18/10/2005
Comunicação - 2005: TIM retoma frente com música
Operadora está na memória de 21% dos entrevistados; Nokia é a marca de celular mais lembrada, e Telemar segue na liderança
RACHEL CARDOSO
da
Folha de S.Paulo
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Campanha da TIM |
Para cada grupo de cem brasileiros, existem no país 42,84 celulares, segundo balanço da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
A operadora de celular Vivo continua na liderança do mercado, com 36,47% de participação, seguida pela TIM (Telecom Itália Móbile), com 22,81% das vendas. Mas essas posições se inverteram no ranking do Top of Mind.
Apesar de a Vivo estar numericamente à frente (com 23%, contra 21% da TIM), a companhia italiana volta ao posto perdido em 2004 com o critério de desempate.
Quando perguntados sobre as outras marcas de operadora de telefone celular de que se lembram, além da primeira citada, 51% dos entrevistados disseram TIM, contra 46% dos que citaram a marca concorrente.
Além das duas, foram citadas Oi (13%) e Claro (12%), entre outras.
Nas demais categorias, a Nokia continua vencedora absoluta, com 36% nas menções de aparelho de telefone celular. A Motorola fica com 17%, e a Samsung e a Siemens, com 4% cada uma.
Até por conta da expansão da base de usuários, todas cresceram. Em operadora de longa distância, a Telemar também se mantém na primeira posição, com 23%. É seguida pela Embratel, com 12%.
Operadora de telefone celular
Sobre os resultados obtidos no Top of Mind, o presidente da TIM, Mario Cesar Pereira Araujo, só faz um comentário: "É sinal de que estamos no caminho certo".
A empresa italiana, cujo investimento chega a US$ 1,5 bilhão desde seu desembarque no país, calça o sucesso em um tripé formado por marketing, qualidade dos serviços e mão-de-obra qualificada. "É o conjunto, e não uma única ação, que proporciona essa presença da TIM na cabeça das pessoas", afirma.
O slogan "Viver sem fronteiras" da operadora adota o conceito da música, que pode ser apreciada, ou não, independentemente da etnia. "Nossa idéia é atender o cliente aonde quer que ele vá."
Toda essa visibilidade não teria sentido, segundo ele, sem a tecnologia e os serviços prestados. "Ao adotarmos o sistema GSM [digital], coibimos a clonagem", detalha Araujo.
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Campanha da Vivo |
Com essa filosofia, a operadora patrocina dois dos maiores eventos musicais do país: o Prêmio TIM de Música Brasileira e o TIM Jazz Festival (antigo Free Jazz Festival). Também tem um programa didático de música que atende a alunos de escolas públicas em diversas partes do Brasil.
A empresa também investiu R$ 25 milhões na construção de um auditório idealizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer como parte do projeto do parque Ibirapuera (em São Paulo) inaugurado neste mês.
Apesar de diversificar a publicidade associada à imagem de celebridades, a companhia mantém contrato com o jogador de futebol Ronaldo até 2007.
A parceria de Ronaldo com Robinho no Real Madrid, da Espanha, não se repete aqui: os craques jogam em times diferentes quando o assunto é marketing.
A Vivo assinou contrato com o ex-jogador do Santos, que já protagonizou a campanha de lançamento do Vivo Play 3G ao lado da top model Gisele Bündchen. "Não houve nenhuma grande alteração na estratégia de comunicação", diz o diretor de imagem da Vivo, Hugo Janeba.
A ultrapassagem da TIM, justifica ele, é reflexo do campo de atuação. "A Vivo não está em todo o país, e isso pode ter colocado a empresa em desvantagem", afirma. A operadora atua em 19 Estados, além do Distrito Federal.
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Campanha da Nokia |
A Vivo registrou as maiores citações nas regiões Norte/Centro-Oeste (34%) e Sul (29%). A TIM, por sua vez, teve mais menções no Sul (28%) e no Nordeste (27%). As duas companhias alcançaram o mesmo percentual em cidades do interior do país (21%), contra 26% nas áreas metropolitanas para a Vivo e 20% para a TIM.
