I - Apresentação
Ruth Rocha lança em SP a odisséia
de Homero para crianças
  ANDRÉ TARCHIANI SAVAZONI
repórter da Folha Online
 
 

A Odisséia de Homero em linguagem para crianças. Sim, isto é possível. É o que prova o lançamento de “Odisséia” (Cia. das Letras, 144 págs.), da escritora Ruth Rocha.

A “epopéia” infantil, segundo Ruth Rocha, considerada uma das maiores escritoras infantis brasileiras, não traz novidades: “mantive toda a estrutura e o esqueleto do original”, disse.

O lançamento oficial está marcado para o dia 25 de abril, às 19h, na livraria Cultura da avenida Paulista (SP). As ilustrações, parte importante da obra, são de Eduardo Rocha, marido da escritora. “Mostramos a cultura grega da época, com todos os seus elementos, destacando a cerâmica branca”, afirmou Ruth.

Para a autora, mesmo escrevendo para crianças de 9 a 11 anos, ela não se sente responsável pela formação dos “pequenos e futuros amantes dos livros”. “Nenhum escritor pensa assim”, disse Ruth. Mas ela considera muito importante que as pessoas tenham contato com as obras clássicas. “Todos devem tomar conhecimento para a formação da cultura geral.”

Grupo

Segundo a escritora infantil, tudo o que está sendo publicado para crianças no Brasil ainda tem referências ao grupo que ela faz parte e que se destacou há 30 anos. “O grupo da ditadura”, brinca a autora do clássico da literatura infantil “Marcelo, Marmelo, Martelo”.

De acordo com ela, a única coisa que mudou nesse tempo foi a venda dos livros. “O mercado cresceu enormemente nesse tempo.” A escritora, porém, aposta em mudanças editoriais nos próximos anos. “Acho que vai aparecer algo realmente.”

A escritora conversou com a reportagem da Folha Online, falou sobre “Odisséia” e sobre a literatura brasileira. Veja os principais trechos da entrevista:

Folha Online - Como foi traduzir para uma linguagem acessível para crianças a odisséia de Homero?

Ruth Rocha - Na verdade, fiz uma adaptação da odisséia de Homero preservando todos os seus capítulos. Mantive a estrutura e o esqueleto. Como é difícil ler o original, deixei todos os elementos para que as pessoas tomem conhecimento da obra, o que considero muito importante para a formação da cultura geral. A ilustração, feita pelo meu marido (Eduardo Rocha), é bem adequada, mostrando a arte grega da época, com destaque para a cerâmica branca.

Folha Online - Mas dessa forma a senhora vai atingir todas as gerações?

Ruth - Realmente. Escrevi o livro pensando em crianças de 9, 10 e 11 anos, mas muitos adultos estão dizendo que estão lendo o livro, achando-o engraçado e muito interessante. Essa é uma coisa muito bacana e que eu não esperava.

Folha Online - Quanto tempo durou todo o trabalho de publicação de “Odisséia”?

Ruth - Foi uma pesquisa longa e, no total, levei quatro anos para concluir a “Odisséia”. Mas não quer dizer que fiquei quatro anos escrevendo o livro. É que tive alguns incidentes durante esse tempo, também me dediquei a outras obras, mas, na verdade, foi um livro bastante trabalhoso. Porém, foi agradável e um dos que eu mais gostei em toda a minha carreira.

Folha Online - A senhora escreve para crianças que estão começando a tomar gosto pela leitura, fundamental para o desenvolvimento. Como é lidar com essa responsabilidade?

Ruth - Acho que o escritor não tem esse negócio de se sentir responsável. Ele faz o que gosta e publica o que quer. Isso é certo. Depois é claro que eu vejo o que aconteceu com uma obra minha. Mas não fico pensando nisso e, na verdade, escrevemos como se não tivéssemos leitores. É uma oposição porque todo mundo quer ser lido (risos). O que me assusta é perceber que já vendi 10 milhões de livros, atingindo 50 milhões de pessoas na minha carreira. Isso sim me faz pensar.

Folha Online - Como a senhora define a atual fase do mercado infantil brasileiro e quais as suas tendências?

Ruth - O mercado infantil cresceu enormemente nos últimos 30 anos, com a entrada geração da qual faço parte, a “Geração da Ditadura”. Essa nova turma da literatura continua sendo seguida até hoje. João Carlos Marinho, Ana Maria Machado... não gosto de citar nomes porque sempre esqueço vários. O importante é o grupo todo. O interessante é que isso é uma coisa natural. Só depois percebermos que havia um grupo que desenvolvia propostas parecidas. Continuamos em evidência. São os pais que nos liam e que agora passam os livros para os filhos. Na minha opinião, nos próximos anos deve aparecer algo realmente novo para mudar o mercado editorial.

Clique aqui para subir   



 
  Salão de Idéias repete fórmula e lembra "Café Literário"

Artistas famosos invadem a Bienal do Livro

Contos terão o maior lançamento literário em São Paulo

Bienal 2000 traz romances para todos os gostos

Livros para crianças vão de Ulisses ao novo espião Harry Porter

João Cabral será lido, discutido e ouvido na Bienal

Tema "500 Anos" tem até livro de auto-ajuda

Milton Santos e Hobsbawn discutem a globalização em ensaios

Estande das universitárias terá 36 editoras e será o 2º maior da Bienal

Investimento na Bienal atinge R$ 15 milhões

 
  Bienal acentua contraste da indústria editorial e tenta reverter situação

Vendas de março impulsionam o mercado editorial

 


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.