28/11/2005

Ranking: Bolsa puxou ganhos dos multimercados

Fundos que misturam renda fixa e renda variável foram o destaque nos 18 meses encerrados no terceiro trimestre

DA REPORTAGEM LOCAL

O fundo Prever Platinum RV 49, do Unibanco, foi o fundo de previdência com a maior rentabilidade no ranking preparado pelo Labfin (Laboratório de Finanças da FIA/USP) para a Folha. Obteve uma valorização de 42,59% em 18 meses, prazo mínimo considerado confiável para efeitos estatísticos pelo laboratório de finanças, por se tratar de uma aplicação de longo prazo. Os dados são até o encerramento do terceiro trimestre deste ano.

Os fundos de previdência são aqueles em que são aplicados os recursos aportados pelos investidores em planos abertos de previdência privada. "A rentabilidade analisada é apenas a do fundo e não considera as taxas de carregamento cobradas do investidor sobre cada aporte feito no plano de previdência", explica André Oda, supervisor do Laboratório de Finanças da FIA (Fundação Instituto de Administração).

Segundo ele, o investidor não deve olhar apenas a rentabilidade do fundo em que é aplicado o dinheiro do plano de previdência mas também a taxa de carregamento. "O fundo de uma instituição que rende 1% a mais que o de outra concorrente pode ter uma taxa de carregamento mais alta, que anula esse ganho", alerta Oda.

Para preparar o ranking, o Labfin analisou 123 desses fundos. O critério de seleção foi ter pelo menos R$ 1 milhão de patrimônio e mínimo de 18 meses de histórico. O Labfin também incluiu a rentabilidade em três anos. Os fundos foram separados em dois grupos, sendo classificados os 15 mais rentáveis em cada um.

O grupo de renda fixa e renda fixa multiíndices foi classificado de acordo com as menores perdas em relação ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário). O grupo dos balanceados e dos multimercados com renda variável foi classificado pela performance ajustada ao risco em relação ao CDI (veja quadros).

A performance dos dois grupos, entretanto, não é comparável, alerta Oda. "O risco das duas categorias é muito diferente", diz. Os últimos 18 meses foram bons para fundos de maior risco, como os multimercados, que se valorizaram com a alta da Bolsa. "Mas nada garante que esses fundos irão repetir a performance nos próximos 18 meses", alerta.

Além disso, normalmente há uma grande dispersão nos resultados obtidos pelos fundos de uma mesma categoria: enquanto alguns vão muito bem, outros vão mal. "No ranking, olhamos apenas os melhores fundos em termos de risco/retorno", diz Oda.

Liderança

O fundo do Unibanco é um multimercado e lidera a categoria "Multimercados com Renda Variável e Balanceados", na qual o Labfin analisou 48 fundos de previdência. "O grande diferencial desse fundo é sua alocação em renda variável. Ele pode chegar até o limite máximo de 49% do patrimônio aplicado em ações", diz Pedro Bastos, gestor de renda variável da UAM (Unibanco Asset Management).

Hoje o fundo tem 43% do patrimônio aplicado em renda variável, em linha com a posição mantida nos 18 meses analisados pelo Labfin. O benchmark (referencial) do fundo é o IBrX-50, índice das 50 ações mais negociadas da Bovespa. "No entanto, dos 46 papéis da carteira, 13 não pertencem ao índice, foram selecionados com base em análise do setor e da empresa", explica Bastos.

A parte de renda fixa do fundo foi beneficiada nos 18 meses analisados pela antecipação da alta dos juros no ano passado, quando o fundo ficou aplicado em títulos pós-fixados, que acompanham a curva dos juros, segundo Paulo Certain, gestor de renda fixa da UAM. "A partir de meados deste ano, ajustamos a carteira e passamos a comprar ativos indexados ao IPCA, ficando prefixados", acrescenta Certain.

Renda fixa

Na categoria Renda Fixa, o Bradesco FIC RF PGBL Fix Plus obteve um ganho de 27,2% em 18 meses encerrados em setembro deste ano. Em três anos, o fundo rendeu 73,1%.

Essa categoria concentra a maioria dos fundos de previdência (75 fundos) e o grosso dos investimentos, com um patrimônio líquido total de R$ 34,47 bilhões. O Labfin analisou 59 fundos de renda fixa "puros" e 16 renda fixa multiíndices para selecionar os 15 melhores.

A grande diferença de rentabilidade da renda fixa para os balanceados e multimercados deve-se à composição da carteira. Os de renda fixa visam acompanhar a rentabilidade do CDI, e os balanceados e multimercados buscam superá-la.

No longo prazo, eles tendem a render mais que a renda fixa, segundo os analistas, dependendo do desempenho da Bolsa de Valores. Nos 18 meses encerrados em setembro, o Ibovespa teve valorização de 42,6%.