Educação

GUIA DA PÓS-GRADUAÇÃO

28/01/2007

MBA: Curso se afasta da administração

Seguindo o mercado, escolas passam a oferecer especializações com temas mais técnicos

TOMÁS CHIAVERINI
Colaboração para a Folha


Os cursos de MBA, que já chegaram a figurar como um diferencial na carreira de executivos brasileiros, hoje são quase um pré-requisito para quem pretende ocupar cargos do nível gerencial para cima.

Como o interesse dos alunos não pára de crescer, o mercado de cursos acompanha essa demanda e oferece especializações em áreas cada vez mais diversas --desde tecnologia voltada para petróleo até moda.

A sigla MBA (Master in Business Administration) foi importada dos EUA e, logo de cara, enquadrada na realidade nacional. Os executivos brasileiros, ao contrário dos norte-americanos, não tinham --e ainda não têm-- condições de parar a carreira para se dedicar integralmente a um curso de aperfeiçoamento.

Assim, o MBA desembarcou por aqui mais leve, como um curso de gestão que podia ser feito no meio da carreira. Não tem caráter de pós "stricto sensu": é uma especialização.

Aos poucos, as três letras se popularizaram e passaram a ser usadas como um instrumento de marketing para "enfeitar" cursos em áreas como moda, tecnologia e outras, bem distantes da administração.

Segundo o gerente executivo do sistema de acreditação da Anpad (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração), Roberto Moreno, 58, a proposta do MBA é ser abrangente, e não voltado para ferramentas técnicas.

"A idéia de um MBA na área de tecnologia é uma contradição. É um erro conceitual, mas é bom para vender", afirma.

Já para o empresário da área de consultoria Flavio Xandó Baptista, 44, é possível unir a gestão a áreas técnicas.

Ele fez MBA com ênfase em informática na Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) e diz que o curso lhe deu condições para se atualizar por conta própria e noções mais profundas de pesquisa e de novidades em administração. "Ter um MBA é um cartão de visitas para atrair clientes", diz.

Manter a tradição

Para quem quer se manter fiel ao espírito original do MBA, a saída é buscar os cursos mais tradicionais, voltados para a área da gestão e com carga horária mais densa.

Segundo Andréa Huggard-Caine, da consultoria Huggard-Caine, é importante que o curso de MBA esteja presente no currículo de administradores que pretendem ocupar cargos gerenciais ou superiores.

"Ao fazer um MBA, o profissional mostra que está buscando aperfeiçoamento", avalia.

Já para quem atua em áreas técnicas, "o melhor é buscar um mestrado tradicional", recomenda Huggard-Caine.

O PERFIL DA PÓS

O QUE É
Especialização voltada para a área de gestão e administração

HORAS/AULA*
O mínimo exigido por lei é de 360 horas presenciais, mas as instituições costumam oferecer cursos mais extensos

PARA QUE SERVE
Seu objetivo é fornecer ferramentas para a solução de problemas na área de gestão, especialmente para administradores

PERFIL DO ALUNO
Executivos e administradores que já possuem alguma experiência no mercado de trabalho e ocupam ou almejam cargos gerenciais ou superiores. Profissionais de diversos setores, como moda e tecnologia, também têm investido em MBAs

QUANDO FAZER
Cinco anos após a graduação, no mínimo. O curso exige boa experiência no mercado, pois é voltado para a solução de problemas práticos. Para quem não quer parar os estudos após a universidade, o ideal é buscar uma pós-graduação "stricto sensu"

ADMISSÃO
Não existe regulamentação das formas de seleção para cursos de MBA, mas, em geral, instituições adotam como critérios análise de currículo, entrevista pessoal, experiência no mercado e recomendação da empresa em que o candidato trabalha

CONCLUSÃO
As instituições são obrigadas, por lei, a cobrar trabalho de conclusão de curso, em que se aplicam conhecimentos teóricos na solução de um problema real

*Pode variar conforme o programa de pós-graduação

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