A
Odisséia de Homero em linguagem para crianças. Sim,
isto é possível. É o que prova o lançamento
de Odisséia (Cia. das Letras, 144 págs.),
da escritora Ruth Rocha.
A
epopéia infantil, segundo Ruth Rocha, considerada
uma das maiores escritoras infantis brasileiras, não traz
novidades: mantive toda a estrutura e o esqueleto do original,
disse.
O
lançamento oficial está marcado para o dia 25 de abril,
às 19h, na livraria Cultura da avenida Paulista (SP). As
ilustrações, parte importante da obra, são
de Eduardo Rocha, marido da escritora. Mostramos a cultura
grega da época, com todos os seus elementos, destacando a
cerâmica branca, afirmou Ruth.
Para
a autora, mesmo escrevendo para crianças de 9 a 11 anos,
ela não se sente responsável pela formação
dos pequenos e futuros amantes dos livros. Nenhum
escritor pensa assim, disse Ruth. Mas ela considera muito
importante que as pessoas tenham contato com as obras clássicas.
Todos devem tomar conhecimento para a formação
da cultura geral.
Grupo
Segundo
a escritora infantil, tudo o que está sendo publicado para
crianças no Brasil ainda tem referências ao grupo que
ela faz parte e que se destacou há 30 anos. O grupo
da ditadura, brinca a autora do clássico da literatura
infantil Marcelo, Marmelo, Martelo.
De
acordo com ela, a única coisa que mudou nesse tempo foi a
venda dos livros. O mercado cresceu enormemente nesse tempo.
A escritora, porém, aposta em mudanças editoriais
nos próximos anos. Acho que vai aparecer algo realmente.
A
escritora conversou com a reportagem da Folha Online, falou sobre
Odisséia e sobre a literatura brasileira. Veja
os principais trechos da entrevista:
Folha
Online - Como foi traduzir para uma linguagem acessível para
crianças a odisséia de Homero?
Ruth
Rocha -
Na verdade, fiz uma adaptação da odisséia de
Homero preservando todos os seus capítulos. Mantive a estrutura
e o esqueleto. Como é difícil ler o original, deixei
todos os elementos para que as pessoas tomem conhecimento da obra,
o que considero muito importante para a formação da
cultura geral. A ilustração, feita pelo meu marido
(Eduardo Rocha), é bem adequada, mostrando a arte grega da
época, com destaque para a cerâmica branca.
Folha
Online - Mas dessa forma a senhora vai atingir todas as gerações?
Ruth
-
Realmente. Escrevi o livro pensando em crianças de 9, 10
e 11 anos, mas muitos adultos estão dizendo que estão
lendo o livro, achando-o engraçado e muito interessante.
Essa é uma coisa muito bacana e que eu não esperava.
Folha
Online - Quanto tempo durou todo o trabalho de publicação
de Odisséia?
Ruth
-
Foi uma pesquisa longa e, no total, levei quatro anos para concluir
a Odisséia. Mas não quer dizer que fiquei
quatro anos escrevendo o livro. É que tive alguns incidentes
durante esse tempo, também me dediquei a outras obras, mas,
na verdade, foi um livro bastante trabalhoso. Porém, foi
agradável e um dos que eu mais gostei em toda a minha carreira.
Folha
Online - A senhora escreve para crianças que estão
começando a tomar gosto pela leitura, fundamental para o
desenvolvimento. Como é lidar com essa responsabilidade?
Ruth
- Acho
que o escritor não tem esse negócio de se sentir responsável.
Ele faz o que gosta e publica o que quer. Isso é certo. Depois
é claro que eu vejo o que aconteceu com uma obra minha. Mas
não fico pensando nisso e, na verdade, escrevemos como se
não tivéssemos leitores. É uma oposição
porque todo mundo quer ser lido (risos). O que me assusta é
perceber que já vendi 10 milhões de livros, atingindo
50 milhões de pessoas na minha carreira. Isso sim me faz
pensar.
Folha
Online - Como a senhora define a atual fase do mercado infantil
brasileiro e quais as suas tendências?
Ruth
-
O mercado infantil cresceu enormemente nos últimos 30 anos,
com a entrada geração da qual faço parte, a
Geração da Ditadura. Essa nova turma da
literatura continua sendo seguida até hoje. João Carlos
Marinho, Ana Maria Machado... não gosto de citar nomes porque
sempre esqueço vários. O importante é o grupo
todo. O interessante é que isso é uma coisa natural.
Só depois percebermos que havia um grupo que desenvolvia
propostas parecidas. Continuamos em evidência. São
os pais que nos liam e que agora passam os livros para os filhos.
Na minha opinião, nos próximos anos deve aparecer
algo realmente novo para mudar o mercado editorial.
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