Morar
31/08/2007
por Rosana Faria de Freitas
1. Como identificar o cupim entre as 2.200 espécies existentes no mundo?
No Brasil vivem 290 espécies e, delas, só duas interessam de fato nas cidades: o cupim de solo ou subterrâneo e o de madeira seca. O primeiro constrói sua colônia no solo ou próximo dele, e dali se move até encontrar madeira para se alimentar. Em condições favoráveis, instala seus ninhos nos vãos estruturais dos imóveis. O segundo se fixa dentro da madeira seca, sejam móveis ou as estruturais.
2. Como funcionam as colônias?
Como abelhas e formigas, são comunidades socialmente organizadas em três castas: os alados ou reprodutores, os soldados e os operários, que cuidam do alimento e da manutenção. Toda colônia tem um casal real, formado pelos reprodutores fundadores. Na primavera e no outono, ocorrem as revoadas: os cupins saem voando, caem no solo, se livram das asas e, aos pares, procuram locais apropriados para o acasalamento e a implantação de novos cupinzeiros.
3. Do que se alimentam?
A alimentação pode ser bastante diversa, desde estruturas ricas em celulose (madeira, papel, tecidos, gesso e alvenaria) a restos vegetais em decomposição, solo com diferentes teores de matéria orgânica, fezes de animais herbívoros e até plantas herbáceas e gramíneas vivas.
4. Qual a diferença entre esses dois cupins?
O crescimento da colônia é muito mais rápido do que o similar de madeira seca. Os ninhos são volumosos e normalmente construídos no solo ou em locais ocultos e úmidos. Apesar do nome, basta o inseto estar em contato com a água para se desenvolver há casos de infestação nos andares mais altos de prédios. Uma de suas características é passar de um local a outro construindo galerias de comunicação (longos túneis) feitas com fezes e partículas de solo cimentadas com saliva. Dentro de casa, os locais mais atacados são rodapés, forros e armários embutidos, além de materiais como papel, papelão, livros e alguns tipos de tecido. Ainda que não se alimentem de concreto ou plástico, os cupins subterrâneos desgastam esses materiais para ter acesso à madeira. Costumam ainda usar conduítes, tomadas elétricas ou hidráulicas e vãos em pisos e paredes como caminhos naturais que facilitam a construção dos túneis.
5. E o cupim de madeira?
Também se alimenta de madeira ou material celulósico, mas suas colônias são menores, com ninhos instalados na própria madeira de que se alimentam. Periodicamente, suas fezes são eliminadas por orifícios feitos na madeira é o mais típico sinal de infestação. Deixa um rastro constituído de pequenas partículas arredondadas duras. Gostam de atacar batentes de portas e janelas, móveis e armários embutidos, rodapés e forros de madeira. Estantes com livros que não são movimentados podem ser alvo por isso, a necessidade de limpeza e o manuseio constantes.
6. Eles deixam rastros iguais?
A grosso modo, o subterrâneo deixa túneis impregnados com uma substância escura ou com a presença de terra e rastros em paredes, estruturas de madeira (batentes, rodapés) e perto das tomadas elétricas. Já o segundo não consegue viver fora da madeira e costuma deixar o famoso pozinho junto às peças atacadas.
7. O que faço para saber se o imóvel está atacado?
Normalmente só se descobre quando o prejuízo está estabelecido, mas é possível tentar se adiantar antes que o quadro se agrave, perseguindo suas marcas, como o tal pozinho, túneis de terra sobre superfícies, furos em estruturas (armários, batentes) e locais em que a madeira fica fofa, parecendo oca. O ideal é chamar uma empresa especializada para fazer um trabalho preventivo antes da construção, reforma, compra do imóvel ou da mudança. Importante: em apartamentos, se o cupim for do tipo subterrâneo, não adianta apenas tratar a unidade infestada; é preciso inspecionar todasas demais, pois, se conseguir sobreviver, ele vai buscar alimento em outros locais.
