Revista da Folha

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16/04/2007

Artigo: Como avaliar a primeira emissão

por MARCOS ELIAS

Em inglês, IPO significa Oferta Pública Inicial de Ações. Na prática, significa a estréia de uma empresa no mercado de ações. Anos atrás, tal tema não seria tratado em uma publicação para o público de investidores individuais. Mas, graças ao esforço de popularização da Bovespa e, ainda, por conta da situação econômica, a prática de se investir em ações está deixando de ser uma prerrogativa apenas das tesourarias e gestoras de recursos, e vem se aproximando do público.

Os IPOs têm atraído a atenção de pessoas físicas, principalmente em função das grandes oscilações positivas apresentadas pelas ações debutantes. Nos últimos dois ou três anos, a grande maioria das ofertas iniciais foi bem sucedida. O retrspecto dos últimos IPOs tem sido bastante lucrativo. Até o momento...

Aqueles que puderam observar os três últimos lançamentos de empresas em bolsa perceberam que a dinâmica de “ganho certo” não tem se repetido. Cabem as perguntas: o que mudou? Entendo que não tenha havido qualquer mudança estrutural no mercado, e que as perspectivas para a Bolsa continuam promissoras, embora a seletividade se faça mais importante agora.

Boa parte das empresas que fizeram sua estréia na Bolsa demonstram ser bons cases de investimento. Ocorre que estamos em um momento otimista de mercado, por isso há “espaço” para empresas não tão boas lançarem ações. Assim como em 2002 observei que haviam excelentes empresas sem qualquer acesso ao mercado de capitais, agora, com a mesma serenidade, posso dizer que a mesma possibilidade se aplica a empresas eventualmente ruins. Cabe ao investidor fazer a própria diligência. A pergunta que se faz é: sobre quais aspectos devemos ficar atentos?

Primeiro, uma empresa precisa ter um certo tamanho para pretender lançar-se em Bolsa. Tamanho e crescimento devem ser analisados em conjunto. Mesmo que haja uma perspectiva agressiva de ampliação dos negócios, é necessário pelo menos exibir um faturamento de

R$ 500 milhões anuais. Temos que observar as margens também. Somando tudo, eu diria que, para considerarmos a compra de ações de uma empresa, ela deveria apresentar, no mínimo, R$ 500 milhões de receita, capacidade para crescer 30% ao ano e obter uma margem operacional de 20%.

As ofertas iniciais de ações mostram retrospecto positivo nos últimos anos. Mas é preciso escolher certo

O que é melhor: lançar ações para aumentar o capital e financiar a expansão da empresa ou comprar ações dos controladores? É preferível que grande parcela da emissão se destine ao financiamento da expansão da companhia. Mostra comprometimento dos gestores da empresa com seu programa de crescimento. Emissões exclusivamente de ações ordinárias devem prevalecer sobre a emissão de ações preferenciais. Sinaliza que a empresa adere às boas práticas de governança. Leia o prospecto de emissão – leia-o do começo ao fim. É imprescindível resolver suas dúvidas junto aos assessores financeiros ou corretores. Lembre-se: aos estudiosos e diligentes é que se destinam os lucros das IPOs.

Marcos Elias é engenheiro-financista e diretor da Latour Capital.

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