Revista da Folha

Morar

01/06/2007

Linha mestra: campanha do agasalho

Mesmo nosso inverno pouco rigoroso é capaz de provocar um desagradável grau de desconforto doméstico, maior até do que seria razoável no camarada frio local. Questão de padrão habitacional: assim como qualquer casa européia está aparelhada para o frio, mas não para o calor --o que explica a morte de idosos quando o termômetro sobe demais--, aqui vigora o oposto.

Nossas construções são normalmente despreparadas para enfrentar um frio mais forte, e uma queda mais acentuada da temperatura faz muita gente ter que usar capote dentro de casa ou tiritar na hora do banho.

Para ajudar o leitor a se livrar desse incômodo sazonal, Morar organizou um serviço básico com as muitas opções de produtos oferecidas pelo mercado.


por Rosana Faria de Freitas

1. Quais as opções para esquentar a casa?
O mercado brasileiro já oferece as mesmas propostas de aquecimentos localizados e centrais disponíveis na maior parte do mundo, de aparelhos portáteis a aquecimento de piso, movidos à lenha, carvão, gás, diesel, eletricidade e solar.

2. E a melhor opção para uma casa em obras? E para uma residência já construída? Para um imóvel em construção, é possível adaptar qualquer tipo de aquecimento, central ou localizado, dependendo da preferência pessoal e do quanto se pretende gastar. Os mais dispendiosos são os centrais, pois envolvem a instalação da rede, mas não há dúvida de que o aquecimento fica mais eficiente, confortável e homogêneo. Em casa pronta, os localizados são os mais indicados, pois requerem menos mão-de-obra e intervenção na infra-estrutura.

3. Como funcionam os aquecedores portáteis?
São muitas opções de modelos, tamanhos e capacidade de aquecimento. Antigamente, os movidos a gás levavam vantagem, porque, embora custem mais caro, o consumo ficava mais barato. Mas hoje, segundo os consultores ouvidos pela reportagem, praticamente não há diferença, porque os aparelhos elétricos mais modernos são econômicos no consumo de energia.

4. Quais as diferenças entre os localizados elétricos?
São de três tipos, convectores, termoventiladores e radiadores a óleo. Os dois primeiros são os mais comuns e trabalham de maneira semelhante, uma resistência aquece o ar, que é "soprado" para fora. Alguns têm dupla função, com fluxos de ar quente e fresco. Os dois tipos produzem um pouco de ruído, e a diferença entre eles está na resistência: o primeiro, que trabalha com porcelana, consome menos energia e queima menos oxigênio; o segundo, com filamentos metálicos, gasta mais energia e queima mais oxigênio. Já os radiadores a óleo funcionam com um óleo aquecido pela resistência e, em geral, oferecem três níveis de potência: baixo, intermediário e avançado. São totalmente silenciosos e vêm com termostato que mantém a temperatura ambiente constante, ligando e desligando automaticamente.

5. Dos aquecimentos centrais, qual é o mais usado?
É o sistema de aquecimento de piso, cujas climatização e manutenção da qualidade do ar funcionam muito bem. Como utiliza cabos calefatores embutidos no chão, pode ser instalado em qualquer tipo de piso. A temperatura é regulada por termostato, um para cada ambiente, permitindo ao usuário personalizar o ambiente entre 25ºC e 32ºC. O bom dessa alternativa é que não interfere na umidade do ar.

6. Como funcionam os recuperadores de calor?
São como lareiras, só que fechadas: imagine uma câmara de ferro com uma porta de vidro cerâmico localizada na frente, nas laterais ou na frente e atrás, dependendo do modelo. Fabricados em vários tamanhos e modelos, têm capacidade de aquecimento variável, utilizam lenha ou gás e requerem o uso de chaminé, interna ou externa. O aquecimento não se dá por irradiação, mas por convecção, isto é, o ar entra pela parte inferior, é aquecido e sai. As vantagens: calor distribuído, alta capacidade de aquecimento, baixo consumo de combustível e facilidade de manuseio --alguns modelos dispensam mão-de-obra especializada para instalação.

7. Que tipo de lareiras o mercado oferece?
Três: convencionais, a gás e elétricas. As primeiras aquecem por irradiação de calor e são feitas em chapas metálicas ou alvenaria --na verdade concreto refratário, um material não combustível, condutor e armazenador de calor. Não são muito vantajosas, pois, além de exigirem chaminé, o calor fica concentrado, têm baixa capacidade de aquecimento, alto consumo de combustível (lenha) e necessitam de mão-de-obra especializada para instalação. As lareiras a gás, por sua vez, são baratas e práticas (alguns modelos dispensam a chaminé), mas requerem profissionais para instalação das tubulações de gás. Podem ser encontradas em larguras de 40 cm a 1,70 m e capacidade de aquecimento para ambientes de 50 m2 a 90 m2. Por fim, as lareiras elétricas, também oferecidas em diferentes modelos e com algumas vantagens: não requerem chaminé nem mão-de-obra especializada, têm baixo custo (a partir de R$ 680) e rapidez de instalação. Sem contar a facilidade de manuseio: para ligar, basta acionar um botão, e não requerem limpeza interna nem troca de lenha. Em relação ao consumo de energia, as lareiras hoje são econômicas e praticamente não há diferença entre o que se gasta mensalmente para manter as de gás e elétricas.

