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27/10/2006

Decoração Rio/SP: Sinta o clima

Bairrismos à parte, clima e estilo de vida alimentam as diferenças na decoração de São Paulo e do Rio

CRISTINA TARDÁGUILA (Rio) e
ROSANA FARIA DE FREITAS (SP)

A casca pode ser basicamente a mesma, mas, no "conteúdo", os moradores das duas maiores capitais do país guardam lá suas diferenças. Nem daria para ser igual: questão de paisagem, clima e, principalmente, estilo de vida. Os cariocas vivem em uma cidade muito mais quente e tendem a passar pouco tempo entre paredes. Os paulistanos convivem com temperaturas mais baixas e têm o hábito de receber os amigos em casa. Os primeiros privilegiam as atividades outdoor; os segundos, indoor. Natural que isso se reflita na decoração.

"São Paulo é 100% urbana, e o Rio é rústico e praieiro", compara o carioca Miguel Pinto Guimarães. "Na capital paulista, estão na moda espaços minimalistas, com obras de arte. No Rio, proliferam os materiais ecológicos como palha, vime e sisal, além dessa coisa que chamo de zen-cafona", afirma.

TERMÔMETRO
Média anual
Rio 23,7ºC x SP 19,3ºC

SOL
Rio
158,5 h/outubro ou 2.078,5 h/ano
São Paulo
135,6 h/outubro ou 1.732 h/ ano

Fonte: Instituto Nacional de Metereologia (Inmet).
"O Rio é mais luminoso e tem uma expansão natural, as praias, por isso se entrega mais ao entorno. Já São Paulo dá mais importância ao interior da casa, a arquitetura se fecha em si mesma, e isso se reflete em todas as escolhas", define o paulistano Roberto Negrete.

Escolhas de pisos, cores, texturas, por exemplo. O balneário se presta melhor ao uso do que os especialistas chamam de revestimentos úmidos –pisos frios, para a maioria dos mortais. Já o consumo de pisos de madeira é recorde em São Paulo, que também é sempre mais discreta no emprego das cores, especialmente no que se refere à pintura de paredes. "A informalidade carioca se reflete em opções mais atrevidas, tanto em cores como em texturas", afirma Negrete.

Carlos Mancini/Divulgação
SP Ambiente decorado pelos arquitetos Marcelo e Margarida Thompson
SP Ambiente decorado pelos arquitetos Marcelo e Margarida Thompson
É essa informalidade que, segundo a carioca Joy Garrido, leva a maioria a buscar uma decoração mais descontraída. "Carpete? Nunca! Em cada dez, só um aceita colocá-lo no quarto. Cortina? O mínimo possível, porque ninguém quer esconder a vista ou tirar a luminosidade. Não importa se a coisa fica meio devassada." Joy diz que carioca odeia veludo, que entra muito bem no mercado paulista, e ama verde-limão, cereja, laranja e amarelo nas paredes –muito embora isso não tenha aparecido na pesquisa do Datafolha. "O paulistano é mais formal. A maioria adora carpete e insiste em uma lareirinha. A cortina carioca é considerada ‘coisa de pobre’; bonitas são as pesadas, que vedam bem e não têm muita transparência. Na decoração, tecidos nobres como veludo e seda são fortes", afirma.

Diferenças bem de acordo com o espírito noite/dia das duas capitais. "Em São Paulo, buscamos o brilho das luzes da cidade. É evidente a influência do metal, do vidro e das formas concretas na composição das novas construções. Já no Rio, a natureza é o eixo central, a exuberância da paisagem está sempre à frente nas diretrizes dos projetos", descreve Leo Shehtman.

Roberto Price/Folha
RIO Casa projetada pelo arquiteto André Piva no condomínio Itanhangá, na zona oeste
RIO Casa projetada pelo arquiteto André Piva no condomínio Itanhangá, na zona oeste
Nas suas incursões paulistanas, o arquiteto privilegia tons de prata, preto, beges e marrons, sempre com o branco como pano de fundo. "Já à beira-mar, as cores te levam a inventar espaços mais iluminados, descontraídos. Em São Paulo, abuso de vidros especiais, madeiras escuras e carpetes; no Rio, prefiro madeiras claras e pisos frios, como placas de cimento, mármores e porcelanatos. Idem para os tecidos crus e rústicos, que são inclusive mais resistentes à umidade e à incidência de luz", diz Shehtman.

Até em matéria de piso frio as duas cidades têm preferências distintas, acredita o arquiteto André Piva. "O mármore no Rio não é brilhante. Meus clientes pedem muito o travertino bruto, que dá aquela cara rústica, de pedra mesmo, ou o limestone, que também é caríssimo, mas não tem brilho. Mesmo as casas mais luxuosas têm pinta de ’low profile’. Os paulistanos, por sua vez, são muito mais suntuosos, não abrem mão do mármore carrara."

Para Piva, outro fator curioso é a disposição dos móveis. "Carioca dá muito valor à área externa. O paulistano não tem uma janela tão evidenciada. Os sofás em São Paulo costumam ficar de costas para a janela, fazendo um ambiente aconchegante com a sala. No Rio, tenho projetos de apenas um sofá no meio da sala olhando para a vista, se integrando com o lado externo."

E por falar em sofá: "O carioca gosta de sofá de linho tingido. O paulistano ama sofá de couro", acredita a arquiteta carioca Christiane Laclau, que menciona outras diferenças: "O quarto paulista chega a ter até televisão de plasma, coisa que no Rio costuma aparecer só na sala, e a cozinha em São Paulo é muito maior e mais aparelhada do que a do Rio, fruto do espírito da mama italiana."

Verdade, ecoa o arquiteto Arthur Mattos Casas: "Eu tenho clientes classe A no Rio que têm a cozinha como ponto alto, mas esse negócio de cozinha gourmet é uma tendência bastante paulistana, porque em São Paulo as pessoas recebem bem mais para jantar", observa.

As diferenças, quem diria, se estendem até as obras de arte, segundo o arquiteto carioca Chicô Gouvêa. Há pintores e escultores com mais aceitação numa cidade do que na outra. "O Rio gosta muito de Glauco Rodrigues, Ascânio MMM, Alberto da Veiga Guignard e José Pancetti. Já São Paulo prefere Francisco Rebolo, Aldo Bonadei e Wesley Duke Lee. Eu acho curioso."

"Concordo em gênero, número e grau", diz o paulistano Shehtman. "Essa comparação desenha bem as diferenças de estilo: uma elaboração mais simples e subjetiva nos artistas preferidos do Rio, exatamente como a decoração de lá, em contraste com a elaboração mais tensa e preocupada que se vê nos prediletos e também na decoração de São Paulo."


     

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