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31/07/2006

Mercados emergentes: Estrelas cadentes

por ÉRICA FRAGA

Mesmo que não haja uma crise, os fluxos abundantes de capitais para as economias emergentes deverão ser reduzidos

Murad Sezer/Ap
Mulheres passam diante da bandeira da Turquia, país que sofreu fuga de capitais
Mulheres passam diante da bandeira da Turquia, país que sofreu fuga de capitais
A expressão mercados emergentes, hoje, está longe do estigma de economias problemáticas que marcou o grupo de países que começaram a despontar e a atrair capitais há cerca de 15 anos. Muitas das economias que se escondem atrás dessa “marca” mudaram para melhor, embaladas pelo forte crescimento mundial. Isso não significa, no entanto, que tenham se livrado de seu pecado original: o risco elevado. E em tempos como os atuais, de alta de juros no mundo desenvolvido, desequilíbrios econômicos globais crescentes e uma escalada de tensões geopolíticas, os investidores tendem a fugir do que parece arriscado.

Há, então, uma crise no horizonte de países emergentes como o Brasil? A boa notícia é que esse não é o principal cenário previsto. A má notícia é que os riscos de ocorrer uma crise aumentaram nos últimos dois meses. Na melhor das hipóteses, os fluxos de capitais abundantes para as economias emergentes deverão ser reduzidos.

Pela primeira vez em seis anos, os bancos centrais da União Européia, dos Estados Unidos e do Japão estão subindo os juros simultaneamente, o que é sinônimo de retornos financeiros mais elevados nesses países. Com isso, a grande vantagem oferecida pelos emergentes -retornos comparativamente bem mais altos- perde parte de sua atratividade.

O problema é agravado pelo fato de que investidores vinham tomando recursos a juros baixos nos países desenvolvidos para aplicar nos mercados emergentes. Isso significa que boa parte dos recursos investidos nesses países é formada por capital altamente volátil -o que reforça outros riscos oferecidos pelos emergentes.


É verdade que, em comparação com quatro anos atrás, muitos desses países apresentam hoje bem menos vulnerabilidades. O Brasil é um exemplo. Como outros da América Latina, migrou de déficits históricos em sua conta corrente para sólidos superávits, como conseqüência do forte aumento de exportações impulsionadas por grande demanda da China e altos preços das commodities. Muitos governos aproveitaram o cenário externo favorável para aumentar substancialmente suas reservas internacionais -protegendo-se contra crises externas- e equacionar suas dívidas.


Mesmo com essas medidas, as vulnerabilidades -que determinam os riscos- não desapareceram. Com baixa poupança interna e uma dívida pública muito alta em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), os emergentes continuam dependendo fortemente de capital externo para se financiar. Isso os torna vulneráveis a uma inesperada e intensa fuga de capitais.

Outro problema é que a pauta de exportação está concentrada em poucas commodities. Em um cenário de contração forte da demanda global e de queda significativa nos preços desses produtos, os admiráveis resultados recentes das contas externas seriam parcialmente revertidos.

No caso da América Latina, soma-se a isso uma tendência recente de políticas nacionalistas agressivas em países como Venezuela e Bolívia. Com o novo cenário externo, investidores que, até então, não pareciam muito preocupados, podem mudar de opinião.

Um sinal claro da maior aversão a riscos vem sendo dado nos últimos meses. Uma fuga de recursos de países do Oriente Médio derrubou as Bolsas da região, depois de altas excessivas alimentadas por uma chuva de petrodólares. Esse movimento foi seguido pela venda de apreciadas moedas locais, provocando desvalorizações cambiais em países como Hungria e Turquia -e é capaz de balançar o real e outras moedas.

O que mais pode vir pela frente? É mais provável que os mercados emergentes passem por mudanças menos devastadoras do que aquelas verificadas nas crises do fim da década de 90 -Ásia (1997), Rússia (1998) e Brasil (1999)- porém, mais fortes do que uma simples correção. De agora em diante, uma maior volatilidade nos preços de ativos é altamente provável. Além disso, algumas tendências deverão mudar. No Brasil, por exemplo, o movimento de apreciação do real iniciado em 2003 vai perder força. A perspectiva é de maior estabilidade cambial. Porém, o risco de uma forte desvalorização é mais alto hoje do que há alguns meses.

As consequências da maior aversão a risco tendem a ser mais negativas em países com maior vulnerabilidade, como Turquia e Hungria -cujos déficits em conta corrente ainda são substanciais- do que nos países que passaram por ajustes, como Brasil e México. Mas, se uma crise econômica global for detonada, ainda que variem de tamanho, os estragos se fariam sentir em todo o mundo emergente.


Risco de contágio é menor

As ameaças contra a economia global aumentaram bastante nos últimos meses. Uma deterioração das já elevadas tensões geopolíticas -principalmente no Oriente Médio- levaria a uma alta ainda mais forte do preço do petróleo, comprometendo seriamente a economia global.

Mas, mesmo no caso de uma crise, o risco de que vários emergentes enfrentem simultaneamente problemas para pagar suas dívidas é bem menor. Ainda que países como Turquia e Hungria tenham dificuldades para atrair recursos para cobrir suas necessidades de financiamento, o perigo de contágio para outros emergentes caiu bastante. Afinal, escaldados, investidores passam a entender melhor as diferenças de cada país e não tendem a fugir com a mesma velocidade -e intensidade- de todas as economias ao mesmo tempo.

Ainda assim, uma possível crise traria conseqüências mais negativas do que as atualmente previstas. Mesmo aqueles emergentes em melhor “forma” econômica, tenderiam a sofrer com juros domésticos mais altos, saída mais intensa de recursos das Bolsas e forte desvalorização das suas moedas -em vez de estabilidade cambial.

Érica Fraga é analista de América Latina da consultoria britânica Economist Intelligence Unit

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