar na missa em Brasília, porque o presidente já havia se casado uma vez e não podia ter celebrado o segundo no religioso.

O destaque dessa passagem foi a beatificação da primeira brasileira, madre Paulina (nascera Amabile Lucia Visintainer, na Itália, e morreu no Brasil em 1942), em Florianópolis.

O fato curioso ficou por conta da falsa freira Salete Maria Vieira, que furou a segurança do Palácio do Planalto e se aproximou do papa e do presidente. Ajoelhou-se diante deles e ganhou a bênção. Ela havia sido afastada da igreja havia oito anos, por comportamento incompatível com o estilo de vida religioso. E ficara famosa três anos antes, quando intermediou as negociações de um assalto a banco em Goioerê (PR), foi trocada por reféns e virou heroína.

2 a 5 de outubro de 1997

Na terceira e última visita, a mais curta de todas, João Paulo 2º já estava com a saúde muito debilitada. Não conseguiu realizar o tradicional ato de beijar o chão, descartou encontros, viagens a outras cidades e várias atividades públicas.

Veio apenas para o Encontro Mundial com as Famílias, no Maracanã, e reduziu a apenas oito pronunciamentos (em 1980, foram 51 discursos e, em 1991, 31).

Apesar do esforço de aumentar a atuação social e retomar a influência da Igreja Católica na última visita, o papa não havia conseguido conter a expansão das seitas evangélicas. Estas contabilizavam 4,8 milhões de devotos em 1980 e passou a ter 18 milhões em 97.

Na ocasião, a Assembléia de Deus realizou seu congresso mundial com representantes de 135 países e levou 200 mil ao Campo de Marte, em São Paulo. Já a Igreja Universal reuniu 114 mil no Mineirão, onde Edir Macedo pregou o aborto legal.

A missa de João Paulo 2º no aterro do Flamengo teve a participação de aproximadamente 2 milhões de fiéis.

Apesar disso, o papa já não gozava mais de tanto prestígio, era acusado de ter mentalidade ultrapassada, principalmente quando condenou veemente o aborto, qualquer método contraceptivo e o divórcio.

Isso lhe rendeu protestos de grupos gays, e alguns outdoors anunciando sua chegada ao Brasil sofreram vandalismo. A maior polêmica da visita girou em torno do projeto de aborto defendido pela então primeira-dama, Ruth Cardoso.

Economicamente, o país estava o terceiro ano do Plano Real, com o dólar valendo R$ 1,12, e vivia uma onda de privatizações. Socialmente, as invasões do MST se intensificaram, e o problema do narcotráfico estava latente.

A breve estada do papa foi logo esquecida pela mídia, principalmente pela iminente visita do então presidente americano Bill Clinton.

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