8. Como diferenciar cupim e broca de madeira?
Se for um pó fino, semelhante a talco ou serragem, trata-se de um ataque de broca de madeira, uma espécie de besouro que deposita ovos em peças e estruturas de madeira, bambu, cana-da-índia e outros similares. Quando existem grânulos secos e duros, parecidos com areia, é cupim de madeira seca. Em geral, a coloração das bolinhas é amarronzada, mas varia conforme a cor da madeira. O pó escuro (quase preto) indica atividade antiga e, nesse caso, o morador só vai encontrar os danos, e não os cupins.
9. Afinal, cupim come concreto?
Não, o concreto funciona como uma barreira para ele. O que acontece é que muitas vezes o concreto tem rachaduras, e o inseto aproveita a falta de resistência apropriada para abrir caminho. Ele também se infiltra facilmente por fissuras e aberturas, como as usadas para passagem de encanamento. É por isso que um dos primeiros locais atacados são os rodapés de madeira, assentados no contrapiso de concreto.
10. É verdade que eles podem derrubar casas?
Sim, se as fundações e a estrutura forem de madeiras susceptíveis e sem tratamento. No Brasil, como as estruturas são feitas com alvenaria ou concreto, a queda é difícil, mas não é incomum o desabamento de telhados cuja madeira de sustentação foi comprometida.
11. O combate da infestação pode ser caseiro, feito pelo próprio morador?
Se for um ataque de cupim subterrâneo, é imprescindível chamar uma empresa. O controle é complexo e envolve o uso de barreiras químicas ou iscas, que exigem conhecimento especializado e produtos de uso profissional. No primeiro caso, o inseticida líquido é introduzido sob assoalhos, lajes de concreto e perto da parede da fundação. No segundo, iscas ou armadilhas são colocadas ao redor da estrutura; o inseto entra em contato com o veneno e, ao voltar para a colônia, infesta toda a comunidade. A grande vantagem desse método é a eliminação de todo o cupinzeiro. O imóvel deve sofrer inspeções periódicas e substituição das iscas por no mínimo 12 meses.
12. E se for o cupim de madeira?
Neste caso, como o ninho está na peça infestada, o controle pode ser feito com uma injeção de inseticida diretamente na madeira. Existem produtos de venda livre, disponíveis nos supermercados. Se os cupins persistirem, procure um profissional.
13. Quais as precauções ao dedetizar a casa?
14. É verdade que os cupins possuem um importante papel ecológico?
Sim, especialmente na reciclagem de nutrientes das florestas, decompondo as folhas e árvores caídas no chão imagine o que aconteceria se essas árvores mortas não fossem decompostas. Além disso, os túneis feitos pelo cupim no solo, ao procurar alimento, distribuem a matéria orgânica em diferentes profundidades e mantêm a aeração e drenagem do solo, contribuindo para a fertilidade ou regeneração de áreas degradadas ou compactadas. Por fim, eles fazem parte da cadeia alimentar, servindo de alimento para muitos pássaros e mamíferos.
Ao contrário de insetos auto-suficientes como a barata,que pode se reproduzir, buscar alimento e se defender como indivíduo, os cupins são insetos sociais e dependem da vida em comunidade
Linha Mestra: Coisa de comuna
A classificação zoológica até que soa bem: inseto isóptero, que possui um par de asas iguais. Mas o nome popular, cupim, combina mais com o transtorno que bichinhos com hierarquia e espírito de grupo provocampor Rosana Faria de Freitas
Cupins em fase de revoada
1. Como identificar o cupim entre as 2.200 espécies existentes no mundo?
No Brasil vivem 290 espécies e, delas, só duas interessam de fato nas cidades: o cupim de solo ou subterrâneo e o de madeira seca. O primeiro constrói sua colônia no solo ou próximo dele, e dali se move até encontrar madeira para se alimentar. Em condições favoráveis, instala seus ninhos nos vãos estruturais dos imóveis. O segundo se fixa dentro da madeira seca, sejam móveis ou as estruturais.
