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ADRIANA
RESENDE
repórter da Folha Online
Fanny
Abramovich, autora de "Pacto de Sangue", é educadora
e crítica de produção cultural infantil. Já
escreveu mais de 40 livros infanto-juvenis, segundo informações
contidas neste seu lançamento mais recente.
Em 1998, depois de dez anos escrevendo para crianças, comemorou
a marca de um milhão de exemplares vendidos, de seus 33 escritos
até a ocasião. "De Surpresa em Surpresa",
escrito um ano antes, foi recomendado pelo MEC (Ministério
da Educação).
Com essas 'credenciais' da autora, é de se esperar que "Pacto
de Sangue" - oitavo volume da série Vaga-Lume Júnior,
editado pela Ática - seja excelente, muito educativo. Mas
nem tudo é perfeito no livro.
A história, como já é tradição
da série Vaga-Lume, é envolvente, cheia de mistério,
o que torna a leitura agradável e prende a atenção
da criança. Os personagens centrais - Lola, Pablo e Diego
- têm a mesma faixa etária e as mesmas ansiedades e
características das crianças que podem formar o público-alvo,
o que facilita a identificação. O livro tem ilustrações
e títulos coloridos e letras grandes, outro ponto de atração.
Só um detalhe causa estranheza durante a leitura. Além
dos neologismos, naturais na linguagem da criança ("acontecência",
em lugar de acontecimento, é um dos mais frequentes no texto),
a autora utiliza como recurso de ênfase as palavras correlatas
ou próximas em significado e sonoridade.
Não é defeito grave, nem torna a leitura desinteressante.
Mas parece "forçar a barra" para parecer natural
à linguagem infanto-juvenil. Se Fanny Abramovich quis dar
sonoridade à fala dos personagens, por meio de repetições,
já que não pode "atropelar" palavras, como
o fazem meninos e meninas, para não prejudicar o entendimento,
atinge o objetivo.
Mas se quis ser totalmente fiel ao modo de uma criança se
expressar, tenho minhas dúvidas. É costume das crianças
jogar com as palavras, inventar termos novos para se mostrarem inteligentes,
porém o recurso pode ter um resultado ambíguo. Elas
podem, ao ler o livro, tanto ter uma reação favorável
a expressões como "briga briguenta", "dureza
doída" e "certeza certeira", como também
considerarem ridícula a linguagem repetitiva, e aí,
deixar de lado uma história que pode ser divertida, que até
ensina como lidar com assuntos de "gente grande".
Livro:
Pacto de Sangue
Autora: Fanny Abramovich
Ilustrações: Alcy Linares
Editora: Ática
Série: Vaga-Lume Júnior
Quanto: R$ 10,90 (96 págs.)
Avaliação: Bom
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