No balaio dos lançamentos sobre os
500 anos do Descobrimento tem até auto-ajuda. "Dando
um Jeito no Jeitinho: Como Ser Ético Sem Deixar de Ser Brasileiro",
de Lourenço Stelio Rega (editora Mundo Cristão), ensina
como sobreviver sendo "cristão e honesto" no país
em que "só não existe jeito para a morte".
O
melhor título da área é, de longe, "Brasil:
Mito Fundador e Sociedade Autoritária" (Fundação
Perseu Abramo), da filósofa Marilena Chaui, que radiografa
males brasileiros, como o "apartheid" social, surgido,
segundo a autora, já em sua "invenção
histórica".
O
livro é o primeiro volume da coleção "História
do Povo Brasileiro", que terá obras de Fernando Novais,
Walnice Nogueira Galvão e Jacob Gorender, entre outros.
Dentro
dos mesmos princípios, a Vozes vem com "Depois de 500
Anos Que Brasil Queremos?", Leonardo Boff, e "BR 500 Um
Guia para a Redescoberta do Brasil", do deputado estadual Chico
Alencar (PT-RJ).
"As
Festas no Brasil Colonial" (editora 34), do crítico
musical José Ramos Tinhorão, também tem um
viés acusador (sem desmerecer o belo trabalho de pesquisa):
analisa o modelo autoritário com que as festas eram impostas
a negros e índios, controlados em seus folguedos.
Outros
trabalhos
Menos
engajados são os lançamentos da Companhia das Letras,
"1580-1600 - O Sonho da Salvação", de Jacqueline
Hermann, e "Através do Brasil", de Olavo Bilac
e Manoel Bonfim.
Outro
título que defende uma visão "diferente"
dos fatos é "A História do Brasil São
Outros 500" (Record), de Cláudio Vieira. O livro relata
matanças de índios, a falta de higiene de nossos colonizadores
e até inconfidências sobre a vida amorosa de Joaquim
José da Silva Xavier, o Tiradentes.
"O
Português que nos Pariu" (Relume-Dumará), de Ângela
Dutra de Menezes segue fórmula semelhante, ironizando os
portugueses que estavam no poder quando o Brasil foi descoberto.
Há
ainda títulos cujos autores parecem ter embarcado em uma
viagem -e não a de Cabral. É o caso de "Domingos
Vera Cruz" (editora Altana), de Glauco Ortolano, ficção
a partir de um tripulante da frota de Cabral, espécie de
Forrest Gump tupiniquim misturado a Matusalém, que percorre
os principais acontecimentos do Brasil nos 500 anos.
Desfalques
Dois
dos títulos mais esperados (programados pela Objetiva) ficaram
de fora da Bienal.
"A
Carta de Caminha", versão de Luis Fernando Verissimo
para nosso primeiro documento, foi cancelada porque o escritor não
terminou os originais a tempo. Tanto editora quanto autor não
queriam lançar a obra fora da data -uma pena, porque a rigor
os 500 anos duram todo o ano 2000.
Já
o livro sobre a fundação de Salvador, quarto da coleção
"Terra Brasilis", do best seller Eduardo Bueno, foi adiado.
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