Revista da Folha

+ dinheiro

27/11/2006

Prazeres & lucros | por Mario Cesar Carvalho: Retrato em preto e branco

German Lorca/Acervo Íma Fotogaleria
Fotografias dos anos 40 e 50 de autores brasileiros são o novo filão para colecionadores

Quem acredita que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar não conhece a história do bibliófilo Pedro Corrêa do Lago e de suas duas coleções de fotografias do século 19. Pedro formou as duas coleções e vendeu-as para o mesmo comprador – o Instituto Moreira Salles. Como todo bom colecionador, ele não fala em cifras, mas dá uma pista. A primeira coleção foi vendida por "x", e a segunda, por "6x". Com essa mão de midas, Pedro não pensa duas vezes quando é questionado sobre que tipo de coleção, rentável e prazerosa, ele formaria agora:

- Fotografia brasileira dos anos 40 e 50. É um mercado inexplorado, com preços baixos e fotógrafos espetaculares.

Na lista dos "espetaculares" ele inclui Marcel Gautherot, José Medeiros, Thomas Farkas e Jean Manzon.

Pierre Verger/Acervo Pequena Galeria 18
O que esses fotógrafos têm de espetacular foi a capacidade de perceber que o Brasil dos anos 50 modernizava-se sem perder os trejeitos de país brejeiro, boa praça, onde a alegria é a prova dos noves. Se você pensou em bossa nova, arquitetura moderna ou arte concreta, acertou na mosca. Esses fotógrafos são os correspondentes de Tom Jobim, Oscar Niemeyer e Volpi.

Com R$ 300, R$ 400, dá para garimpar fotos dessa época, segundo Corrêa do Lago, principalmente em feirinhas de antigüidade.

Quem não tem paciência para garimpagens terá de desembolsar um pouco mais. Na Pequena Galeria 18, do Rio, uma foto de Pierre Verger sai por US$ 3.000 – ela é a estrela dessa constelação ascendente por ter mercado na França. Para quem não tem noção de preços, US$ 3.000 pode ser uma pechincha quando comparados aos US$ 20 mil com que costumam ser vendidas as fotos de Mário Cravo Neto, Miguel Rio Branco ou Rosângela Rennó.

German Lorca/Acervo Íma Fotogaleria
Há negócios mais em conta. A Íma, galeria de fotos de São Paulo, tem fotos de German Lorca por R$ 2.500, R$ 3.000, e de Walter Firmo por R$ 3.000.

Para quem tem dúvidas da rentabilidade do negócio, Mario Cohen, dono da Pequena Galeria 18, dá um exemplo pessoal: comprou um Lartigue em 1991 por US$ 2.000. Hoje, a imagem vale US$ 20 mil.

Revelações

Cópias antigas de fotos, conhecidas como "vintage prints", podem valer até cinco vezes mais do que uma ampliação atual. Se a cópia foi feita pelo próprio fotógrafo, o valor é maior ainda

>> Quanto menor é a tiragem da foto, maior é o preço. Há galerias que limitam as cópias de um negativo em 7, 15 ou 30 ampliações

>> As cópias precisam ser assinadas pelo fotógrafo, pela fundação ou pelo instituto ligado a ele ou pela galeria que o representa.

Sem assinatura, a foto perde o valor porque pode ser uma cópia pirata

>> Imagens de fotógrafos como Mário Cravo Neto, Miguel Rio Branco e Rosângela Rennó valem em média US$ 20 mil

Onde comprar

Íma Foto Galeria
rua Fradique Coutinho, 1239, Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Tel: 11 3816-1290.
Site: www.imafotogaleria.com.br

Pequena Galeria 18
avenida Atlântica, 1782 - Edifício Chopin, loja F, Copacabana, zona sul do Rio. Tel. 21 2549 3897.
Site: www.pequenagaleria18.com.br

Instituto Moreira Salles
Vende em sua loja de arte na internet fotos dos anos 40 e 50 de Hildegard Rosenthal e Marcel Gautherot por R$ 800. A tiragem é limitada a 40 cópias.
Site: www.ims.com.br

Feirinhas de antiguidades também são uma opção de compra

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