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31/07/2006

Economia EUA: A grande bicicleta Americana

por FERNANDO CANZIAN

Período econômico atual é o melhor em três décadas, mas depende de prosseguir o financiamento externo ao país

Archive Holdings/GettyImages
Fotomontagem sobre imagem de Nova York
Fotomontagem sobre imagem de Nova York
O ano de 2006 tem tudo para consolidar um dos melhores períodos de bonança econômica em mais de três décadas. Serão quatro anos de forte crescimento nas principais economias do mundo, algo inédito desde o quadriênio 1971-74.

Como nada dura para sempre, a pergunta de US$ 1 milhão que os economistas se fazem hoje é quando, e se, a grande "bicicleta" que move a maior economia do planeta, a norte-americana, vai desacelerar, parar e, eventualmente, tombar. Em qualquer dos dois cenários, de desaceleração ou queda, o mundo vai sofrer, especialmente os países periféricos como, por exemplo, o Brasil.

A economia mundial vive hoje um capítulo singular. Os EUA são o motor da atual pujança, mas o detalhe importante é que sua gigantesca economia agora corre com forte ajuda de pernas alheias. Em uma simbiose financeira, são as economias terceiro-mundistas, China à frente, que hoje financiam a febre desenfreada do consumo norte-americano.

Os EUA carregam hoje os chamados "déficits gêmeos". Basicamente, o país gasta, internamente, muito mais do que arrecada em impostos e, externamente, compra de outros países muitos bilhões de dólares a mais do que é capaz de pagar.

O financiamento dos EUA se dá, principalmente, pela compra de títulos do seu governo por outros países. São papéis de investimento considerados extremamente seguros que atraem de fora os dólares que os EUA precisam para sustentar seus enormes rombos.

Em 2006, o déficit em conta corrente dos EUA é estimado em 6,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Já o déficit fiscal teve seu limite elevado quatro vezes durante a atual administração George W. Bush, para um total de US$ 3 trilhões. Qualquer outro país do mundo provavelmente estaria em meio a um enorme ataque especulativo contra sua moeda se tivesse esses dois indicadores tão ruins –e, obviamente, se essa moeda não fosse o dólar.

O economista Peter Peterson, ex-chefe do Fed (o banco central dos EUA) em Nova York, afirma, porém, que o "almoço grátis" desfrutado pelos EUA com dinheiro alheio está perto do fim. A atual fragilidade do dólar seria um prenúncio.

Peterson acredita que os EUA podem se deparar, em poucos anos, com um quadro de insolvência e forte ataque contra sua moeda. Os "déficits gêmeos" seriam a ponta do iceberg da precariedade das finanças americanas. Ele calcula que o conjunto dos rombos do sistema previdenciário e de saúde dos EUA passarão dos US$ 30 bilhões atuais para mais de US$ 780 bilhões em 15 anos.

Duplo efeito

Jason DeCrow/AP
Em Wall Street, onde fica a sede da Bolsa de Nova York, preocupação com a alta dos juros
Em Wall Street, onde fica a sede da Bolsa de Nova York, preocupação com a alta dos juros
Alguns economistas vêem por trás da persistente alta das taxas de juros dos EUA uma tentativa de matar dois coelhos com uma tacada: controlar pressões inflacionárias latentes provocadas por essa pujança econômica "a crédito" e tornar os títulos norte-americanos mais atrativos. Em junho, o Fed subiu pela 17ª vez consecutiva o juro básico, hoje em 5,25% ao ano.

Na ala dos pessimistas também figura o badalado economista norte-americano Paul Krugman. Ele vê uma chance de meio a meio entre um "hard landing" (pouso forçado) e um "soft landing" (pouso suave) para a economia americana. "É surpreendente a determinação de outros países continuarem financiando os EUA. Mas isso não vai durar para sempre", afirma Krugman.

Uma rachadura no atual sistema de financiamento dos EUA obrigaria o Fed a aumentar abruptamente as taxas de juros para atrair investidores. Nesse cenário, de "hard landing", os dólares que hoje irrigam outras economias convergiriam para os EUA, trazendo dificuldades para quem não tiver grandes reservas. Existem, no entanto, outras possibilidades intermediárias entre a permanência do status quo e a teoria do caos.


Para Alexandre Bassoli, economista-chefe do banco HSBC, não são apenas os EUA os protagonistas do atual "aperto mo-netário" que vem levando ao aumento das taxas de juros nas economias centrais. E esse aperto não seria, necessariamente, de todo negativo.

Na sua opinião, enquanto vai ficando para trás um cenário de "maior exuberância", há compensações em outros lados. "Economias como China e Índia devem continuar ainda em um bom ritmo por muitos anos, o que é muito positivo para países exportadores de commodities como o Brasil", afirma. Bassoli avalia não ser o "hard landing" o cenário mais provável.

Para Ramón Aracena, economista de Washington do IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), o aumento nas taxas de juros nos EUA tende a corrigir uma série de desequilíbrios internacionais e não precisa, necessariamente, afetar bruscamente as economias emergentes.

"Quem estiver preparado para esse aperto pode acabar se beneficiando", afirma. No caso do Brasil, tanto Aracena como Bassoli acreditam que a situação hoje é sólida o suficiente para que o país se saia bem em um cenário não-catastrófico.

Glossário

Aperto monetário - Quando os juros são elevados para enxugar o volume de dinheiro na economia e combater a inflação

Ataque especulativo - Quando investidores vendem moeda ostensivamente, forçando uma desvalorização

Déficit em conta corrente - Quando é negativo o resultado das transações comerciais e de serviços de um país com o mundo

Déficit fiscal - Quando os gastos do governo excedem a arrecadação com impostos

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o futuro da economia americana
  • Leia o que já foi publicado sobre dicas de investimentos

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