18/05/2005
Benefício do IR reduzido exige planejamento
SILVANA MAUTONE
COLABORAÇÃO PARA A
FOLHA
Será difícil para o investidor em planos de previdência beneficiar-se da menor alíquota de Imposto de Renda no resgate total da aplicação. Quem entrar em um fundo de previdência neste mês, por exemplo, e optar pela tabela regressiva de tributação terá direito à alíquota de 10% de IR sobre o saldo só em maio de 2015, se até lá não tiver feito outro depósito.
Isso porque o prazo de dez anos é exigido para cada um dos aportes feitos, para que a alíquota mínima valha para todo o dinheiro acumulado.
Segundo cálculos do consultor Maurício Araújo, da Hewitt Associates, feitos a pedido da Folha, quem optar pela nova regra e fizer depósitos mensais no fundo, se após cinco anos sacar todo o dinheiro, ou decidir transformá-lo em renda vitalícia, pagará 30,7% de IR. Após 20 anos, pagará 15%. Mesmo após 40 anos ainda não terá direito ao IR de 10%: o imposto cobrado seria de 11,2%.
"Isso porque o participante sempre possuirá uma parte do seu saldo acumulado composta por depósitos feitos há menos de dez anos. O cálculo feito é uma média ponderada", explica, concluindo que a única maneira de ter direito à alíquota de 10% é deixar de contribuir dez anos antes da data prevista para o resgate.
Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Vida e Previdência, aconselha o consumidor a procurar especialistas para definir o melhor tipo de plano, considerando fatores como idade, valor das contribuições que pode fazer, em qual periodicidade, qual deve ser o valor do benefício que receberá da Previdência Social, quando pretende se aposentar e sacar os recursos. "A nova lei estimula a pensar no longo prazo, mas requer planejamento", diz.
Compare fundos
Esses pontos são fundamentais, inclusive, para o investidor analisar até que ponto é mais vantajoso um fundo de previdência ou um fundo de investimento. O consultor Victor Maia, da VM Consultores, comparou a rentabilidade líquida do VGBL, do PGBL e dos fundos ao longo de 30 anos. Nos quatro primeiros anos, os FIFs se mostram uma melhor opção. Só para quem tem certeza que poderá deixar o dinheiro aplicado por mais tempo os planos de previdência são mais vantajosos.
Maia adverte que é preciso procurar taxas de administração baixas. "No cálculo, foi considerada a mesma taxa para todos, de 1%. Na prática, porém, a média das taxas cobradas nos FIFs é menor do que nos fundos de previdência, o que dá muita diferença no longo prazo", explica.