Conheça histórias de nikkeis e dekasséguis do Brasil

Nestes cem anos de imigração japonesa, os nikkeis (japoneses que vivem regularmente no exterior ou descendentes nascidos no exterior) do Brasil e os que foram trabalhar no Japão --os chamados dekasséguis-- reuniram muitas histórias. Neste espaço estão algumas delas. Se quiser contribuir com a história de um familiar, amigo ou a sua, envie um breve relato e uma foto para o endereço imigracao100@folha.com.br.

Alice Hanashiro Em 1930, aos seis anos, a mãe de Alice deixa a cidade de Kushiro, na província de Hokkaido, no Japão, rumo ao Brasil. Na longa viagem, um irmão --ainda bebê-- morre, e a mãe --avó de Alice-- tem febre amarela, mas sobrevive. Eles desembarcam no porto de Santos (SP) e são enviados para Registro (SP), onde trabalham carregando madeira para fornos de carvão. Em 2001, Alice deixa os quatro filhos no Brasil e muda para Hamamatsu. Ela trabalha em uma escola para brasileiros. Tem 49 anos.

Masamichi Yamamoto Em 1934, Yamamoto, a mulher, os nove filhos --quatro homens e cinco mulheres--, um tio e um sobrinho vêm para o Brasil de navio. Depois de 43 dias de viagem, eles desembarcam em Santos (SP), de onde vão para Pereira Barreto (SP). Lá, a família constrói uma casa em uma fazenda e inicia uma pequena produção agrícola que, depois, evolui para o cultivo de algodão, arroz, café, milho, uva e maracujá, entre outro produtos. No Brasil, os Yamamoto têm mais dois filhos. Yamamoto morre em 1994, aos 106 anos de idade.

Nobuko Mizuka Nascida em 1923, em Kyoto, Mizuka deixou o Japão com menos de um ano de vida, ao lado dos pais e dos dois irmãos, em busca de uma vida melhor. Eles trabalharam em lavouras de café no noroeste do Estado e, anos depois, se estabeleceram em Guararapes (SP). Durante a 2ª Guerra, com a proibição de aglomerações de japoneses, Mizuka se casou na presença de apenas seis pessoas --pais e padrinhos. Mãe de seis filhos, Mizuka ficou viúva em 1993, depois de comemorar bodas de ouro. Ela tem 84 anos.

Robert Kage Uehara Os avós de Uehara deixaram o Japão na década de 40 para trabalhar em plantações de café e hortaliças, na cidade de Duartina (SP). Nos anos 80, o casal e os filhos se mudaram para a cidade vizinha de Bauru (SP), onde abriram uma mercearia. Um dos filhos, pai de Uehara, se torna funcionário de carreira em um banco, e chega a gerente regional. Com o Plano Collor, ele perde tudo e se muda com a mulher para o Japão, deixando os três filhos no Brasil. Em outubro de 1994, Uehara segue os passos dos pais e vai morar na cidade de Kosai, na província de Shizuoka, no Japão. Tem 32 anos.