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29/01/2006

Bolsa e trabalho: Normas exigem vida ‘espartana’

Especialistas em finanças calculam que, só com a bolsa, é difícil cobrir despesas

MARIANA IWAKUR
Colaboração para a Folha

Leonardo Wen/Folha Imagem
A Quem quiser ter bolsa de mestrado e doutorado dos grandes fomentadores de pesquisa no Brasil --Capes, CNPq e agências estaduais, como Fapesp-- encontrará um impasse. As instituições exigem dedicação exclusiva à pesquisa. Por outro lado, os alunos têm dificuldade para se manter só com o valor recebido com a bolsa.

Segundo especialistas em finanças, em São Paulo, por exemplo, vive-se mal com menos de R$ 1.500 ou R$ 2.000 mensais, valores maiores que os das bolsas (em média R$ 1.270 para doutorado e R$ 850 para mestrado).

"É preciso ter economias ou ajuda familiar", ressalta o professor Ricardo Rocha, do Ibmec São Paulo. "A equação não fecha", resume Fabio Gallo Garcia, da FGV-Eaesp. "Alguns doutorandos sobrevivem só com bolsa, mas no estilo espartano: moram em república, usam livros da biblioteca e comem no bandejão."

As agências fomentadoras de pesquisa têm argumentos para exigir exclusividade. "O rendimento do aluno é maior, e o retorno para o país, mais rápido", declara José Fernandes de Lima, diretor de programas da Capes.

"Como o número de benefícios é pequeno, um aluno com bolsa e salário prejudicaria os outros", diz José Roberto Drugowich, diretor do CNPq. Eles admitem que o valor da ajuda de custo é baixo. "Cobramos muito para o dinheiro que damos", avalia Lima.

Há exceções. O trabalho é permitido para alunos de escola privada, se a bolsa só cobrir a mensalidade. "Foi fundamental, não tinha como bancar o curso", conta Maria Teresa Larocca, 42, que obteve bolsa da Capes na PUC-SP.

Há outras experiências autorizadas que podem render até emprego após a defesa. A atividade didática em universidade pública, que serve de treino para a docência, é permitida e remunerada, desde que se relacione à pesquisa.

Já na modalidade de doutorado-sanduíche empresarial do CNPq, o bolsista pode passar até seis meses desenvolvendo pesquisa em uma empresa. "É uma porta que se abre", diz Drugowich.

Trabalhar quando não é permitido pode ser mau negócio. Constatada a fraude, o aluno perde a bolsa. "Isso ocorre uma ou duas vezes por ano", diz Lima. "Alguns casos são resolvidos na própria universidade, onde se faz a fiscalização." Outra punição pode ser devolver os valores recebidos.

Orientadores também não querem que seus bolsistas trabalhem. Professores que tiveram alunos descobertos na fraude contaram à Folha que perderam credibilidade nas instituições de fomento.

ANTES

"Emprego com carteira assinada e direitos trabalhistas, hoje em dia, não é fácil conseguir." Foi isso que M.S., 28, pensou quando decidiu começar um mestrado na área de química, com bolsa, mas sem parar de trabalhar. Ele dava aulas em uma escola particular, mas queria aprofundar os conhecimentos em sua área para, no futuro, lecionar no ensino superior. "Precisava do salário da escola para complementar a renda e não queria dar um passo atrás, perder essa conquista", diz. A tarefa não foi fácil, e o ritmo apertou quando se acumularam disciplinas, experimentos, relatórios e correção de provas.

DEPOIS

A dificuldade foi grande e ele cogitou as hipóteses de parar de dar aulas ou de largar o curso. "Pensei no futuro e coloquei o pé no chão. Decidi continuar." A bolsa acabou após dois anos, mas ele prosseguiu com a pesquisa por mais um ano, até defender a dissertação. No processo, diminuiu o número de aulas que dava na escola para acomodar as exigências da pós. Na universidade, seu emprego continuava sendo segredo. No final, tinha conseguido até juntar algum dinheiro. "Senti-me mais capacitado, e o mestrado foi bem recebido na escola", conta. Para o doutorado, ele pensa em pedir licença do trabalho. "A exigência é grande, mas a bolsa também é maior."


     

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