Morar
01/06/2007
por Carolina Chagas
Primeiro conselho:vá com calma. Comprar imóvel é uma decisão para um bom tempo de sua vida, vai demandar energia e sola de sapato e dificilmente você fará isso sem a participação de corretores. Com certeza, já ouviu histórias terríveis sobre eles, tem até a daquele amigo que vendeu para parar de receber ligações.
São ossos do ofício. Corretores recebem uma porcentagem do que negociam, geralmente entre 6% e 7% do valor de venda ou o primeiro alugel de uma locação. Não têm fixo garantido (se tem, é mínimo) e vivem desesperados para fechar negócios. Nascem aí as técnicas agressivas que usam.
Com as identidades preservadas, quatro profissionais dão dicas para facilitar a convivência entre as partes.
Peça à imobiliária um documento que discrimine as obrigações de cada uma das partes. Isso não é muito comum, mas pode ser feito e evita grandes dores de cabeça.
1. Antes de contatar qualquer corretor, decida realmente onde quer morar e quanto quer gastar. Só com isso em mente, é bom partir para a caça.
2. O melhor é escolher um profissional indicado por gente de confiança. Como isso nem sempre é possível, investigue se ele tem bons índices na imobiliária em que trabalha, principalmente se sua intenção é vender. Poucos clientes costumam fazer isso, mas boas imobiliárias têm essa informação disponível.
3. Passe a ele seus limites geográficos. Evite fazer a escolha por bairros. Muitas vezes, o que você chama de Santa Cecília seu corretor considera Higienópolis. O ideal é delimitar com ruas a região de sua preferência. Por exemplo: entre a Augusta, a Paulista, a Rebouças e a Estados Unidos (se for essa a escolha, prepare o bolso!). E deixe bem claro que não está interessado em olhar nada fora desse limite.
4. Pode ser que, depois de bater perna um bom tempo, você decida expandir seus horizontes para outros bairros, mas é importante que a decisão seja sua e não imposta pelos endereços que seu corretor quer mostrar.
5. Determine o tipo de imóvel que quer ver: metragem, casa ou apartamento (em andar baixo ou alto, de frente, de fundo ou tanto faz), número de garagens. Gostaria de ter varanda, sauna, sala de ginástica e, quem sabe, piscina? Quanto pode pagar de condomínio? Quanto mais certezas você tiver e for firme com o corretor, menos imóveis desinteressantes vai visitar.
6. Peça informações do imóvel antes de marcar a visita com o corretor. Se não estiver dentro de suas especificações, não vá. É importante marcar território, ou você vai perder muito tempo visitando lugares que não têm chance de serem escolhidos.
7. Na hora de dizer quanto quer gastar, reduza o valor real em 10%. Corretores acreditam que o comprador sempre arrumará um pouco mais de dinheiro caso se encante por um imóvel, e vão começar mostrando os melhores e, claro, mais caros. Assim, quando você chegar a um imóvel compatível com o seu bolso não vai achar a menor graça.
8. Se gostar de um imóvel, não seja impulsivo. Leve um arquiteto ou engenheiro para avaliar as condições e converse com os moradores do prédio e da região. Muitas vezes, um endereço aparentemente bom é micado, tem péssimos vizinhos, vazamento histórico, falta de infra-estrutura no entorno, dificuldade de acesso ou vira estacionamento de barzinhos durante a noite. Esse tipo de informação seu corretor não dará.
9. Se consultar o jornal de domingo e se interessar por algum anúncio, confira primeiro se o seu corretor não tem aquele imóvel à disposição. Muitas vezes, o apartamento está na lista de várias imobiliárias, e ficar na mão de muitos profissionais é de enlouquecer.
10. Ao ligar na imobiliária para se informar, nunca deixe o seu telefone para alguém te ligar mais tarde. Se o número cair na mesa adeus sossego. Dizer que os corretores "estão ocupados no momento" é um dos macetes para conseguir telefones de clientes em potencial.
11. Se o seu imóvel entrar no negócio, prepare-se, seu telefone vai cair na boca do povo. Delimite horários para ser chamado e seja direto. Se bancar o simpático, vai se arrepender e logo.
