Educação

GUIA DA PÓS-GRADUAÇÃO

28/01/2007

Doutorado: Consultoria e mercado de finanças absorvem titulado

Algumas áreas procuram profissional acostumado à pesquisa aplicada

RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
Colaboração para a Folha


Quem cursa um doutorado é, por natureza, um estudioso. Pensa em fazer pesquisa e produzir conhecimento. Seu destino mais comum acaba sendo, na maioria das vezes, a academia, mas também é possível fazer pesquisa no mercado de trabalho privado.

Para Elizabeth Balbachevsky, professora do departamento de ciência política da USP, essa pós tem, tradicionalmente, orientação acadêmica.

"As regras de [concessão de] bolsas e as avaliações da Capes tendem a valorizar o perfil do estudante 'profissional', aquele que chega ao doutorado sem experiência de trabalho."

Mas isso não significa que o titulado tenha de mirar só a universidade. A área de finanças, por exemplo, absorve muitos doutores no mercado de trabalho não acadêmico, pois tem necessidades que só profissionais acostumados a lidar com pesquisa aplicada podem --e se interessam em-- suprir.

Muitos dos alunos que saem do doutorado da EPGE (Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas) viram funcionários do Banco Central, de acordo com a diretora de ensino da escola, Maria Cristina Terra.

"Outra parcela presta serviço público, alguns viram assessores econômicos do governo e muitos vão para o mercado financeiro", conta ela.

Fora dessa seara, no entanto, as vagas rareiam. "As indústrias não investem em pesquisa. Quando o fazem, não é com recursos próprios, é com subvenções do governo", afirma o professor Otaviano Helene, do Instituto de Física da USP, denotando que não está sobrando verba pública para a pesquisa.

Gestão do conhecimento

Na opinião de Elizabeth Balbachevsky, o desemprego desses pós-graduados é um mito. "Nas pesquisas que fizemos em meados dos anos 90, constatamos que menos de 1% dos ex-alunos de pós estavam desempregados em todas as áreas."

Para ela, "o que ocorre é que muitos professores não conseguem o emprego de que gostariam, ou têm dificuldade em adequar suas expectativas pessoais, formadas durante o período de estudo, à realidade do mercado de trabalho".

Outras opções que o doutor tem fora da universidade são as áreas de treinamento, consultoria e gestão do conhecimento, na visão de Vania Helena Della Negra, supervisora da assessoria em gestão de RH da consultoria KPMG.

"São setores que precisam de didática e que exigem um processo mais sistemático de trabalho", analisa Della Negra.

Nas empresas de outras áreas, comenta, "os profissionais até podem ser acadêmicos, como atividade paralela. Mas, para quem sempre foi acadêmico, ingressar agora no mundo empresarial é difícil".

FolhaShop

Digite produto
ou marca