29/01/2006
Teoria e prática: Sozinho, título não traz sucesso nem ascensão
Popularizado, diploma perde força como diferencial, mas se torna mais necessário
BRUNO LIMA
da
Folha de S.Paulo
Leonardo Wen/Folha Imagem |
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Quanto vale um título de pós-graduação? Para responder à pergunta, é preciso calcular as coordenadas do investimento --em tempo e em dinheiro-- e traçar cenários para o futuro.
Como grife no currículo, o título até abre portas nos processos seletivos, mas, sozinho, não assegura o sucesso nem torna o aluno um melhor profissional. O mesmo vale para o conhecimento teórico. O segredo está em converter o conteúdo em desempenho.
Os custos e os benefícios variam de acordo com o tipo de curso, e o nível de dedicação, segundo os especialistas, tem relação direta com as transformações na carreira. Há exceções, mas, em geral, o mercado valoriza o esforço de quem se prepara melhor.
O número de profissionais qualificados no mercado cresceu muito nos últimos anos, revelam dados da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que regula os cursos "stricto sensu" no país.
De 2000 a 2005, o número de cursos de mestrado e doutorado sofreu incremento de 44% --foram abertos 1.014, totalizando 3.325. A quantidade de alunos cresceu 17% de 2000 a 2004, chegando a 112.938, e o número de escolas cresceu 6,3% e foi a 543.
Com mais titulados no mercado de trabalho, o diploma de pósgraduação perde valor como diferencial de currículo, mas, exatamente por isso, de acordo com os consultores de carreira, torna-se mais necessário para competir.
ANTES
O aperfeiçoamento sempre foi a preocupação de Juliana Seidel (foto), 27. "Não podemos considerar que estamos ‘garantidos’ em nenhum lugar." Graduada em engenharia química pela Unicamp em 2002, já passara pelo programa de estágio da Tetra Pak e estava contratada como engenheira quando optou por fazer mestrado em tecnologia ambiental. Tinha dois anos de formada e esperou para achar o curso certo. "Queria algo que complementasse meu trabalho. O encontro entre empresa e profissional só é mantido enquanto há benefício para ambos."
DEPOIS
No mestrado, ela pesquisou o processo de reciclagem das embalagens do tipo longa vida, desde a coleta seletiva até o reaproveitamento do papel, do plástico e do alumínio que compõem o material. No meio do curso, foi promovida a especialista de desenvolvimento ambiental. Neste mês, pouco mais de um ano após a defesa da dissertação, foi enviada à Suécia, onde, por seis meses, dará suporte à área de reciclagem de uma empresa do grupo. Na volta, quer retomar os estudos. "Já sou aluna especial na Unicamp e pretendo fazer doutorado."