I
- Apresentação
Bienal alia números grandes,
debates e nomes consagrados
da
Folha Online
da Folha de S. Paulo
É só
começar mais uma edição da Bienal Internacional
do Livro de São Paulo e lá vem o desfile de números.
Serão X mil lançamentos, Y mil metros quadrados, Z
mil expositores.
Pois
bem. Começa na sexta-feira, dia 28, às 10h, a 16ª
Bienal do Livro de São Paulo, e aí vão as estimativas
dos números deste ano: 1.300 lançamentos de livros,
nos estandes de 800 expositores, espalhados em 43 mil metros quadrados
do Expo Center Norte. Os investimentos, de R$ 15 milhões,
no total.
Os
algarismos são dilatados, mas não impressionam quando
confrontados com os da Mostra do Redescobrimento, exposição
de R$ 40 milhões, com cerca de 15 mil obras de arte, recém-inaugurada
no parque Ibirapuera.
Idéias
Mas
não é de números que trata uma Bienal do Livro,
mas sim de letras. E como uma tradicional Bienal do Livro, a deste
ano vem recheada das mais diversas combinações de
alfabetos. São livros de preços, qualidades, credos,
tamanhos... dos mais variáveis.
E
eles não estão sozinhos. Já há tempos,
Bienal também é sinônimo de eventos. E aqui
voltam os números: são mais de 750 tardes de autógrafos,
palestras, debates...
Palestras,
claro, não são feitas sem palestrantes. E eles vêm
às pencas. Dos mais diversos locais.
De
Portugal, chega uma esquadra com 16 autores. Dos EUA, aterrissa
Richard "Capelo Gaivota" Bach. Magnus Mills, ex-motorista
de ônibus alçado a astro literário, chega da
Inglaterra. O sociólogo de massas Domenico de Masi vem da
Itália. Do Canadá, o romancista Alberto Manguel.
E
antes que a lista se encerre, é bom dizer que haverá
um Prêmio Nobel por aqui. Desta vez não será
Saramago. É o bispo timorense Ximenes Belo, Nobel da Paz
de 96.
Da
terra dos 500 anos, claro, também foram escalados medalhões.
Carlos Heitor Cony e João Ubaldo Ribeiro, Lygia Fagundes
Telles e Ruth Rocha, Ferreira Gullar e Manoel de Barros.
Notáveis
É
uma Bienal de presenças notáveis, mas também
de ausências do mesmo nível. Vem Ximenes Belo, mas
não Nelson Mandela e Günter Grass, os dois outros ganhadores
do Nobel pré-anunciados pela Câmara Brasileira do Livro
(CBL), entidade que organiza o evento.
Também
desfalca a Bienal o português António Lobo Antunes,
um dos maiores escritores da atualidade, cujo nome aparecia na programação
do Salão de Idéias, série de eventos promovidos
pela CBL.
É
neles, aliás, que a entidade amontoa suas fichas. Raul Wassermann,
presidente da CBL, diz que o grande trunfo da Bienal 2000 são
as discussões culturais relacionadas aos 500 anos. Também
ressalta o papel de "popularizar o livro".
"Tentamos
sempre diminuir uma certa aura do livro e das livrarias como "templos
de saber". Queremos mostrar a diversidade do mercado livreiro",
diz.
Internet
O
domínio do mercado pelas megalivrarias e a crescente comercialização
de livros via Internet preocupam a CBL? O tema não consta
da programação de discussões da Bienal.
"O
debate sobre o papel dos novos meios vai acontecer naturalmente,
nas conversas de corredor. É a vez da Internet. Mas não
acho que ela atrapalhe, pelo contrário. A rede tirou público
da TV e trouxe de novo o hábito de escrever, com a troca
de e-mails", sustenta Wassermann.
O
futuro, parece, os corredores é que dirão.
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