12. Limite os horários de visitação e prepare-se para eles, porque você estará exposto como animal no zoológico. Estranhos vão olhar atrás da sua cama (ou embaixo), dentro dos armários e do banheiro (você fará o mesmo na casa dos outros). Eles devem ver o melhor que você tem a mostrar.
13. Enfeitar um pouco a casa no dia da visitas é sempre bom. Flores frescas e janelas abertas impressionam bem.
14. Nunca perca de vista que quem visita sua casa é alguém à procura de um lar. Renovar a pintura, consertar um vazamento e tomar outros cuidados (todos os armários estão com puxadores?) são investimentos que costumam ser recompensados.
15. Na venda, não explicite os defeitos de seu imóvel. Se a vista for feia, mantenha a janela aberta, mas feche a cortina na hora da visita. O inverso também é válido: se a cortina da casa cobiçada estiver fechada, espie na fresta, porque é grande a chance de a vista ser de doer.
16. Tenha o mínimo possível de gente no imóvel na hora da visita. Casas silenciosas, garantem os corretores, são mais vendidas. E nada de deixar a TV ligada,
17. Não leve muito a sério os comentários dos eventuais compradores. Eles sempre vão notar que a pia do banheiro está pingando, que o tampo da privada ou a cuba do lavabo merecem ser trocados etc. Com certeza, a casa deles também não é perfeita, e a depreciação é um instrumento para negociar descontos no preço. Também não acredite nos elogios: eles podem ser meramente protocolares.
18. Converse o mínimo com o futuro comprador. Envolvimentos emocionais atrapalham o negócio. Ele não precisa saber, por exemplo, que você precisa desesperadamente vender o imóvel.
19. Além de se preocupar com a parte estrutural (parte elétrica, encanamento etc) veja se a documentação do imóvel está em ordem: IPTU, contas de telefone e energia ou se há alguma micro ou pequena empresa registrada naquele endereço. Resolver isso no ato da compra evita grandes dores de cabeça no futuro.
20. Na hora de acertar o preço, certifique-se do que estará embutido no valor apresentado ao cliente. Muita gente que vende acha que vai receber o preço cheio no ato da venda, sem levar em conta a parte do corretor. Deixe tudo bem claro para evitar discussões constrangedoras na frente do comprador. E elas são bem comuns, acredite.
Área de serviço: 20 dicas para não maldizer seu corretor
A melhor forma de negociar um imóvel é contar com a ajuda de um profissional imobiliário; saiba como lidar com elepor Carolina Chagas
| Beto Nejme |
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São ossos do ofício. Corretores recebem uma porcentagem do que negociam, geralmente entre 6% e 7% do valor de venda ou o primeiro alugel de uma locação. Não têm fixo garantido (se tem, é mínimo) e vivem desesperados para fechar negócios. Nascem aí as técnicas agressivas que usam.
Com as identidades preservadas, quatro profissionais dão dicas para facilitar a convivência entre as partes.
Peça à imobiliária um documento que discrimine as obrigações de cada uma das partes. Isso não é muito comum, mas pode ser feito e evita grandes dores de cabeça.
1. Antes de contatar qualquer corretor, decida realmente onde quer morar e quanto quer gastar. Só com isso em mente, é bom partir para a caça.
2. O melhor é escolher um profissional indicado por gente de confiança. Como isso nem sempre é possível, investigue se ele tem bons índices na imobiliária em que trabalha, principalmente se sua intenção é vender. Poucos clientes costumam fazer isso, mas boas imobiliárias têm essa informação disponível.
3. Passe a ele seus limites geográficos. Evite fazer a escolha por bairros. Muitas vezes, o que você chama de Santa Cecília seu corretor considera Higienópolis. O ideal é delimitar com ruas a região de sua preferência. Por exemplo: entre a Augusta, a Paulista, a Rebouças e a Estados Unidos (se for essa a escolha, prepare o bolso!). E deixe bem claro que não está interessado em olhar nada fora desse limite.
