Folha de S.Paulo Moda
* número 18 * ano 5 * sexta-feira, 11 de agosto de 2006
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moda / história

A arte de Balenciaga

O revolucionário estilista basco é tema de uma exposição em Paris

texto Izabela Moi
fotos Divulgação

O costureiro basco Cristóbal Balenciaga (1895-1972), um dos maiores e mais revolucionários criadores da moda, volta a ocupar espaço de destaque na imprensa internacional. A primeira grande exposição de sua obra foi aberta em julho, em Paris, no Musée de la Mode et du Textile, com 160 modelos que traçam a história de seu percurso criativo de 1918 até a sua aposentadoria, em 1968.

A idéia de explorar as raízes da maison Balenciaga mais de 30 anos após a morte do costureiro acontece depois do reerguimento da marca, graças ao estilista francês Nicolas Ghesquière, 35. O estilista vem estudando os arquivos Balenciaga desde que começou a criar as coleções da maison, em 1997. A exposição, feita com sua curadoria, é o resultado dessa pesquisa.

Filho de um pescador e de uma costureira, Balenciaga nasceu em Guetaria, em 1895. Em 1937, quando a guerra civil estourou na Espanha, ele mudou-se para Paris. De personalidade quase espartana, não usava jóias ou relógios, nem carregava dinheiro. “Ele nunca concedeu entrevistas, nem para a imprensa escrita, nem para a rádio ou para a TV, e nunca admitiu que a imprensa fotografasse seus desfiles. Ele era um anti-Dior”, afirma Pamela Golbin, diretora do Musée de la Mode et du Textile e co-curadora da exposição, com Ghesquière. Balenciaga também não gostava de badalações, embora mantivesse relações íntimas com o poder. Contou com clientes famosas, poderosas e ricas, como Jacqueline Kennedy, a condessa Mona Bismark e a princesa Grace de Mônaco.

Sua máxima mais famosa, estampada nas paredes da exposição, é a descrição de seu método de trabalho: “Um bom costureiro deve ser um arquiteto para os projetos, um escultor para as formas, um pintor para as cores, um músico para a harmonia e um filósofo para as medidas”. Segundo Golbin, a maior herança de Balenciaga foi ter elevado a moda à altura da arte. “Ele traz o sentido de volume e ornamentação, ao mesmo tempo em que simplifica ao essencial a roupa, a uma só costura, à linha pura”, afirma. Por isso, o jornal “Libération” definiu assim a criação do estilista: “o máximo do mínimo”.

A exposição foi montada em um ambiente sóbrio, como o próprio estilista, que deixa à meia-luz os vestidos, capas, tailleurs e corpetes. O planejamento arquitetônico de cada vestido, as mangas (a obsessão do estilista), o trabalho com os volumes e os tecidos sofisticados e surpreendentes deixam no espectador a sensação de estar vendo objetos de arte.

Balenciaga fechou a maison de Paris em pleno verão de 1968. A primeira criação do estilista foi um vestido de noiva –a última também seria, realizado em 1972, por encomenda da neta do ditador espanhol Francisco Franco. O estilista morreu naquele mesmo ano, na Espanha, e foi enterrado em sua cidade natal.

Onde: Musée de la Mode et du Textile (107, rue de Rivoli, Paris). De 6/7/2006 a 28/1/2007.

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