15/02/2006

Commodities, consumo e banco são os destaques

ADRIANA AGUILAR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Algumas ações ligadas a commodities, ao setor de consumo e a bancos ficaram acima do índice Ibovespa em janeiro. A expectativa dos analistas é de que esses setores mantenham o ritmo de alta neste ano.

"Petrobras, Vale, Bradesco e Itaú são algumas dessas ações que já valorizaram muito. Mas são empresas que estão sempre aperfeiçoando a gestão e apresentam geração de caixa crescente", diz o sócio da Mercatto Gestão de Recursos, Paulo Veiga. "São indicações óbvias, mas é preciso ter muito cuidado com a aplicação do investidor", afirma.

No primeiro mês do ano, o papel preferencial (sem direito a voto) da Petrobras valorizou 28,03%, enquanto o Ibovespa subiu 14,73% no mesmo período. Apesar da rápida alta, os analistas de sete instituições consultadas avaliam que há espaço para mais e recomendam a compra do papel. Na opinião do analista do Banif Investment Banking, Luiz Caetano, a ação da Petrobras é a porta de entrada para os investidores estrangeiros na Bolsa. Por isso, em janeiro, o volume de recursos vindos de fora teria contribuído para a rápida elevação do papel.

Não é sem motivo que haja tanto interesse, inclusive por parte de investidores locais. Caetano estima que os lucros da Petrobras cresçam mais do que o alcançado por outras petrolíferas internacionais. Diante de um lucro expressivo, o resultado da relação Preço/ Lucro (P/L) fica menor do que o das empresas de fora do mesmo setor. E quanto menor o P/L, menor o tempo que o investidor leva para ter retorno com a ação.

Caetano lembra que a produção da Petrobras é crescente e poucas empresas conseguem isso. Mas observa que parte das refinarias brasileiras, construídas em décadas passadas, só refina óleo leve (com baixo teor de enxofre). Cerca de 70% das refinarias do país são capazes de refinar o óleo pesado extraído pela Petrobras. O óleo leve (30% mais caro e que segue o preço da WTI no mercado internacional) precisa ser importado.

A analista do Banif explica que o Brasil só conseguirá ter auto-suficiência quando todas as refinarias brasileiras estiverem capacitadas para processar o óleo pesado. Isso não ocorre hoje. Neste ano, a expectativa é de que a companhia brasileira alcance a equivalência entre o que produz e o que importa ainda no primeiro semestre.

Vale

A Vale do Rio Doce está entre as principais indicações das corretoras. Cotada a R$ 87,15 no dia 10 de fevereiro, a ação preferencial da Vale, séria A (Vale PNA) pode chegar a R$ 123,11 até o final deste ano, segundo projeção da analista de mineração Cristiane Viana, da Ágora Sênior Corretora.

A Vale empresa foi beneficiada pelo aumento da demanda global de minério e pelo forte reajuste de preços do ano passado. O mercado aguarda a nova rodada de negociação internacional de preços do minério sem data marcada para terminar. O novo preço pode sair nos próximos meses. A expectativa é que haja um aumento de, no mínimo, 15%, avalia Cristiane.

Outro setor que deverá ter valorização em 2006 é o de consumo, que inclui empresas de alimentos, bebidas e redes de varejo. Ele será receberá estímulo de várias frentes. "Uma delas é a eleitoral", aponta o analista do setor de consumo da Fator Corretora, Marcio Kawassaki. "Já é esperado que o governo aumente seus gastos no mercado doméstico para impulsionar a economia", diz.

Outra é a Copa do Mundo de Futebol que, tradicionalmente, aquece as vendas de TVs e DVDs. A principal frente, porém, está sendo aberta pela conjuntura econômica, com vários indicadores positivos. Além da queda nas taxas de juros, o desemprego no mês de dezembro ficou em 8,3%, segundo o IBGE- o índice mais baixo desde março de 2002 - e, em abril, haverá o aumento do salário mínimo para R$ 350. "O aumento do poder de compra, deve estimular não só o consumo de alimentos como também o de bens duráveis", diz Kawassaki.

Bancos

Os bancos também lucram mais com o atual momento, ampliando sua carteira de crédito para os financiamentos. Por isso, as ações do setor também continuam em alta em 2006. O analista chefe da corretora Agora Sênior, Marco Melo, tem a ação Bradesco PN entre as principais indicações, enquanto a Socopa corretora recomenda a compra da Itaú PN.

Segundo levantamento da consultoria financeira Economática, o setor bancário respondeu por 22,7% do volume total de lucro das empresas de capital aberto em 2004. Em 2003, o setor participava com 29,8% do total de lucros. Há quatro anos, setor bancário é o que apresenta o melhor desempenho de lucratividade.