8. Como é a instalação de lareiras?
Fácil; as lojas especializadas vendem os kits montados. A lareira é dimensionada de acordo com a metragem cúbica do ambiente. Mesmo as clássicas, de alvenaria, vêm prontas, com a peça, a tubulação, os refratários e os isolamentos. Um alerta: é preciso cuidado na escolha da saída para a chaminé. É proibido, no caso das lareiras à lenha, o uso de curvas de 90 graus na tubulação. Por isso, é fundamental levar em conta se há alguma instalação acima dela (quarto ou armário, por exemplo). É preciso ainda dimensionar o diâmetro do encanamento conforme o tamanho da lareira --para uma com 70 cm de boca, canos de 20 cm; se tiver 1,20 m, 38 cm; as que ultrapassam essa medida requerem encanamento de 45 cm.

9. Sobre as lareiras tradicionais, qual é melhor, a de chapa metálica ou de concreto refratário?
A lareira feita com duto de metal é mais prática. O material não retém sujeira e a fumaça sai mais facilmente, enquanto a chaminé de alvenaria fica sempre com excesso de fuligem. Além disso, as lojas dispõem de um leque maior de modelos de aço. O acabamento também varia: aço carbono pintado, escovado ou em inox, cobre, latão e pintura eletrostática.

10. Se a opção for pela convencional de concreto, quais os materiais recomendados?
Se a idéia é manter um estilo rústico, o tijolinho aparente (nas laterais) encimado por madeira pode ser uma boa alternativa. Para algo mais sofisticado, o mármore; os mais utilizados são o travertino e o crema marfil. Há ainda a possibilidade de recorrer à alvenaria pintada. Importante: independentemente do acabamento, o interior deve ter revestimento refratário, capaz de resistir a altas temperaturas. Para maior garantia, alguns profissionais utilizam isolante térmico entre a alvenaria e o revestimento. Por segurança, não se deve dispensar o uso de telas e de conjuntos de limpeza (para retirar resíduos de madeira, cinza, poeira).

11. Há alguma recomendação no caso das lareiras a gás?
Sim, é essencial escolher as que são homologadas por algum órgão competente, que pode ser a Comgás de São Paulo, a Companhia de Gás do Rio de Janeiro (CEG) ou a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Na hora de instalar, chame uma empresa idônea e que emita certificado de que tudo se encontra dentro dos padrões estabelecidos pela lei --no caso, a NBR 13.932, da ABNT. Há alguns cuidados importantes, como a existência de uma válvula para bloquear a passagem de gás, caso o fogo apague.

12. As salamandras parecem peças do passado. Elas realmente funcionam?
Sim, e algumas são mais eficazes do que muitos aquecedores portáteis ou lareiras convencionais. O combustível pode ser lenha, eletricidade, gás, carvão ou diesel. Algumas exigem chaminé interna ou externa e as vantagens são tempo de instalação, facilidade no manuseio e baixos custo e consumo de combustível, inclusive na elétrica.

13. O condicionador de ar é uma boa opção?
Sem dúvida. Hoje existem sistemas de ar-condicionado também para aquecimento e, como o equipamento não causa combustão, não necessita de exaustão para a fumaça. O ponto fraco é que gasta muita energia elétrica. Quanto ao ressecamento do ar provocado por este ou qualquer outro esquema de aquecimento, depende do clima de cada região e do aparelho utilizado --os modernos dispõem de tecnologia para minimizar o incômodo. Se ocorrer, vale a dica de sempre: deixar no ambiente um recipiente com água.

Os tipos de aquecimento:

Localizado

1. Aquecedores portáteis
- a gás - elétricos, que podem ser:
  • convectores (uma resistência de porcelana aquece o ar, que é jogado para fora)
  • termoventiladores (mesmo processo, mas usa filamentos metálicos)
  • Radiadores a óleo (peça de alumínio em cujo interior circula óleo quente; o ar frio entra pela parte inferior, esquenta, e sai por cima)
2. Recuperadores de calor
- o aquecimento não se dá por irradiação, mas por convecção (o ar entra pela parte inferior, é aquecido e expelido)

3. Lareiras
- convencionais - elétricas - a gás

4. Salamandras (peças de ferro fundido que aquecem por irradiação)

Central

1. Aquecimento elétrico
- usa resistências instaladas no piso

2. Aquecimento de piso radiante
- com tubos embutidos no pavimento e água aquecida a gás, lenha, diesel ou energia solar

3. Aquecimento por radiadores
- também por circulação de água e usa as mesmas fontes de energia

4. Aquecimento por distribuição de ar quente
- gerado por um recuperador de calor e distribuído por dutos isolados em vários ambiente, usando como energia lenha, carvão ou gás

5. Aquecimento gerado por unidade de ar-condicionado

Quanto custa? (Preços "a partir de", incluindo sempre o kit para instalação)

Localizado

- Portáteis: R$ 99
- Recuperadores de calor
- R$ 3.800
- Salamandras: R$ 240
- Lareira a gás: R$ 620
- Lareira elétrica R$ 680
- De concreto refratário R$ 480

Central

- De piso, elétrico: R$ 140 o m2
- De piso, radiante: R$ 210 o m2
- Por radiadores: varia conforme projeto
- Por distribuição de ar quente: idem
- Por ar-condicionado: idem
Consultoria
Fábio Gemignani, Consultoria técnico da Largrill (tel. 0/xx/11/5051-0389), Mariana Cassab, do departamento comercial da Construflama Lareiras
(tel. 0/xx/11/5181-3071) e Churrasqueiras Ltda; e Suzana Fornero, diretora da Calorarte (tel. 0/xx/11/3849-1893).

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