4. Pode ser que, depois de bater perna um bom tempo, você decida expandir seus horizontes para outros bairros, mas é importante que a decisão seja sua e não imposta pelos endereços que seu corretor quer mostrar.
5. Determine o tipo de imóvel que quer ver: metragem, casa ou apartamento (em andar baixo ou alto, de frente, de fundo ou tanto faz), número de garagens. Gostaria de ter varanda, sauna, sala de ginástica e, quem sabe, piscina? Quanto pode pagar de condomínio? Quanto mais certezas você tiver e for firme com o corretor, menos imóveis desinteressantes vai visitar.
6. Peça informações do imóvel antes de marcar a visita com o corretor. Se não estiver dentro de suas especificações, não vá. É importante marcar território, ou você vai perder muito tempo visitando lugares que não têm chance de serem escolhidos.
7. Na hora de dizer quanto quer gastar, reduza o valor real em 10%. Corretores acreditam que o comprador sempre arrumará um pouco mais de dinheiro caso se encante por um imóvel, e vão começar mostrando os melhores e, claro, mais caros. Assim, quando você chegar a um imóvel compatível com o seu bolso não vai achar a menor graça.
| Beto Nejme |
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9. Se consultar o jornal de domingo e se interessar por algum anúncio, confira primeiro se o seu corretor não tem aquele imóvel à disposição. Muitas vezes, o apartamento está na lista de várias imobiliárias, e ficar na mão de muitos profissionais é de enlouquecer.
10. Ao ligar na imobiliária para se informar, nunca deixe o seu telefone para alguém te ligar mais tarde. Se o número cair na mesa adeus sossego. Dizer que os corretores "estão ocupados no momento" é um dos macetes para conseguir telefones de clientes em potencial.
11. Se o seu imóvel entrar no negócio, prepare-se, seu telefone vai cair na boca do povo. Delimite horários para ser chamado e seja direto. Se bancar o simpático, vai se arrepender e logo.
12. Limite os horários de visitação e prepare-se para eles, porque você estará exposto como animal no zoológico. Estranhos vão olhar atrás da sua cama (ou embaixo), dentro dos armários e do banheiro (você fará o mesmo na casa dos outros). Eles devem ver o melhor que você tem a mostrar.
13. Enfeitar um pouco a casa no dia da visitas é sempre bom. Flores frescas e janelas abertas impressionam bem.
14. Nunca perca de vista que quem visita sua casa é alguém à procura de um lar. Renovar a pintura, consertar um vazamento e tomar outros cuidados (todos os armários estão com puxadores?) são investimentos que costumam ser recompensados.
15. Na venda, não explicite os defeitos de seu imóvel. Se a vista for feia, mantenha a janela aberta, mas feche a cortina na hora da visita. O inverso também é válido: se a cortina da casa cobiçada estiver fechada, espie na fresta, porque é grande a chance de a vista ser de doer.
| Beto Nejme |
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17. Não leve muito a sério os comentários dos eventuais compradores. Eles sempre vão notar que a pia do banheiro está pingando, que o tampo da privada ou a cuba do lavabo merecem ser trocados etc. Com certeza, a casa deles também não é perfeita, e a depreciação é um instrumento para negociar descontos no preço. Também não acredite nos elogios: eles podem ser meramente protocolares.
18. Converse o mínimo com o futuro comprador. Envolvimentos emocionais atrapalham o negócio. Ele não precisa saber, por exemplo, que você precisa desesperadamente vender o imóvel.
19. Além de se preocupar com a parte estrutural (parte elétrica, encanamento etc) veja se a documentação do imóvel está em ordem: IPTU, contas de telefone e energia ou se há alguma micro ou pequena empresa registrada naquele endereço. Resolver isso no ato da compra evita grandes dores de cabeça no futuro.
20. Na hora de acertar o preço, certifique-se do que estará embutido no valor apresentado ao cliente. Muita gente que vende acha que vai receber o preço cheio no ato da venda, sem levar em conta a parte do corretor. Deixe tudo bem claro para evitar discussões constrangedoras na frente do comprador. E elas são bem comuns, acredite.
