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Há romances para todos os paladares
na Bienal deste ano. Quem procura a mais alta literatura encontrará
pelo menos dois títulos indispensáveis: "Extinção",
de Thomas Bernhard (Cia. das Letras), e o segundo volume da tradução
do "Finnegans Wake/Finnicius Revém" (Ateliê),
de James Joyce, empreendida pelo professor Donaldo Schuler.
"Extinção"
é o último e um dos mais ambiciosos romances do austríaco
Bernhard, um dos grandes escritores da segunda metade do século.
Narrado numa prosa obsessiva em que a lucidez extrema faz fronteira
com a alucinação, o livro coloca em cena um intelectual
austríaco em conflito com sua herança (em mais de
um sentido) familiar e nacional.
"Finnicius
Revém" dá prosseguimento à corajosa e
hercúlea tarefa de traduzir o intraduzível "Finnegans
Wake", uma das obras mais complexas da literatura mundial,
por sua permanente invenção linguística e sintática.
De acordo com os especialistas, Donaldo Schuler está vencendo
esplendidamente o desafio.
Clube
da Luta
Para
o leitor mais atraído pela violência urbana e seus
arredores, há desde "O Clube da Luta" (Nova Alexandria),
romance de Chuck Palahniuk que deu origem ao filme homônimo,
até o policial "Dália Negra" (Record), de
James Ellroy, autor de "Los Angeles - Cidade Proibida".
Ainda
no departamento dos romances policiais que alimentaram o cinema,
há o semiclássico "A Marca da Maldade" (Record),
de Whit Masterson (pseudônimo da dupla Robert Wade e Bill
Miller), do qual Orson Welles extraiu um de seus maiores filmes.
Entre
os brasileiros, uma curiosidade é a estréia na ficção
de dois jornalistas, João Gabriel de Lima e Paulo Roberto
Pires. O primeiro publica "O Burlador de Sevilha" (Companhia
das Letras), história de amor contemporânea que brinca
com o mito de "Don Juan". Pires, por sua vez, conta em
"Do Amor Ausente" (Rocco) uma história de desamor:
um jovem editor, depois de ser abandonado pela mulher, dedica-se
a destruir todos os seus laços afetivos.
Há
ainda "Aspades, ETs etc." (Record), de Fernando Monteiro,
de estrutura ambiciosa, que dialoga com o cinema e com a tradição
do romance psicológico. Digno de nota também é
o lançamento de "A Geração da Utopia"
(Nova Fronteira), do angolano Pepetela, recriação
da trajetória dos jovens que, depois de estudar em Lisboa,
fizeram a guerra de libertação de Angola.
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