2. Como funcionam as colônias?
Como abelhas e formigas, são comunidades socialmente organizadas em três castas: os alados ou reprodutores, os soldados e os operários, que cuidam do alimento e da manutenção. Toda colônia tem um casal real, formado pelos reprodutores fundadores. Na primavera e no outono, ocorrem as revoadas: os cupins saem voando, caem no solo, se livram das asas e, aos pares, procuram locais apropriados para o acasalamento e a implantação de novos cupinzeiros.
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Verifique sempre
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| Ninho em madeira | |
A alimentação pode ser bastante diversa, desde estruturas ricas em celulose (madeira, papel, tecidos, gesso e alvenaria) a restos vegetais em decomposição, solo com diferentes teores de matéria orgânica, fezes de animais herbívoros e até plantas herbáceas e gramíneas vivas.
4. Qual a diferença entre esses dois cupins?
O crescimento da colônia é muito mais rápido do que o similar de madeira seca. Os ninhos são volumosos e normalmente construídos no solo ou em locais ocultos e úmidos. Apesar do nome, basta o inseto estar em contato com a água para se desenvolver há casos de infestação nos andares mais altos de prédios. Uma de suas características é passar de um local a outro construindo galerias de comunicação (longos túneis) feitas com fezes e partículas de solo cimentadas com saliva. Dentro de casa, os locais mais atacados são rodapés, forros e armários embutidos, além de materiais como papel, papelão, livros e alguns tipos de tecido. Ainda que não se alimentem de concreto ou plástico, os cupins subterrâneos desgastam esses materiais para ter acesso à madeira. Costumam ainda usar conduítes, tomadas elétricas ou hidráulicas e vãos em pisos e paredes como caminhos naturais que facilitam a construção dos túneis.
Ao contratar dedetizadora
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Também se alimenta de madeira ou material celulósico, mas suas colônias são menores, com ninhos instalados na própria madeira de que se alimentam. Periodicamente, suas fezes são eliminadas por orifícios feitos na madeira é o mais típico sinal de infestação. Deixa um rastro constituído de pequenas partículas arredondadas duras. Gostam de atacar batentes de portas e janelas, móveis e armários embutidos, rodapés e forros de madeira. Estantes com livros que não são movimentados podem ser alvo por isso, a necessidade de limpeza e o manuseio constantes.
6. Eles deixam rastros iguais?
A grosso modo, o subterrâneo deixa túneis impregnados com uma substância escura ou com a presença de terra e rastros em paredes, estruturas de madeira (batentes, rodapés) e perto das tomadas elétricas. Já o segundo não consegue viver fora da madeira e costuma deixar o famoso pozinho junto às peças atacadas.
7. O que faço para saber se o imóvel está atacado?
Normalmente só se descobre quando o prejuízo está estabelecido, mas é possível tentar se adiantar antes que o quadro se agrave, perseguindo suas marcas, como o tal pozinho, túneis de terra sobre superfícies, furos em estruturas (armários, batentes) e locais em que a madeira fica fofa, parecendo oca. O ideal é chamar uma empresa especializada para fazer um trabalho preventivo antes da construção, reforma, compra do imóvel ou da mudança. Importante: em apartamentos, se o cupim for do tipo subterrâneo, não adianta apenas tratar a unidade infestada; é preciso inspecionar todasas demais, pois, se conseguir sobreviver, ele vai buscar alimento em outros locais.
8. Como diferenciar cupim e broca de madeira?
Se for um pó fino, semelhante a talco ou serragem, trata-se de um ataque de broca de madeira, uma espécie de besouro que deposita ovos em peças e estruturas de madeira, bambu, cana-da-índia e outros similares. Quando existem grânulos secos e duros, parecidos com areia, é cupim de madeira seca. Em geral, a coloração das bolinhas é amarronzada, mas varia conforme a cor da madeira. O pó escuro (quase preto) indica atividade antiga e, nesse caso, o morador só vai encontrar os danos, e não os cupins.
