02/04/2005
João Paulo 2º reconheceu e pediu perdão por erros da Igreja
da
Folha Online
O pontificado do papa João Paulo 2º foi pontuado pelo reconhecimento de diversos erros e por pedidos de perdão pelas iniqüidades cometidas pela Igreja Católica em sua história.
Reprodução |
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Ilustração mostra mulher sendo torturada em torno pela Inquisição espanhola |
No ano passado, o sumo pontífice pediu perdão pela Inquisição, quando a Igreja Católica torturou e matou pessoas consideradas hereges.
O primeiro pedido de perdão por "erros cometidos" a serviço da verdade por meio do uso de "métodos que não têm relação com a palavra do Senhor" foi feito em 2000.
O papa disse que o pedido de perdão valia "tanto para os dramas relacionados com a Inquisição quanto para as feridas deixadas na memória [coletiva] depois daquilo".
O papa se referia à tortura, aos julgamentos sumários, às conversões forçadas e às fogueiras nas quais foram queimados os acusados de heresia nos processos da Inquisição.
Folha Imagem |
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Index, lista de livros proibidos na Inquisição |
A Alemanha registrou o maior número de "bruxos" e "bruxas" mortos por tribunais civis no começo do século 15, com a morte de cerca de 25 mil pessoas de uma população de 16 milhões.
Em termos proporcionais, o recorde pertence ao Principado de Liechtenstein (Europa central), onde 300 pessoas, ou 10% dos 3.000 habitantes da região, foram mortas por bruxaria. Cerca de 1,8% das pessoas investigadas pela Inquisição foram mortas.
A Inquisição, como ficou conhecido o Tribunal da Inquisição da Santa Igreja Católica, foi criada em 1233 pelo papa Gregório 9º para combater a heresia. Autoridades da igreja, no entanto, logo passaram a contar com autoridades civis para multar, prender, torturar e matar supostos hereges. O processo atingiu um pico no século 16, como resposta à reforma, empreendida pelo monge agostiniano Martinho Lutero.
Galileu
Em 1992, João Paulo 2º fez outro "mea culpa" pela Igreja Católica ao reabilitar o astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642), condenado à prisão perpétua por defender que a Terra girava em torno do Sol.
Galileu soube da invenção do telescópio por um fabricante de lentes holandês e, a partir deste, construiu o seu próprio telescópio, com o qual fez, entre outras, as descobertas de irregularidades na superfície da Lua e das quatro maiores luas do planeta Júpiter --o que contrariava as teorias aristotélicas ensinadas nas universidades italianas de então, dominadas pela igreja.
Em 2001, João Paulo 2º ainda pediu cem vezes perdão por outros erros cometidos pela Igreja Católica no passado. O papa considerava que o ano 2000, ano do Jubileu, era o melhor momento para pedir perdão, mas acabou adiando o gesto simbólico.
A lista de erros pelos quais João paulo 2º se desculpou durante seu pontificado é extensa, incluindo as cruzadas, ditaduras, iniqüidades cometidas contra as mulheres, os judeus, as guerras (incluindo as de religião), excomunhão de religiosos reformadores como Lutero, João Calvino, Ulrich Zwingli e Jan Hus, o tratamento aos negros e as violências cometidas contra os índios da América.
Ainda entraram na lista de erros pelos quais pediu perdão as injustiças, a Inquisição, o integralismo, o Islã, o racismo, os crimes em Ruanda, o cisma do Oriente, a história do pontificado e inclusive pelas responsabilidades dos católicos dentro das máfias e pelos erros cometidos contra a China.
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