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31/07/2006

Cenário para investir: Sob o signo da incerteza

por SANDRA BALBI

Decidir onde aplicar exige autoconhecimento e visão dos riscos que fazem o mercado financeiro chacoalhar


sxc.hu
Você tomaria um remédio "tarja preta" sem consultar um médico? A automedicação pode lhe custar tão caro quanto decidir sozinho o melhor destino para o seu dinheiro em um mundo de incertezas como o que estamos vivendo.

Nos próximos meses, dizem os analistas, novas turbulências devem atingir o mercado financeiro por conta de conflitos internacionais que provocam aumento do preço do petróleo e da instabilidade da economia americana e seus efeitos sobre os mercados emergentes como o Brasil.

Para que a crise externa não acabe envenenando suas economias você tem duas alternativas: "Consultar um especialista em investimentos, que analisa dia-a-dia as variáveis econômicas, ou ser você mesmo um financista", diz Robert John van Dijk, diretor-superintendente da Bram (Bradesco Asset Management).

Embora hoje os bancos disponham de consultores certificados pela Anbid (Associação Nacional de Bancos de Investimentos) para orientar os clientes, dificilmente você encontrará um Warren Buffet, o megainvestidor que construiu uma fortuna de US$ 43 bilhões, para iniciá-lo nas manhas das finanças.

E, mesmo que você procure os conselhos desses consultores, eles só poderão ajudá-lo se seus objetivos forem claros. "Defina se vai poupar para o médio ou o longo prazo e arme-se de informações", alerta Dijk.

Para quem vai comprar um imóvel daqui a seis meses, por exemplo, os analistas recomendam aplicações que preservam o dinheiro das flutuações a que estará sujeito o mercado até o final do ano. "Quem quer segurança deve buscar aplicações atreladas ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário)", diz Aquiles Mosca, estrategista de investimentos do ABN Amro Asset Management.

Outra opção são os fundos de renda fixa, que buscam prefixar a taxa de juros antes que ela caia e podem render um pouco mais que os fundos DI. Mas também oscilam mais.

Se os recursos forem ficar aplicados por mais de 12 meses, avalie se não é o caso de colocar uma parte em Bolsa ou em fundos multimercados. "Nesse caso, a pessoa precisa avaliar a capacidade que tem de suportar as oscilações desses mercados", diz Mosca. "Decidir onde investir é um processo de autoconhecimento." E, também, de conhecimento dos fatores que influenciam as aplicações financeiras.

Decifre o mercado

Neste momento é preciso uma boa dose de paciência e disposição para entender por que o mercado financeiro global entrou numa gangorra desde maio, e quais os possíveis desfechos do atual sobe-e-desce da Bolsa, do dólar e do movimento dos juros que andam em sentido oposto aqui e lá fora. Enquanto no Brasil estão em queda, nos EUA, no Japão e na Europa, sobem.

"Daqui até o final do ano, fique de olho nos fundamentos", recomenda Alexandre Matias, economista-chefe da UAM (Unibanco Asset Management).

Não se assuste com a terminologia: ela não tem relação com nenhuma seita fundamentalista radical. Fundamentos são alguns indicadores econômicos básicos que atestam a saúde de um país. Se eles são ruins, como nos anos 90, um ajuste nos mercados financeiros globais pode virar uma forte crise interna, e suas aplicações correm o risco de azedar.



Hoje, os chamados "fundamentos" da economia brasileira (inflação, balança comercial, saldo em transações correntes e relação dívida/ PIB) registram melhoras substanciais (veja quadro na pág. 15). Se eles piorarem, o país estará mais vulnerável a crises externas, e seu dinheiro sujeito a maiores riscos.Como o risco, hoje, vem de fora, é importante acompanhar também a evolução dos indicadores externos, especialmente da economia dos EUA.

O risco de uma brecada na economia americana com uma puxada mais forte nos juros parece ter diminuído há duas semanas, quando o Fed, o banco central dos EUA, sinalizou que o processo de alta termina no dia 8 de agosto, com mais 0,25 ponto percentual de aumento, levando a taxa básica para 5,5% ao ano.

O mercado financeiro internacional viveu momentos de estresse em maio e junho diante do temor de que o Fed puxasse a taxa para 6% ao ano, para brecar a inflação, o que provocaria o desaquecimento da economia americana com reflexos na economia global.

"Esse temor fez os investidores internacionais reduzirem suas aplicações em ações e títulos dos países emergentes, migrando para os títulos do Tesouro americano nos últimos meses", diz Walter Mendes, diretor de renda variável do banco Itaú. Dos US$ 32 bilhões que entraram no mercado de ações dos países emergentes entre janeiro e abril deste ano, US$ 20 bilhões saíram a partir de maio.

Foi esse ajuste nos portfólios dos investidores estrangeiros que fez balançar o mercado financeiro em maio e em junho. Entre os analistas de mercado há um certo consenso de que a maior parte desse ajuste já foi feita.

Daqui para a frente, dizem eles, o mercado viveria momentos de volatilidade (oscilação), embora menos intensa do que a de maio e de junho, e a médio prazo tenderia a retomar seu curso de alta. Há controvérsias.

Nuvem negra

Ricardo Carneiro, professor do Instituto de Economia da Unicamp, diz que ainda não houve uma correção significativa nos preços das ações, dos imóveis e do custo do dinheiro (juros) na economia global.


"A gangorra da oscilação de preços desses ativos deve prosseguir neste semestre, até que venha uma correção mais forte", afirma Carneiro. Mesmo que prevaleça o cenário mais pessimista, traçado por ele, não se vislumbra entre os especialistas o risco de uma crise como a da década passada, quando o Brasil foi engolfado pelo turbilhão que veio da Ásia e da Rússia.

"Hoje o mundo é outro. Em 97, 98 e 99, havia uma crise do balanço de pagamentos (no total das transações dos países emergentes com o exterior, saía mais dólar do que entrava), lembra Mendes. "Os países não tinham como pagar a dívida externa, e a Rússia entrou em moratória."

Embora a situação dos emergentes, e em particular do Brasil, seja melhor hoje, "há uma vulnerabilidade embutida no lado real da economia brasileira que deve se colocar a partir de 2007", diz Fábio Silveira, sócio da RC Consultoria. "Trata-se do enfraquecimento da economia com a perda de renda dos setores exportadores, por conta do câmbio valorizado e do juro alto", acrescenta.

Se persistir essa política (juro alto e câmbio valorizado) a balança comercial vai encolher e, em dois anos, volta a vulnerabilidade externa do país, segundo Silveira. A RC projeta o saldo da balança comercial, em 2007, de US$ 35 bilhões e em conta corrente de US$ 8,6 bilhões –quase metade do saldo de 2006.

Outro ponto vulnerável, segundo Carneiro, é a abertura financeira do país. Desde 2000, mudanças na legislação facilitaram aos residentes investir no exterior, e deram aos não residentes maior facilidade de aplicar no mercado local. "Há muito investimento de estrangeiro, em Bolsa e em títulos de renda fixa", alerta.

Num cenário de forte ajuste de preços dos ativos financeiros e mudança de expectativa do mercado, tanto os estrangeiros como os investidores locais podem tirar rapidamente o dinheiro do país, aplicando em títulos do Tesouro americano, por exemplo. "Isso criou um risco de ataque especulativo contra o real", afirma.

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