As agências Lew, Lara e Mc Cann Erickson se dividem nas atividades de marketing para a TIM, mas, segundo Araujo, o entrosamento é tamanho que fica difícil distinguir quem fez o quê. Na Vivo, o time de criação é composto por Africa, Young & Rubicam, DPZ e Fisher.
Desde 2003, quando a categoria aparelho de telefone celular foi incluída na pesquisa, tem diminuído consideravelmente o número de brasileiros que não se lembram de nenhuma marca -passou de 34% na primeira edição para 17% neste ano.
Entrevistados com mais de 60 anos respondem por 50% desse total, enquanto os jovens apresentam os menores índices (8% de 16 a 24 anos e 7% de 25 a 34 anos).
Operadora de DDD
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Campanha da Telemar |
A Telemar manteve a supremacia no ranking do Top of Mind 2005, com oscilação negativa de um ponto percentual, assim como a rival Embratel. Passaram para 23% e 12%, respectivamente. Se somadas as respostas com os códigos 31 e 21 usados pelas operadoras, esses percentuais sobem para 27% e 19%, nessa ordem.
Além dessas, foram citadas Brasil Telecom (4%) e Telefônica (4%) -o código 15 (da Telefônica) atingiu 3% de lembrança.
A Telemar, com maioria das menções no Nordeste (46%) e em áreas do interior (23%), foi mais lembrada por homens, com 25% contra 21% das mulheres.
No caso da Embratel, os números aparecem equilibrados nesse quesito, com 12% de cada lado. A operadora também registrou maiores lembranças no Sul do país (19%) e em regiões metropolitanas (17%).
Na categoria, o índice de entrevistados que mais souberam citar ou que se lembraram de alguma marca é maior entre pessoas de 16 a 24 anos (21% de não-lembrança). Nessa faixa etária, também se concentram as maiores citações de Telemar (29%) e Embratel (15%).
Segundo o diretor de marketing da Telemar, Alberto Blanco, a operadora adota como estratégia um pacote de ações que vão da variedade e qualidade dos serviços até patrocínios esportivos e culturais. "É esse conjunto de ofertas que consolida a marca da operadora na vida dos consumidores", avalia.
O executivo cita três feitos que marcaram este ano: o patrocínio à seleção campeã de basquete da Copa América, a inauguração no Rio de Janeiro do Centro Cultural Telemar e o Prêmio de Inclusão Social do Instituto Telemar.
Blanco não comenta os valores das verbas destinadas a publicidade e destaca como um trunfo da marca neste ano a campanha "Vida Real", assinada pela NBS, que promoveu o encontro de parentes que não se viam há anos sob o mote: "o código que aproxima as pessoas".
Aparelho de telefone celular
A proliferação dos telefones celulares no Brasil pode ter impulsionado o percentual de lembrança da categoria na pesquisa Top of Mind. Neste ano, a Nokia atingiu seu maior índice desde o começo do levantamento, com 36% das citações, uma alta de três pontos percentuais. A Motorola, vice-líder, também cresceu: passou de 13% para 17%.
Do ano passado para este, caiu de 31% para 18% o percentual de entrevistados que não souberam citar nenhuma marca na categoria. Em 1998, primeira participação dos aparelhos de celular na pesquisa, o índice de não-lembrança foi de 61%.
As maiores citações da Nokia foram registradas no Norte/Centro-Oeste (49%) e no Sul (44%). Também é forte no Nordeste, com 40%. A marca se destaca mais no interior, onde é citada por 39% dos entrevistados, contra 32% em regiões metropolitanas. A maioria das respostas vem do público masculino (38% contra 34%).
Um destaque da estratégia de marketing da companhia neste ano é o Nokia Trends, segunda edição de um evento brasileiro de música eletrônica que será exportado para Berlim.
A fabricante também passou a patrocinar a Stock Car, e, segundo o executivo, isso rendeu um aumento da percepção da marca. "A idéia é sempre fugir do convencional", diz o diretor de marketing da companhia, Anderson Ramos.
O diretor cita a linha Fashion Collection, que uniu a grife Ricardo Almeida aos aparelhos top de linha, com design arrojado. "É uma garantia para que o celular não se torne commodity", afirma.