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| Túneis de cupins em madeira |
Não, o concreto funciona como uma barreira para ele. O que acontece é que muitas vezes o concreto tem rachaduras, e o inseto aproveita a falta de resistência apropriada para abrir caminho. Ele também se infiltra facilmente por fissuras e aberturas, como as usadas para passagem de encanamento. É por isso que um dos primeiros locais atacados são os rodapés de madeira, assentados no contrapiso de concreto.
10. É verdade que eles podem derrubar casas?
Sim, se as fundações e a estrutura forem de madeiras susceptíveis e sem tratamento. No Brasil, como as estruturas são feitas com alvenaria ou concreto, a queda é difícil, mas não é incomum o desabamento de telhados cuja madeira de sustentação foi comprometida.
11. O combate da infestação pode ser caseiro, feito pelo próprio morador?
Se for um ataque de cupim subterrâneo, é imprescindível chamar uma empresa. O controle é complexo e envolve o uso de barreiras químicas ou iscas, que exigem conhecimento especializado e produtos de uso profissional. No primeiro caso, o inseticida líquido é introduzido sob assoalhos, lajes de concreto e perto da parede da fundação. No segundo, iscas ou armadilhas são colocadas ao redor da estrutura; o inseto entra em contato com o veneno e, ao voltar para a colônia, infesta toda a comunidade. A grande vantagem desse método é a eliminação de todo o cupinzeiro. O imóvel deve sofrer inspeções periódicas e substituição das iscas por no mínimo 12 meses.
12. E se for o cupim de madeira?
Neste caso, como o ninho está na peça infestada, o controle pode ser feito com uma injeção de inseticida diretamente na madeira. Existem produtos de venda livre, disponíveis nos supermercados. Se os cupins persistirem, procure um profissional.
Dicas preventivas
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- Deixe as áreas que receberão o inseticida livres
- Desocupe o imóvel durante a aplicação e aguarde no mínimo três horas até voltar ao local
- Recém-nascidos, gestantes e indivíduos alérgicos ou com problemas respiratórios devem ficar longe pelo prazo de 24 horas. Idem para animais de qualquer espécie
- Quem acompanha a aplicação precisa usar equipamento de segurança apropriado, principalmente máscara
- Não se pode comer, beber ou fumar durante a aplicação e 30 minutos após. Depois do serviço, mãos e rosto têm que ser lavados com água corrente
- Ventile o ambiente para que o produto seque o mais rápido possível.
14. É verdade que os cupins possuem um importante papel ecológico?
Sim, especialmente na reciclagem de nutrientes das florestas, decompondo as folhas e árvores caídas no chão imagine o que aconteceria se essas árvores mortas não fossem decompostas. Além disso, os túneis feitos pelo cupim no solo, ao procurar alimento, distribuem a matéria orgânica em diferentes profundidades e mantêm a aeração e drenagem do solo, contribuindo para a fertilidade ou regeneração de áreas degradadas ou compactadas. Por fim, eles fazem parte da cadeia alimentar, servindo de alimento para muitos pássaros e mamíferos.
Ao contrário de insetos auto-suficientes como a barata,que pode se reproduzir, buscar alimento e se defender como indivíduo, os cupins são insetos sociais e dependem da vida em comunidade
consultoria:
Gabriel Ferrari, engenheiro agrônomo, Termitek Engenharia e Consultoria em Controle de Pragas Ltda. (tel.0/11/5581-8500); Sergio Luiz de Almeida, agrônomo, especialista em entomologia urbana e consultor do site Pragas Online (www.pragas.com.br, tel. 0/11/ 5565-4417).
