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João Paulo 2º
02/04/2005

Igreja reúne diferentes tendências políticas

PALOMA VARÓN
da Folha Online

A Igreja Católica se organiza em todo o mundo por meio de suas dioceses, divisões regionais, que são regidas por bispos. Isso no campo administrativo. No campo político, ela é multifacetada, há conservadores e progressistas e reúne representantes de várias tendências --muitas vezes conflitantes.

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Missa-show da Renovação Carismática Católica
Missa-show da Renovação Carismática Católica
Em comum, os movimentos apoiados pela igreja no pontificado de João Paulo 2º têm o espírito restaurador, no sentido de restaurar ou conservar os antigos dogmas do catolicismo.

Apesar de tradicionais, eles não são tradicionalistas, pois trazem inovações no ritual, na forma de rezar e mesmo na interação com a sociedade, como por exemplo as missas-show promovidas pela Renovação Carismática Católica.

De características mais conservadoras, o pontificado de João Paulo 2º não representa necessariamente a cara da igreja no mundo, segundo a avaliação do teólogo Fernando Altemeyer Júnior, da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica). "O papa espelha um catolicismo oficial, que representa apenas uns 10% dos católicos do mundo. É como se fosse a ponta de um iceberg, os outros 90% ficam debaixo d'água", diz.

Segundo ele, há também grandes blocos católicos no mundo. "Há um grupo hegemônico, que pode ser considerado mais conservador, que é o grupo de Roma. Mas há a Igreja da África, que tem uma cara diferente; da América Latina, que vive em tensão com o mundo pentecostal, da Índia, que é muito efervescente. A Índia é um dos países que mais tem candidatos a padre no mundo", diz.

"A igreja é uma instituição complexa, de mais de 2.000 anos, presente em muitos países, claro que tem várias caras", afirma. O frei franciscano Antônio Moser, diretor-presidente da editora Vozes, concorda que a igreja tem diferentes caras, a depender do lugar, da cultura em que está inserida. "Correntes diferentes dentro da igreja não são novidade, isso vem desde são Pedro e são Paulo. Depois, vieram as escolas eclesiásticas --tomista, franciscana etc--, sempre houve diversas tendências", completa.

Pluralidade

Com o pontificado do papa, iniciado no final de 1978, alguns movimentos dentro da igreja, considerados mais conservadores, ganharam maior apoio oficial. Alguns deles são o Opus Dei, Comunhão e Libertação, Focolare e Renovação Carismática Católica (RCC).

Em contrapartida, a Teologia da Libertação --movimento considerado progressista, que ganhara força no final dos anos 60, no contexto da análise do fenômeno do subdesenvolvimento-- perdeu espaço na chamada igreja oficial, embora continuasse (e continua nos dias de hoje) existindo e atuando nas Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs) e nos movimentos populares em geral.

Para Altemeyer, a Renovação Carismática representa uma resposta do catolicismo ao avanço das igrejas pentecostais. "Eles são partes de um mesmo movimento", diz.

A Teologia da Libertação e outras vertentes --não necessariamente organizada em correntes, mas que ganharam expressão por estarem ligadas a aspectos culturais, como a teologia da negritude, a teologia feminista, entre outras-- são mais voltadas para a transformação social.

O fato de movimentos como a Renovação Carismática terem mais apoio não significa que a igreja seja menos voltada para o social. "Há teólogos e bispos mais abertos no mundo inteiro, veja o caso da irmã Dorothy Stang. Ela tinha um grupo por trás dela, que é a Igreja no Pará", diz Altemeyer.

Apesar disso, para ele, a divisão da igreja entre conservadores e progressistas é obsoleta. "Já era quando foi proposta e agora não faz sentido algum." Ele cita algumas posições consideradas progressistas do próprio papa. "O papa é mais progressista que qualquer esquerda revolucionária. Ele teve a coragem de peitar Bush na guerra contra o Iraque. Na ONU, tem posições progressistas em relação à economia mundial", diz ele, reconhecendo que nas questões moral, social e ética o papa é bastante conservador.

E qual seria a divisão mais apropriada? "Eu não sei te responder. Na verdade, nego a entrar nessa armadilha. A igreja é plural, vive tensões internas. É conservadora no campo moral e progressista no campo político", finaliza.

Para Moser, não dá para compreender a igreja sem pensar na sua complexidade. "A igreja é plural, várias vertentes se encontram nela e convivem. Não vou dizer que não haja tensões, mas, como o Brasil --que tem grandes problemas socais, mas está na frente em questões como a biotecnologia--, a teologia é cheia de contrastes", diz.

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