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29/01/2006

"Stricto sensu": Mais exigente, curso ganha mercado

Apesar de demorados, programas com chancela da Capes atraem adeptos e começam a ser valorizados por empresas

RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
Colaboração para a Folha

Leonardo Wen/Folha Imagem
O sistema de pós-graduação "stricto sensu" do país reúne hoje 130 mil alunos --80 mil em mestrados acadêmicos e profissionais e 50 mil em doutorados--, segundo dados do governo e das universidades compilados por Fátima Bayma, estudiosa de pós-graduação e mercado de trabalho e professora da FGV-Ebape.

De 1987 a 2003, a procura pelo mestrado cresceu 12,9%, e pelo doutorado, 15,4% no país, de acordo com estudo apresentado pela professora em dezembro.

O mercado de trabalho, por sua vez, já não se restringe aos laboratórios de pesquisa e às salas de aula. Incentivados pelo interesse das empresas em ter funcionários mais preparados, os profissionais aderem a esse modelo de curso.

Não sem algumas dificuldades. Uma delas é tempo: a duração média do mestrado é de dois anos, e a do doutorado, de quatro, sem levar em conta a preparação da tese ou da dissertação no final (os "lato sensu" podem durar um ano e não exigem entrega de tese).

Há nuances dentro desses períodos e, conforme o caso, pode haver extensão de prazo. Se o aluno tiver bolsa, terá de estudar em período integral, o que significa deixar o mercado de trabalho por um tempo. A obtenção de uma bolsa, aliás, é outro fator complexo. "A demanda está bem maior do que a capacidade", diz Bayma.

O aumento do financiamento, por meio de parcerias com o setor privado, está entre as metas do Plano Nacional de Pós-Graduação (2005/2010) da Capes, que prevê a formação de 16 mil doutores por ano a partir de 2010 (o dobro do número atual), segundo o seu presidente, Jorge Guimarães.

Mesmo assim, muita gente toma coragem. Pesquisa de Jacques Velloso, professor de economia da educação da Universidade de Brasília, com apoio da Capes, mostrou que, nos setores de administração, direito, economia, engenharias elétrica, civil e mecânica, geociências, odontologia e psicologia, por exemplo, cerca de 50% dos mestres provavelmente não partirão para o doutorado nem trabalharão na academia.

Já os que escolhem o doutorado provavelmente têm vocação para a docência. De fato, as universidades, segundo Velloso, empregam 75% dos doutores que se formam.

O restante está conquistando novos nichos. A Natura, por exemplo, emprega biólogos com a titulação para desenvolver uma pele artificial que simularia as reações do órgão humano, na qual pretende testar seus produtos.

"O profissional que faz o ‘stricto sensu’ não é só o que vai para a academia, isso acabou anos atrás", diz Luiz Fernando Reis, coordenador de ensino do Hospital do Câncer. "Já formei 136 alunos. Só 14 estão na universidade."

Ainda assim, há setores que reclamam de falta de vaga, como o dos físicos. "Temos vários ex-alunos de pós-doutorado sem colocação", diz o vice-diretor do Instituto de Física Teórica da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Rogério Rosenfeld. "É uma exceção. O problema é que as pessoas não querem sair de São Paulo", rebate o presidente da Capes.

ANTES

O físico Eduardo Gregores, 47, já trabalhou como professor de ensino médio. Sua paixão, no entanto, sempre esteve nas partículas elementares e na pesquisa básica. Aos 30 anos, decidiu dedicar-se à ciência. Depois do mestrado e do doutorado, fez dois pós-doutorados. Seu objetivo era pesquisar e dar aula na universidade, "pois transferir conhecimento aos estudantes faz parte do processo". Conseguiu uma posição temporária como professor colaborador no IFT (Instituto de Física Teórica da Unesp), enquanto continuava a participar de vários concursos para docência. "Foram seis ou oito [exames] nos últimos sete anos", revela o físico.

DEPOIS

Gregores nunca obteve vaga nos concursos que prestou. Hoje, com mais de 50 trabalhos publicados e cerca de 600 citações em revistas internacionais, espera uma oportunidade, enquanto não termina o contrato de sua bolsa de jovem pesquisador em centros emergentes da Fapesp. "Há poucas chances. Os concursos são destinados a grupos de pesquisa já estabelecidos", diz. "No IFT, a última vaga aberta foi há mais de dez anos." Para ele, é urgente a criação de mais universidades que façam pesquisa. Buscar vaga no mercado privado, segundo o físico, não adianta: "Minha carreira é de pesquisa básica, não há indústria que invista nisso."


     

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