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31/07/2006

China: Poupança vermelha

por CLÁUDIA TREVISAN

Com US$ 3,7 trilhões em depósitos bancários e poucas opções de investimento, mercado chinês é a nova fronteira do sistema financeiro

Patrick Frilet/France Presse
Nanging Lu, uma das principais ruas comerciais de Xangai
Nanging Lu, uma das principais ruas comerciais de Xangai
Com um quinto da população global e um dos mais altos índices de poupança do mundo, a China é a nova fronteira do sistema financeiro internacional. Instituições européias, norte-americanas e asiáticas colocam montanhas de dinheiro no país, na expectativa de obter lucros oferecendo aos chineses novas opções de investimento e de crédito.

A partir de 2007, os estrangeiros poderão competir com os bancos e seguradoras chineses, dentro dos compromissos assumidos pelo país quando ingressou na OMC (Organização Mundial do Comércio), em 2001.

Os banqueiros vêem um imenso mercado à sua frente, desses que aparecem poucas vezes na história. O percentual de chineses que possuem cartões de crédito, por exemplo, não chega a 2% da população. Fundos de pensão são uma novidade desta década e fundos de investimento só começaram a aparecer no fim dos anos 90. O crédito ao consumo é incipiente e as opções de investimento, bastante limitadas.

Preocupados com a velhice, o pagamento das contas de saúde e a educação dos filhos, os chineses guardam volumes crescentes de dinheiro, o que eleva o índice de poupança do país a 50% do PIB, algo próximo a US$ 1,1 trilhão.

A maior parte desses recursos é destinada aos ineficientes bancos do país, que têm um peso desproporcional no sistema financeiro se comparados ao mercado de capitais (Bolsa de Valores).

Em 2005, o volume de depósitos em moeda local e estrangeira nos bancos chineses cresceu 18,2% e atingiu US$ 3,72 trilhões, o equivalente a 165% do PIB.

No Brasil, a soma dos depósitos à vista, a prazo, em poupança, mais os fundos de investimento e de ações era de R$ 1,23 trilhão, considerados os dados de dezembro de 2005. O valor correspondia a 63% do PIB.

A mesma desproporção ocorre no volume de crédito concedido pelos bancos. Na China, os empréstimos bancários são uma das principais fontes de financiamento da atividade econômica. Só no ano passado, eles cresceram 12,8%, para US$ 2,57 trilhões –114% do PIB.

O estoque de crédito bancário no Brasil deu um salto de 31,2% em 2005 e atingiu R$ 607 bilhões. Ainda assim, o valor representava somente 31,2% do PIB.

O problema é que pelo menos 60% dos empréstimos bancários chineses são destinados a empresas estatais, a maioria das quais ainda regidas mais por critérios políticos do que técnicos, como as próprias instituições que concedem os financiamentos.

O resultado é o aumento do já enorme volume de créditos de recuperação duvidosa do sistema bancário. O Banco do Povo da China (banco central) sustenta que a quantidade de créditos irrecuperáveis no sistema é de 8,9% do total. Mas a maioria dos analistas acredita que o número é bem maior e pode chegar a 40% do PIB –uma bolada de US$ 880 bilhões.

A outra conseqüência é a baixa eficiência do investimento na China. O economista Michael Pettis, professor de finanças da Universidade de Pequim, afirma que é preciso investir US$ 5 para gerar US$ 1 de PIB. A relação é maior do que a da própria China há dez anos (US$ 3,30 por US$ 1 de PIB) e a de países como a Coréia do Sul e o Japão na época em que tinham crescimento comparável ao da China de hoje (US$ 3,50 para US$ 1 de PIB).

Segundo ele, o sistema financeiro chinês não cumpre o que seria seu principal papel: alocar o capital de maneira eficiente, retirando-o dos usuários menos produtivos e fazendo-o chegar aos mais produtivos.

"Com a maior parte da poupança aprisionada no sistema bancário, a maneira pela qual os bancos chineses fazem empréstimos é o determinante primário quanto aos escolhidos para receber capital", diz.

O governo chinês é extremamente cauteloso na abertura do setor. O receio é que a concorrência de instituições estrangeiras coloque em situação difícil os quatro grandes bancos estatais: Bank of China, Industrial and Commercial Bank of China, China Construction Bank e o Agriculture Bank of China, o único que ainda não começou a ser saneado e que possui um volume de 26,2% de créditos podres.

Nesse cenário, sobram poucas opções de investimentos além dos depósitos bancários, que dão remuneração próxima de 6% ao ano.

Apesar da recuperação que teve neste ano, o mercado acionário ainda é visto com desconfiança e tem caráter bastante especulativo. A maioria das empresas listadas nas Bolsas de Xangai e de Shenzhen são estatais e há pouca transparência na divulgação de informações aos investidores. Isso faz com que o mercado acionário seja extremamente volátil, com decisões pautadas por critérios que não são a expectativa de performance das empresas.

Ainda assim, no ano passado havia cerca de 70 milhões de chineses que colocavam seu dinheiro em ações. Um dos principais problemas desse mercado é o fato de que dois terços das ações estão nas mãos do Estado e não podem ser negociadas livremente. O valor das empresas abertas era estimado em US$ 450 bilhões em 2005, mas apenas um terço disso estava com investidores privados.

A situação começou a mudar em junho último, quando todas as novas ações lançadas por empresas estatais passaram a ser negociáveis, e companhias já listadas começaram gradativamente a liberar todos os seus papéis ao mercado. Mas ainda é cedo para dizer se o mercado de capitais chinês passou no teste.


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