28/11/2005
Transparência: Investidor encontra barreira para monitorar recursos
Empresas e seguradoras não divulgam nome dos fundos em que aplicam dinheiro da previdência privada
ADRIANA AGUILAR
COLABORAÇÃO PARA A
FOLHA
Frase
"Não é uma tarefa simples para o investidor pessoa física comparar taxa de rentabilidade e taxa de carregamento entre diferentes produtos de diferentes instituições"
MARCELO D'AGOSTO
economista e sócio-diretor do site Fortuna
Decidir onde investir para complementar a renda na aposentadoria, comparando a performance dos fundos de previdência do mercado, exige um busca trabalhosa. O candidato a entrar nesse mercado é bombardeado por informações sobre os diferentes planos oferecidos pelas instituições financeiras. Mas a verdade é que a maioria omite o nome do fundo para onde vão os recursos do investidor.
O setor também não divulga o movimento de entrada e saída (captação líquida) desses fundos -que no total ficou em R$ 5,4 bilhões, de janeiro a 21 de novembro, segundo o site Fortuna.
O economista e sócio do Fortuna, Marcelo D'Agosto, explica que há bons produtos no mercado, mas é difícil para o aplicador ter acesso às taxas (de rentabilidade, de carregamento e de administração) nos sites das seguradoras e empresas de previdência.
"Não é tão simples para a pessoa física comparar taxa de rentabilidade e taxa de carregamento entre diferentes produtos de diferentes instituições", afirma.
Diariamente, alguns jornais publicam a relação dos fundos de previdência existentes no mercado, com o valor da cota de cada um deles, o patrimônio líquido do fundo, a rentabilidade no dia, no mês e no ano. Alguns fundos também divulgam a taxa de administração, enquanto outros não disponibilizam a taxa.
Mas, se depois de olhar os fundos de previdência listados nas páginas do jornal, o investidor se interessar por conhecer melhor um desses produtos, terá dificuldade para achá-los nos sites das empresas de previdência.
No site, o que aparece na tela é o nome fantasia do plano. Clicando no nome fantasia, em raríssimas situações, serão exibidos os nomes dos fundos nos quais o dinheiro daquele plano é aplicado. A alternativa é entrar no regulamento do plano e verificar os fundos nesse documento.
Caminho difícil
Esse "caminho das pedras" pode ser ainda mais tortuoso. Isso porque nem sempre o regulamento do plano de previdência traz os nomes dos fundos onde o dinheiro está aplicado. Nesse caso, a pessoa tem de anotar o número do processo do plano mencionado no regulamento. Em seguida, entrar no site da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e pegar a CNPJ do plano.
Com a CNPJ, a pessoa só conseguirá identificar os fundos nos quais os recursos estão investidos se tiver acesso a um sistema de busca de fundos por meio do CNPJ. Só então conseguirá verificar a taxa de carregamento que nem sempre está disponível no site da seguradora.
No entanto, em geral essa taxa de carregamento, indicada no regulamento do plano de previdência, não é a praticada no mercado. Nesse documento, apenas está escrito o percentual máximo que essa taxa poderá atingir.
Alguns profissionais das empresas de previdência consultadas afirmam que, quando o cliente recebe o regulamento do plano adquirido, ele tem em mãos o nome fantasia do plano, bem como os nomes dos fundos nos quais o dinheiro dele será aplicado. Os profissionais também explicaram que os extratos enviados aos participantes relacionam os nomes dos fundos de previdência referentes ao plano que foi adquirido.